Com 81 m², a suíte presidencial do hotel
Beverly Hills em Durban (África do Sul) estava de portas abertas para a
presidente Dilma Rousseff na reunião dos Brics em março.
De tamanho equivalente a duas
residências do principal programa habitacional do governo, o Minha Casa,
Minha Vida, a suíte foi considerada pequena demais pelos diplomatas do
Itamaraty.
Diante das “reduzidas dimensões”
da suíte com varanda “igualmente bastante acanhada”, que seria paga
pelo governo sul-africano, a comitiva optou pelo Hilton.
Mesmo com ajuda financeira dos anfitriões que bancaram parte das diárias de 5 dos 74 quartos reservados, US$
94,1 mil saíram dos cofres públicos para custear a hospedagem, segundo
revelam documentos do Itamaraty que, por determinação do governo
federal, passarão a ser mantidos sob sigilo até o fim do mandato de
Dilma.
A Folha teve acesso a
correspondências que tratam de viagens internacionais de Dilma trocadas
entre a diplomacia brasileira de Brasília e das embaixadas de países
visitados pela presidente até abril.
Reclassificados como “reservados”, os
papéis mostram pedidos de reserva de hospedagem, veículos e
equipamentos, detalham gastos da comitiva e trazem até roteiros
turísticos em paradas técnicas previstas para descanso da equipe e
reabastecimento do avião presidencial.
EXIGÊNCIAS
Os documentos revelam que a
lista de exigências do Itamaraty às embaixadas é sempre grande: cerca de
17 veículos, incluindo um blindado para Dilma, furgão sem banco para
equipamentos e caminhão-baú para a bagagem; uma média de 55 quartos em
hotéis; material de escritório, além de telefone e internet para as
cerca de 80 pessoas da comitiva oficial.
(…)
Às vezes, as exigências são feitas até mesmo para as paradas técnicas, quando Dilma aproveita para passear.
Na volta de Moscou, em dezembro de 2012,
Dilma, a filha e quatro ministros pararam em Marrakech, no Marrocos. O
relatório da diplomacia mostra que a presidente foi à medina, andou pela
praça principal e foi reconhecida por brasileiros, antes de ir ao hotel
de propriedade da monarquia local para o tradicional chá de
boas-vindas.
A parada técnica em Atenas, onde
visitou museu e o Parthenon antes de ir à China (abril de 2011), custou
US$ 121,3 mil só em hospedagem e diárias de servidores.
No caminho para a Índia (março de 2012), a presidente parou em Granada (Espanha), onde também fez turismo. Para o jantar de trabalho de presidente e comitiva, a embaixada pediu € 4.000.
A lista de gastos das viagens
presidenciais no exterior inclui US$ 3.009 com serviço de bordo na volta
do velório de Hugo Chávez, em Caracas, e € 9.457 para instalação de
linhas telefônicas na suíte presidencial e no quarto da ajudante de
ordens em Paris, em dezembro.
Há ainda pedido de US$ 1.970 para pagar
gastos com fotocópias em Cannes, durante encontro do G20 em 2011, e de €
1.920 para o serviço de café e água no escritório de apoio do escalão
avançado na visita a Cádiz, na Espanha.
A viagem deste ano à Itália para a
inauguração do papado de Francisco, quando a presidente preferiu um
hotel a ficar na embaixada e gerou polêmica, teve alguns gastos não
divulgados pela Presidência anteriormente.
Foram pagos € 64,6 mil euros só com
aluguel de veículos -€ 11 mil para o Audi blindado com motorista que
conduziu Dilma por quatro dias. A empresa contratada anuncia que oferece
uma “experiência de luxo em Roma”.
(grifos nossos)
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