Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

-

CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Poço sem fundo


Por Bernardo Mello Franco - Folha de São Paulo
A nova maré de más notícias para a Petrobras mostra que o inferno da estatal ainda está muito longe do fim. Mais do que isso, deixa claro que a estratégia do governo para enfrentar a crise fracassou. Se não houver mudança rápida, a catástrofe ficará ainda maior.
As ações da companhia despencaram ontem mais 11%, o que fez seu valor de mercado cair R$ 13,9 bilhões em um dia. É uma montanha quase incalculável de dinheiro. Para efeito de comparação, o gasto com os 12 estádios da Copa estourou todos os orçamentos e ficou em R$ 8,3 bilhões.
O novo tombo foi provocado pela recusa da direção da Petrobras em contabilizar os prejuízos com a corrupção. A estatal retardou a divulgação do último balanço em mais de dois meses. Quando finalmente soltou os números, omitiu o essencial.
Os investidores, que não são bobos, reagiram com uma fuga em massa dos papéis da companhia. Os empresários sondados para integrar seu conselho de administração devem fazer o mesmo, agravando o isolamento da presidente Graça Foster.

No mesmo dia, a defesa do doleiro Alberto Youssef afirmou à Justiça que a engrenagem da corrupção na estatal foi montada para financiar o projeto de poder do PT e de seus aliados no Congresso.

Youssef é um réu confesso em busca de redução de pena, mas suas revelações têm ajudado a Polícia Federal a fechar os elos do esquema. O medo que reina no meio político sugere que ele merece ser ouvido.

A presidente Dilma Rousseff insiste em culpar "inimigos externos" pela petrocorrupção. A estatal segue a receita ao ignorar os apelos por transparência e esconder o tamanho do rombo. Somadas, as duas atitudes vão empurrando a maior empresa brasileira para um poço sem fundo.
*Citada na Lava Jato, a ex-governadora maranhense Roseana Sarney foi vista há poucos dias em Miami. Estava fazendo compras.



fonte averdadesufocada

CNV enfrentará primeira ação por danos morais



 Filhos de um militar listado pela CNV como violador de direitos humanos pedem indenização financeira e a exclusão do nome do pai do relatório final apresentado em dezembro de 2014
Por Mariana Sanches - O Globo -
  SÃO PAULO - Foi ajuizada nessa semana a primeira ação por danos morais contra a Comissão Nacional da Verdade, na Justiça Federal de Porto Alegre. Os cinco filhos de Floriano Aguilar Chagas, ex-adido do Exército na Embaixada do Brasil em Buenos Aires de 1973 a 1975, pedem que o nome do pai seja excluído da lista de responsáveis por violações ao direitos humanos publicada pela CNV em dezembro passado, questionam a recomendação feita pelo órgão de revisão da Lei da Anistia e pedem reparação financeira a todos os filhos do General, já que Chagas morreu em 2012.
De acordo com a investigação da CNV, Chagas teria feito parte da Operação Condor, que interligou as forças repressivas das ditaduras militares do Cone Sul. Segundo o relatório, ele "mantinha contato frequente com agentes argentinos e chilenos da área de informações" e "teve participação no sequestro de Joaquim Pires Cerveira e João Batista Rita, ocorrido em Buenos Aires em 5 de dezembro de 1973".
No processo, a família argumenta que não há provas suficientes que desabonem a conduta profissional do pai. O processo menciona os 18 do Forte de Copacabana, a Intentona Comunista e a Revolução Constitucionalista de São Paulo para comparar o heroísmo de Chagas ao dos protagonistas dessas passagens históricas. Quanto à revisão da anistia, o advogado da família sentencia: “Não se Deve Mexer com Tigres Adormecidos”.
Procurado pelo GLOBO, o advogado Amadeu Weinmann, responsável pela ação, afirmou que o relatório promove “injúria e calúnia” contra o General Chagas. Disse que ao se relacionar com agentes argentinos e chilenos, Chagas estava cumprindo com a sua função de adido militar, de integrar a região. E afirmou que a família não pretende receber somas vultosas porque não quer se igualar àqueles que “recebem milhões por mês porque participaram da ‘contra-revolução’”, em referência aos militantes de esquerda que combateram a ditadura e hoje recebem indenização.
José Carlos Dias, membro da CNV, disse que ainda não foi notificado da ação, mas, falando em tese, afirmou:
— É natural que as pessoas esperneiem, que queriam ser excluídas da lista. Mas tudo o que nós fizemos foi estritamente baseado em fatos, portanto, a ação não tem o menor cabimento.

Observação do site www.averdadesufocada.com : A Comissão da Verdade nas suas acusações e principalmente em suas ações cíveis contra agentes do Estado se apresenta como testemunhas militantes da luta armada, alguns assassinos confessos, terroristas, sequestradores ou parentes dos militantes que são os interessados destas ações . Juntam-se e acusam pessoas que, como no caso acima, do general Floriano Aguillar Chagas, que por exercer a função de Adido Militar , na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, função que exercia na na data do alegado sequestro de Joaquim Pires Cerveira.
Como este, são vários os agentes que constam na lista de torturadores, baseados em depoimentos de membros de organizações subversivo terroristas que militaram na luta armada ou de parentes dos mesmos e até de pessoas envolvidas até os dias de hoje com o mesmo desejo de tomada do poder para implantação de uma republica marxista-leninista,
Ainda referindo-me ao mesmo caso Joaquim Cerveira, que seguindo a Comissão da Verdade teria sido sequestrado em dezembro de 1973 e sido levado para o Rio de Janeiro e posterirmente para São Paulo,  a filha do senhor Cerveira disse em depoimento que um militante teria visto o coronel Ustra em janeiro de 1974, em uma ambulância com seu pai , em condições físicas deploráveis entrando no DOI.

E nada impede que possa piorar

Luiz Carlos Azedo - Nas entrelinhas - Correio Braziliense -
• Dilma Rousseff age em relação à Petrobras como se os interesses do governo e do partido dela estivessem acima dos interesses dos cidadãos brasileiros, os verdadeiros donos da empresaAs ações da Petrobras fecharam em queda ontem, com perda de 11,21% das ações preferenciais, cotadas a R$ 9,03; e de 10,48% das ordinárias, a R$ 8,63. Durante o pregão da Bovespa, chegaram a perder quase 12%. Foi a maior queda desde outubro de 2014, em valores nominais — uma desvalorização da ordem de R$ 13,9 bilhões da empresa num único dia.
Na tarde de terça-feira, em reunião ministerial, a presidente Dilma Rousseff tratou os problemas da empresa como se a crise estivesse controlada, pelo simples fato de que depende apenas de sua caneta a manutenção ou não da atual diretoria da Petrobras, que vive a correr atrás dos fatos negativos. Na madrugada de ontem — ou seja, na calada —, a diretoria da estatal divulgou o balanço trimestral do ano passado sem considerar o rombo causado pelo esquema de corrupção flagrado pela Operação Lava- Jato, da Polícia Federal.


A Petrobras é uma empresa pública, o governo é o acionista majoritário, mas deve seguir as regras do jogo das sociedades anônimas. Na Bolsa, tem papéis ordinários e preferenciais. As ações ordinárias dão ao acionista poder de voto em assembleias, enquanto as preferenciais dão prioridade na distribuição de dividendos, porém sem direito a voto. Os investidores estão de olho no balanço, que determina o preço das ações, e podem recorrer à Justiça caso sintam-se lesados. É o que ocorre nos Estados Unidos e que pode resultar em multas pesadíssimas.

ChantagensDilma Rousseff age em relação à Petrobras como se os interesses do governo e do partido dela estivessem acima dos interesses dos cidadãos brasileiros, os verdadeiros donos da empresa, e dos direitos dos acionistas minoritários. Estão mais do que evidentes as chantagens que está sofrendo dos ex-diretores da empresa envolvidos na Operação Lava-Jato. A direção da empresa nunca se antecipa às denúncias, age sempre reativamente.

A divulgação do balanço trimestral na madrugada de ontem chega a ser um escárnio. A diretoria da Petrobras havia prometido contabilizar as perdas decorrentes do esquema de propina descoberto pela Lava- Jato. O relatório encaminhado pela diretoria da empresa ao Conselho de Administração da Petrobras, presidido pelo ex-ministro Guido Mantega, indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à Operação Lava-Jato.

Mantega e a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, que também faz parte do conselho, porém, questionaram os números e barraram a inclusão das perdas no balanço trimestral. O discurso oficial é de que a metodologia adotada para o cálculo não era adequada. A estatal supostamente não sabe como calcular as perdas com corrupção, “pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente”.

A desculpa dada pela presidente da estatal, Graça Foster, sobre o ocorrido na reunião, depois de 12 horas de discussão, é meio esfarrapada: “Aprofundaremos outra metodologia que tome por base valores, prazos e informações contidos nos depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores (CVM e SEC), visando a emissão das demonstrações contábeis revisadas”.

Enquanto não se chega a um acordo sobre o rombo causado pela corrupção, as notícias negativas sobre a empresa se sucedem. No próprio balanço de ontem, a Petrobras comunica que duas refinarias Premium que não saíram do papel, no Ceará e no Maranhão, geraram uma baixa contábil de R$ 2,707 bilhões: R$ 2,111 bilhões da Premium I e R$ 596 milhões, da Premium II. Só isso seria suficiente para derrubar a diretoria, quando nada por incompetência.

O lucro líquido da Petrobras no trimestre passado foi de R$ 3,087 bilhões, valor 38% inferior ao segundo trimestre deste ano. Se fossem contabilizados os US 88,6 bilhões de prejuízos causados pelo esquema de corrupção investigados pela Lava-Jato, a estatal desmentiria a famosa frase de John D. Rockfeller, o dono da lendária Standard Oil Company , monopólio que a Suprema Corte dividiu em 34 empresas: “O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada; o segundo melhor, uma empresa de petróleo mal administrada”.



fonte a verdadesufocada

Ives Gandra: Liberdade de imprensa corre risco

O jurista Ives Gandra da Silva Martins defendeu a reforma política e criticou a redemocratização da imprensa em evento da OAB

O presidente da Comissão de Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ives Gandra Martins, disse nesta quinta-feira, 29, ver com grande preocupação o risco que corre hoje à liberdade de imprensa. O jurista disse considerar uma ameaça à democracia a proposta de se analisar o controle da mídia, principalmente em um momento em que o governo federal se encontra fragilizado em meio a denúncias de corrupção e crise econômica. ...

"Sempre que os governos pretendem controlar a imprensa, e não o conteúdo, eles começam por controlar as direções. Cada vez que se pretende redemocratizar o que se pretende, na verdade, é criar grupos financiados pelo governo para tornar aqueles canais de oposição em órgãos de governo", disse Martins após participar de um evento da OAB para discutir a reforma política.

Defensor do parlamentarismo, Martins avalia que o Brasil corre riscos de instabilidade institucional. Ele criticou o ministro das Comunicações por conduzir a iniciativa de "democratização" da mídia e também criticou a presidente Dilma Rousseff (PT) pelo decreto em que tentou criar conselhos populares. "O ministro Berzoini quer discutir o controle daqueles que detêm a imprensa, chamando de democratização. Por outro lado ela (Dilma) criou esse decreto, que a Câmara não aprovou, dos conselhos, que são mecanismos para pôr o legislativo de lado, aparelhar, dizendo que representam a sociedade, com grupos eles controlarão e que definirão políticas para os ministérios."

O jurista diz acreditar que o momento atual é promissor para fazer a reforma política necessária para garantir estabilidade à democracia brasileira. Martins avalia que é também o momento em que reformas se fazem mais necessárias para evitar rupturas institucionais. "Infelizmente, se nós não fizermos as reformas adequadas, nós correremos o risco de em uma crise ou, se o governo se fortalecer muito e a oposição enfraquecer, todo o sistema virar uma semi-ditadura. Venezuela seja talvez o caso mais claro disso", comentou.

Martins defendeu temas colocados pela comissão de Reforma Política da OAB em um documento que pretendem levar para o Congresso Nacional. Ele destacou a cláusula de barreira, para limitar o acesso de partidos a recursos do fundo partidário, o sistema de voto distrital misto e o mecanismos de controle sobre financiamento de campanha. Ao contrário do entendimento quase consolidado no Supremo Tribunal Federal (STF), a comissão da OAB é favorável à manutenção do financiamento privado, inclusive empresarial, às campanhas, contanto que com limitações e sob fiscalização. "O financiamento exclusivamente público seria a perpetuação no poder de quem está no poder, porque aqueles que detêm o poder têm uma campanha natural do seu trabalho", argumentou.
Fonte: O Estado de S.Paulo, por Ana Fernandes e Pedro Venceslau.

fonte  blogdosombra

 

"Mudança de verdade",

  editorial da Folha de São Paulo

 

E Dilma Rousseff falou. A presidente da República, 26 dias após tomar posse, interrompeu o silêncio abúlico em que se mantinha enquanto sua equipe econômica impunha um garrote orçamentário em tudo similar ao que a oposição sugerira durante as eleições.
A boa notícia é que a petista endossou a política de austeridade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; neste momento, era a coisa certa a fazer. A má notícia é que, para tanto, Dilma revelou-se adepta dedicada do "duplipensar" a que se referiu George Orwell (1903-1950) no célebre livro "1984".
Um grande orador ou um estadista podem arriscar-se a enunciar convicções e visões contraditórias entre si, se julgarem necessário para ajudar o público a engolir um remédio amargo –alguns poucos terão sucesso na empreitada.
Não sendo uma coisa nem outra, Dilma só conseguiu, na reunião ministerial de terça-feira (27), enunciar o que o mercado queria ouvir. Para a maioria da sociedade, emitiu uma mensagem confusa.
Contra o princípio do terceiro excluído, afirmou que este segundo período "é, ao mesmo tempo, um governo de continuidade e também um governo de mudanças".
Não disse, mas deveria ter dito, que a continuidade não passa de promessa por realizar (manter e alargar o progresso social logrado desde 2003), enquanto a mudança, esta sim, é uma realidade: a guinada na política macroeconômica implica cortes drásticos, inclusive nos gastos sociais.
Não deixa de ser positivo que a presidente enfim afirme reconhecer a necessidade de recompor a estabilidade e a credibilidade da economia nacional. Mas, ao atribuir o desequilíbrio de seu primeiro mandato só ao efeito do que chamou de dois choques (queda dos preços de commodities e alta dos de alimentos, com a seca inaudita), confirma sua fama de refratária à admissão de erros e falhas.
O mesmo tipo de omissão se deu com referência à Petrobras. Dilma reiterou a asserção duvidosa de que "nunca um governo combateu com tamanha firmeza e obstinação a corrupção e a impunidade". Ora, a própria empresa anunciou que as irregularidades ocorreram de janeiro de 2004 a abril de 2012. Governos Lula e Dilma, pois não?
Na esfera parlamentar, a presidente prometeu enviar ao Congresso vários projetos para combater a corrupção e ressuscitou o espantalho da reforma política, saída mais segura para desconversar quando se acha refém da base de apoio inconfiável, PMDB à testa.
Aos ministros pediu combate à desinformação e às falsas versões. Com seu discurso, deu um exemplo acabado da máxima "façam o que digo, mas não façam o que faço".
FONTE ROTA2014

"Petrobras continua a perder um tempo precioso"

, editorial de O Globo

 

Se era para divulgar balancete sem as necessárias baixas contábeis e contas auditadas, a empresa não deveria esperar o fim de prazos para revelar esses resultados

Ao divulgar o balancete do terceiro trimestre do ano passado sem as devidas baixas contábeis relativas a uma reavaliação de seu patrimônio (especialmente no que se refere a novas instalações que foram objeto de superfaturamento praticado dentro do esquema do petrolão), e ainda por cima com as contas não auditadas por uma companhia independente, a Petrobras conseguiu desagradar a todos. Não por acaso, os preços das ações da empresa despencaram quase 10%, na abertura do mercado, devido ao balancete. No final do dia, a cotação havia caído 11,2%, e o valor de mercado da companhia encolhido em R$ 13,7 bilhões.
Se era para divulgar um demonstrativo financeiro nessas condições, a Petrobras não deveria ter “cozinhado” a decisão por três meses, deixando acionistas, credores, fornecedores e clientes sem pista da situação econômica e financeira da maior empresa brasileira. A companhia parece ter esperado até o último momento para fazer essa divulgação, pois a partir do dia 31, sábado, ficaria sujeita, legalmente, à execução antecipada de dívidas. Então optou por uma divulgação formal.
De fato, pelo caráter e o vulto dos escândalos em que a empresa está diretamente envolvida, não será fácil promover uma baixa contábil que espelhe a real situação patrimonial da companhia, ainda mais sem contar com o auxílio do auditor independente mais familiarizado com a contabilidade da estatal. No entanto, é também esdrúxulo que somente em cima do dia 31 a empresa tenha anunciado que recorrerá aos órgãos reguladores do mercado de ações, a SEC, nos EUA, e a CVM, no Brasil, para obter algum tipo de orientação.
E, com tudo isso, a Petrobras ainda apresentou em seu balancete resultados sofríveis. A empresa promete há tempos uma recuperação, com o aumento da produção de óleo e gás, e, mais recentemente, com a elevação dos preços da gasolina e do óleo diesel. Ao menos no terceiro trimestre do ano passado tal recuperação não se refletiu no balanço oficial, o que é mais um motivo de preocupação, devido aos expressivos compromissos de investimento já assumidos pela companhia. A empresa esgotou sua capacidade de endividamento, e, com o desgaste de imagem que sofre a cada dia, não tem a mínima possibilidade de recorrer ao mercado para se capitalizar.
A estratégia que o governo adotou em relação à Petrobras é a mais estranha que se poderia imaginar. Pouco faz para reverter esse quadro. A empresa agora está exposta a ações judiciais de toda a ordem, no Brasil e no exterior, por parte de acionistas minoritários que viram o valor de mercado de seus papéis se esfumaçar. Além de prejuízos que essas disputas judiciais poderão causar a uma companhia já financeiramente debilitada, esse tipo e contencioso causa perdas de imagem que talvez levem anos para serem recompostas.
FONTE ROTA2014

"Petrobras desmente Dilma",

  por Merval Pereira O Globo


 Assim como a bronca que a presidente Dilma deu no operador do teleprompter revelou aos mais desavisados que aquela fala coloquial na reunião ministerial nada tinha de espontânea, estava toda escrita por ghost writer com viés de marqueteiro, também a revelação do balanço incompleto da Petrobras demonstrou o que provavelmente a maioria já suspeitava: a situação da maior estatal brasileira é caótica, e ninguém sabe qual é o número verdadeiro do rombo que o petrolão causou.

A própria Graça Foster, presidente da empresa, admitiu por escrito "ser impraticável" a quantificação destes valores "indevidamente reconhecidos" (uma variação do famoso "dinheiro não contabilizado" eternizado pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares no mensalão).

Sem uma avaliação de auditores independentes, que se recusaram a endossar os números, o balanço do 3 trimestre fez virar pó toda a propaganda lida por Dilma sobre a Petrobras que, segundo ela, "já vinha passando por um rigoroso processo de aprimoramento de gestão" antes do escândalo, e no entanto não foi capaz de dimensionar o verdadeiro buraco nas contas da empresa.

Há informações de que na reunião do Conselho de Administração que aprovou o balanço divulgado, houve pressão de ministros da antiga administração que se opuseram à adoção de critérios para definir as perdas, por considerarem que nem tudo nos 31 projetos que tiveram redução no valor do ativo estava relacionado com perdas por corrupção, mas havia também outros fatores como ineficiência dos projetos ou até atrasos por causa de problemas climáticos.

Como se vê, está longe o dia em que a Petrobras terá, como prometeu a presidente Dilma em seu discurso na reunião ministerial, "a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no Brasil". O que impressiona é que o balanço da Petrobras tenha sido divulgado na mesma noite em que a presidente fez seu discurso na reunião ministerial.

Não apenas por que a divulgação foi à noite, quase às escondidas, mas principalmente por que revela um desencontro inacreditável entre o que a presidente disse e o que a estatal mostrou no seu balanço. Um mínimo de coordenação no governo impediria que a Petrobras desmentisse a presidente tão diretamente.

A presidente Dilma também saiu da realidade quando disse que a Petrobras, "a mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país", teria que continuar a apostar no modelo de partilha para o pré-sal, e dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo local.

O problema é que, horas depois, o balanço da empresa, mesmo feito de maneira incorreta, mostrou que a Petrobras terminou o trimestre com um endividamento líquido de R$ 261,4 bilhões, um aumento de 18% (ou R$ 40 bilhões) em relação ao fechamento de 2013, a maior parte dessa dívida em dólar.

Do investimento total, apenas R$ 62 bilhões foram próprios, o restante veio de investidores externos. Isso demonstra que a aposta no sistema de partilha, que obriga a Petrobras a bancar pelo menos 30% de todos os investimentos no pré-sal, é simplesmente inviável, além do fato de que a política de conteúdo nacional nada tem de vitoriosa.

Ela obriga a estatal a comprar equipamentos muito mais caros, além de bancar a ineficiência de empresas criadas para fabricar equipamentos de conteúdo nacional, como a Sete Brasil criada em 2011 para a contratação de sondas marítimas. A Petrobras indicou o comando executivo da empresa, e Pedro Barusco, o executivo que se comprometeu a devolver U$ 100 milhões na Operação Lava-Jato, foi colocado lá.

Agora, a empresa, uma união da Petrobras com bancos como o Pactual BTG e fundos de pensão, está quebrada e teve que ser socorrida pelo BNDES. O desencontro entre as promessas presidenciais e a realidade está cada vez maior, e isso é preocupante.



FONTE ROTA2014

"De que lado Dilma está",

editorial do Estadão

A rigor, a presidente Dilma Rousseff não precisaria ter-se dado ao trabalho de discursar na abertura da primeira reunião ministerial do segundo mandato. Bastaria ter distribuído à imprensa cópias de seu pronunciamento de posse e teria poupado o distinto público de 40 minutos de uma arenga que só serviu para confirmar o que todo mundo já sabe: ela não tem nada de novo a dizer.
Talvez a única diferença entre a fala presidencial de agora e a da solenidade de posse no Congresso Nacional tenha sido a preocupação de dar grande ênfase, mediante repetições exaustivas, à ideia de "gestão petista", que abrange 12 anos desde a primeira posse de Lula, em vez de se concentrar nos 4 anos do primeiro mandato da reeleita. Foi o recurso a que Dilma recorreu para poder se vangloriar, por exemplo, de que "nos últimos 12 anos, foram gerados 20,6 milhões de empregos formais". É claro que não entrou em detalhes sobre a qualidade desses empregos medida pelo nível salarial, nem sobre o fato de que os 396 mil empregos criados em 2014 representam uma queda de 64% em relação a 2013.
O grande problema que, de qualquer modo, tornaria missão quase impossível oferecer à Nação um projeto de governo consistente para os próximos 4 anos - afinal, imagina-se, este era o objetivo da reunião ministerial - é o fato de que Dilma Rousseff e seus associados estão mergulhados até o pescoço numa incômoda contradição. Acostumados à gastança, austeridade é a palavra de ordem para toda a equipe do governo daqui para a frente: "Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo e garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e da renda". Tais palavras saíram obviamente remoídas.
Promover "reequilíbrio" fiscal só é necessário quando existe desequilíbrio. Só se pode "recuperar" o que se perdeu - no caso, o crescimento da economia. E só se fala em "queda da inflação e da taxa de juros" quando ambas estão altas. Já a "continuidade" da geração de empregos é hoje um exercício de imaginação. Colocar essas questões essenciais nesses termos é o mais perto que, em sua estupenda soberba, Dilma Rousseff consegue chegar de uma autocrítica. Afinal, todos os problemas citados são realizações de seu governo.
A grande contradição resulta de que, para o petismo, austeridade e conquistas sociais são incompatíveis. E Dilma, a seu modo, admitiu isso ao argumentar que é preciso mudar: "Nós absorvemos a maior parte das mudanças (...) no cenário econômico e climático em nossas contas fiscais para preservar o emprego e a renda. Nós reduzimos nosso resultado primário para combater os efeitos adversos desses choques sobre nossa economia e proteger nossa população".
O discurso populista da preservação "a qualquer custo" das conquistas sociais é tão essencial ao "governo dos trabalhadores" - como definiu a presidente em seu pronunciamento - que Dilma simplesmente não admite que a nova política de austeridade implicará, necessariamente, reduzir alguns benefícios trabalhistas, como já foi feito com o seguro-desemprego, o abono salarial, a pensão por morte e o auxílio-doença. Para a presidente, trata-se apenas de "adequar", com medidas de caráter "corretivo", os benefícios trabalhistas "às novas condições socioeconômicas do País". Não se deu ao trabalho de explicar quais são essas "novas condições". Nem quem as produziu nem por quê.
Outro ponto a destacar na fala presidencial é, também, uma enormidade. Tratando do escândalo da Petrobrás, aquele com o qual ela não tem nada a ver, Dilma saiu em defesa das empreiteiras que se acumpliciaram com lideranças políticas e seus operadores para sangrar a maior estatal brasileira: "Nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, elas são essenciais para o Brasil". São palavras surpreendentes para quem, há menos de um mês, jurou solenemente respeitar e fazer respeitar as leis do País. Pois está em vigor a Lei Anticorrupção, sancionada por ela mesma, que pune empresas delinquentes assim como pessoas físicas criminosas. Ao pregar a impunidade, a presidente Dilma Rousseff escolhe claramente de que lado quer ficar: do lado oposto da lei e contra a gente honesta deste país.
FONTE ROTA2014

"Toma lá. Dá cá?"

por Dora Kramer O Estado de São Paulo

A preocupação das empresas envolvidas na Operação Lava Jato de que os políticos - ou pelo menos ou peixes grandes da área - saiam ilesos do caso Petrobras está evidente na linha de defesa adotada pelos advogados: a alegação de que foram coagidas a participar de um esquema de superfaturamento de contratos, cujo objetivo era fazer caixa para financiar um projeto de poder.
De maneira mais tortuosa, mas nem por isso menos assertiva, o governo sinaliza que já entendeu que está sendo arrastado para o centro da linha de tiro e ensaia a reação. De forma diplomática, a presidente Dilma Rousseff separa pessoas físicas de jurídicas ao dizer que empresas não podem responder pela (má) conduta de funcionários.
Em outra dimensão, porém, o ex-secretário-geral da Presidência Gilberto Carvalho fala aos companheiros do PT sobre a existência de um "complô" de empreiteiras para corromper políticos ligados ao governo e funcionários da Petrobrás no intuito de levá-los todos às "barras dos tribunais".
Pois é. Os dois lados já se deram por entendidos. Um tenta demonstrar que foi vítima do outro e vice-versa. Na realidade, a narrativa não inclui sujeitos passivos. Todos os personagens são ativos, pois atuaram conforme seus interesses. Políticos e empresários aliaram fome e vontade de comer. Não há inocentes na história.
Para efeito de defesa pretendem agora se distanciar, lutar em campos opostos. Do ponto de vista da Justiça, porém, pode ser tarde. Houve um momento em que essa aliança poderia ter sido desfeita. Hoje não há sinal de que juízes de primeira e última instância olhem com tolerância para negócios com indícios de ilícitos no Estado.
Limão. Não há resultado ótimo para o governo nas eleições das presidências da Câmara e do Senado no próximo domingo. Reeleito o senador Renan Calheiros, o Planalto não terá na presidência o fiel aliado dos anos anteriores.
Sem expectativa renovada de poder e com passivo de insatisfações acumuladas, a presidente Dilma Rousseff conhecerá a face do político que não tem "compromisso com o erro" quando lhe convém. Calheiros é aliado de suas conveniências.
Na Câmara, se ganhar Eduardo Cunha (PMDB), o governo não terá um interlocutor submisso, mas nem por isso adverso. Tudo vai depender da atitude do Palácio do Planalto.
Se ele for eleito e o governo souber fazer política direito, o panorama ficará melhor quanto mais Cunha receber sinais favoráveis à composição. Agora, se ele perder com o governo colocando toda a artilharia contra, a consequência será pior.
Derrotado para a presidência da Câmara, Eduardo Cunha será reconduzido à liderança do PMDB com a "faca nos dentes" e o comando de, no mínimo, 66 deputados.
Sem contar aqueles que ele influencia fora do PMDB, que devem ser mais ou menos uma centena.
Contas. Os governistas estão muito furiosos com os oposicionistas. É verdade que para isso precisam reconhecer que, se a eleição para a presidência da Câmara fosse hoje, Eduardo Cunha estaria eleito.
Segundo eles, o resultado está na mão da oposição. Para onde forem os votos do PSDB e do DEM, mas principalmente dos tucanos, irá a definição da decisão em primeiro ou segundo turno.
Oficialmente, os governistas dizem que Arlindo Chinaglia (PT) se fortaleceu. Nos bastidores, reconhecem que a derrota para Cunha é certa se a oposição não mudar de opinião.
FONTE ROTA2014

Dilma pediu aos ministros que descumpram a Lei Anticorrupção

Carlos Newton

Vivemos uma era em que tudo vai se tornando virtual, o que mais vale é a aparência, não a realidade, e o governo brasileiro decididamente entrou nessa fase. A política está cada vez mais nas mãos dos marqueteiros, que tentam vender a imagem da administração pública como se fosse uma marca de sabão ou desodorante.
Basta lembrar que as reuniões ministeriais, que antes tinham máxima importância e eram decisivas para o país, agora se transformaram em meras exibições teatrais, sob direção dos suspeitos de sempre – os marqueteiros. Tudo é marcado, delimitado, ninguém tem direito a falar, mas ao final da encenação todos os figurantes são obrigados a aplaudir, entusiasticamente.
Foi o que se viu na reunião ministerial desta terça-feira, com o assessor Marco Aurélio Garcia também à mesa, na condição de ministro sem pasta, compondo enfim a formação dos já esperados 40 personagens celebrizados no “Livro das Mil e Uma Noites”, da cultura árabe, em versão brasileira.
O DISCURSO DE MARQUETEIRO
Na badalada reunião, ninguém teve direito a dar sugestões ou opiniões, só houve o discurso presidencial, redigido sob inspiração do marqueteiro João Santana e supervisão do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Como se ainda estivéssemos na campanha eleitoral, a presidente Dilma voltou a destilar uma quantidade enorme de promessas e de justificativas para falhas, omissões e erros de seu desastrado governo.
Foi uma encenação desnecessária, para forjar um pronunciamento de improviso, mas que era lido através de um teleprompter, como se a presidente fosse uma apresentadora de TV. Teria sido muito mais simples e eficaz distribuir cópias aos 40 ministros, para evitar aquelas cenas constrangedoras de vê-los anotando sofregamente as palavras de Sua Excelência, como alunos em sala de aula de professora ranzinza. Mas acontece que tudo é programado para a presidenta/governanta (royalties para a comentarista Teresa Fabricio) aparecer na TV fazendo de improviso as afirmações que escreveram para ela.
DESCUMPRINDO A LEI
O pior mesmo foi ver a oradora pregar acintosamente o descumprimento da Lei Anticorrupção, sancionada por ela e que está em vigor há mais de um ano, sem que o governo se preocupe em regulamentá-la, para que possa ser aplicada com maior precisão.
Nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, elas são essenciais para o Brasil. Nós temos que saber punir o crime, nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e o emprego do país. Nós temos de fechar as portas para a corrupção. Nós não podemos, de maneira alguma, fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego. E queria dizer para vocês que punir, que ser capaz de combater a corrupção não significa, não pode significar a destruição de empresas privadas também. As empresas têm de ser preservadas, as pessoas que foram culpadas é que têm que ser punidas, não as empresas”, afirmou surpreendentemente Dilma Rousseff, demonstrando não ter a menor noção da existência da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13), aprovada pelo Congresso e sancionada por ela, repita-se, justamente para passar a punir também as empresas e reprimir com maior eficácia a corrupção.
DILMA NÃO ENTENDE O QUE LÊ
A culpa, sem dúvida, é do marqueteiro que escreveu o texto. A presidenta/governanta não tem a menor condição intelectual de entender o discurso que escreveram, faz tudo automaticamente, qualquer coisa que colocarem na frente ela lê. Mas será que no Planalto não há nenhuma autoridade que saiba da existência da Lei Anticorrupção? Isso é uma confissão atroz de incompetência. O ex-ministro Jorge Hage, da Controladoria, conhecia bem a lei e fez até um projeto de regulamentação, que há 9 meses dorme numa gaveta do governo. Com a saída de Hage, o Planalto virou um deserto de homens e ideias, como diria Oswaldo Aranha.
Bem, ao final do discurso lido de improviso, houve a apoteose carnavalesca da presidenta/governanta: “E quero dizer para vocês que nós seremos implacáveis no combate aos corruptores e aos corruptos”, prometeu, passando então a ler a relação de propostas que supostamente pretende enviar ao Congresso, sem saber que quase todas elas já são previstas em lei ou constam de projetos há anos em tramitação e que seu governo nada faz para aprovar.
Com dissemos no início, isso acontece porque se trata de um governo virtual, comandado pelo marqueteiro chamado João Santana, que merece ser considerado o 41º ministro de Dilma, pois é único a quem ela ouve e obedece.


FONTE TRIBUNADAINTERNET

Previdência pagou meio bilhão de reais a famílias de presidiários em 2014

Gabriela Salcedo - Contas Abertas


O auxílio-reclusão, benefício previdenciário mensal pago a dependentes de trabalhadores presos em regime fechado ou semiaberto, chega a apenas 6,3% da população carcerária brasileira, de aproximadamente 711,4 mil detentos. Mesmo assim, no ano passado, o governo federal desembolsou R$ 549,2 milhões para beneficiar familiares de 45,1 mil presos.
“O benefício tem pouquíssima amplitude, porque as pessoas presas, em geral, são dos extratos sociais mais vulneráveis da sociedade, que trabalham em situação informal e que não estão contribuindo para Previdência”, comentou o defensor público e coordenador do Núcleo do Sistema Carcerário da Defensoria de São Paulo, Patrick Cacicedo.
O valor médio do auxílio é de cerca de R$ 1.015,00. Contudo, ele difere de acordo com o histórico previdenciário de cada preso, com o quanto contribuía quando em liberdade, fazendo com que o benefício varie de um salário mínimo, de R$ 788, ao teto, de R$ 4.663,75.
Em 2013, a administração pública federal executou 517 milhões para o auxílio-reclusão, em valores já atualizados pela inflação (IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas). O valor respondia ao atendimento de 43,2 mil segurados, resultando em pagamento médio por benefício de R$ 997,30.
Em comparação, de 2013 para 2014, houve um crescimento de 1.893 cárceres segurados. A ampliação dos segurados implicou em uma alta de 6,2% do montante comprometido do orçamento público com o auxílio. Além disso, o valor do benefício médio subiu R$ 18,30, isto é, aumento de 1,8%.
O Ministério da Previdência Social é responsável pela execução do orçamento do auxílio-reclusão. O pagamento é efetuado em duas categorias: área rural e urbana. Em novembro do ano passado, mês de publicação do último Boletim Estatístico da Previdência Social, a Pasta gastou R$ 51,5 milhões com benefícios.
Do valor pago no penúltimo mês do ano passado, R$ 47,8 milhões foram pagos a família de segurados da área urbana, com média de R$ 1.153,97 por segurado, e outros R$ 3,7 milhões a família dos segurados de área rural, o equivalente a R$ 1.014,17 mensais.
De acordo com o órgão, o objetivo da iniciativa é garantir a sobrevivência do núcleo familiar, diante da ausência temporária do provedor. O benefício, instituído há mais de 50 anos, não é concedido àqueles que, quando detidos, não trabalhavam ou recebiam salário acima de R$ 1.089,72. Além disso, os dependentes do segurado podem deixar de recebê-lo. Ele é interrompido quando o preso obtém liberdade, foge ou progride para a pena de regime aberto.
Fim do auxílio-reclusão

O fim do auxílio-reclusão está previsto em Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 304/13, da deputada federal não reeleita Antônia Lúcia (PSC-AC). Além de acabar com o benefício, os recursos usados para seu pagamento seriam destinados às vítimas dos crimes, quando sobreviverem, ou para as famílias, em caso de morte.
De acordo com o texto da PEC, o novo auxílio deve ser pago à vítima do crime pelo período em que ela ficar afastada da atividade que garante seu sustento. Já em caso de morte, é convertido em pensão aos dependentes da vítima.
Para a ainda deputada, o fato de o criminoso saber que sua família não ficará totalmente desamparada, se for preso, pode facilitar na decisão de cometer um crime. “Por outro lado, quando o crime implica sequelas à vítima, impedindo que desempenhe atividade que garante seu sustento, ela enfrenta hoje um total desamparo”, defende.
Chamado pejorativamente de “bolsa-bandido”, segundo Cacicedo, o fim do auxílio-reclusão não seria benéfico para a sociedade, além de não estabelecer relação direta com a concessão de novos benefícios aos prejudicados pelo ato criminoso.
“É uma medida populista, nitidamente para aparecer, que não tem qualquer correspondência com a realidade. O preso estava contribuindo para a previdência. Sendo assim, é um direito adquirido que evita de expor seus familiares a uma situação ainda mais delicada”, afirma.
Ainda está em votação no portal da Câmara Legislativa uma enquete para consultar a opinião dos internautas sobre a proposta do fim do auxílio-reclusão.
Atualmente, ela é a segunda enquete mais votada e apresenta resultado favorável à PEC 304/13. Cerca de 1,6 mil pessoas já votaram, sendo que 95,6% se posicionou a favor da emenda, 3,9% contra e 0,5% não souberam opinar.
Quanto à opinião popular, Cacicedo acredita que a maioria das pessoas opina sobre o assunto de forma inverídica e leviana, baseadas em boatos de rede social e desinformação. “Reproduzem mentiras, quando na verdade o benefício é para resguardar a família presa que já está bastante vulnerável”, explica.
Sistema Carcerário Brasileiro

Logo nos primeiros dias do ano, houve rebelião no complexo prisional de Pernambuco, em Curado. Nela, dois presidiários e um policial militar foram mortos. No ano passado, o palco das rebeliões foi o Paraná, no Complexo Penitenciário de Cascavel, de onde quatro presos saíram mortos após rebelião.
Entre as queixas dos detentos, as mais ouvidas – e também mais comumente vistas em imagens televisivas e fotográficas, como a que ilustra esta reportagem – são sobre a superlotação dos estabelecimentos prisionais e péssimas condições das unidades do sistema carcerário brasileiro.
Pela última contagem do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), de junho de 2014, o Brasil chegou à proporção de 358 pessoas presas para cada 100 mil habitantes. Dos mais de 711,4 mil detentos, 147,9 mil estão em prisão domiciliar e não ocupam vagas prisionais.
Sem considerar as prisões domiciliares, o déficit atual de vagas no sistema, de acordo com a CNJ, é de 206 mil. Contudo, se as prisões domiciliares forem levadas em conta, o déficit chega a 354 mil vagas.
“O caos é geral e absoluto. Em São Paulo, por exemplo, além da falta de vagas, não há equipe básica de saúde para assistências mais primárias dos presos. Os estabelecimentos femininos estão sem ginecologistas. A situação é caótica como um todo”, ressalta o coordenador.
Além disso, contados os mandados de prisão em aberto, de 374 mil, de acordo com o Banco Nacional de Mandados de Prisão, a população prisional saltaria para 1,089 milhão de pessoas e o problema de superlotação nas unidades prisionais se acentuaria ainda mais.
Quando a superlotação do sistema carcerário brasileiro é posto em pauta como um dos problemas de segurança pública, as administrações públicas do país não entram em consenso. Entre as propostas, a privatização dos presídios é vista como uma das possíveis soluções.
O governo de São Paulo, por exemplo, propõe privatização de penitenciárias, criando inicialmente 7,2 mil vagas de regime fechado e 3,3 mil no semiaberto. Outros estados já testam o modelo, como é o caso de Minas Gerais com o Complexo Prisional de Ribeirão das Neves, em funcionamento desde janeiro de 2013.
Nos modelos, os complexos são construídos pela iniciativa privada e, além de administrar os presídios, as empresas recebem um valor mensal por cada detento.
“O preso passa a ser objeto de negócio e fica interessante ter cada vez mais presos, leis cada vez mais duras para aumentar a população encarcerada”, explica Cacicedo.
Contra a privatização, o defensor publico conta que em países que se adotaram penitenciarias privadas, como os Estados Unidos, o sistema fracassou. Segundo ele, houve um boom de encarceramento e, portanto, a tendência é que se piore ainda mais a situação caso a medida seja adotada.
FONTE ROTA2014

Autocrítica zero

Por Eliane Cantanhêde O Estado de São Paulo


Depois de sumir durante todo o dificílimo mês de janeiro, a presidente Dilma Rousseff reapareceu  como se nada tivesse acontecido, nem aumento de tarifas e impostos, crise de energia e água, flexibilização trabalhista... E o mais chocante na fala de Dilma foi o de sempre: a falta de autocrítica. 
Quem ouviu a presidente falando em "era do conhecimento", "pátria educadora", "estratégia de crescimento", "estabilidade e credibilidade" e "pacto contra a corrupção" deve ter se perguntado: será que está tudo tão bacana assim e eu é que estou errado (ou errada)?
Não, não está tão bacana e quem está assustado tem razão. O Brasil não cresceu, estagnou. A inflação nunca ficou na meta, sempre ficou no teto da meta. Os juros galoparam, apesar de toda a propaganda. A responsabilidade fiscal deixou de ser importante. As contas externas desandaram. O setor elétrico virou uma bagunça. A Petrobrás se debate em águas profundíssimas.
Depois de demitir o ministro da Fazenda em plena campanha e de dar uma guinada e tanto na economia do primeiro para o segundo mandato, o mínimo que se poderia esperar da presidente reeleita da República é que batesse no peito e assumisse: mea culpa, minha máxima culpa.
Mas Dilma Rousseff é Dilma Rousseff e não é de admitir culpas, nem de aceitar responsabilidades, nem de ouvir ministros, assessores, aliados e, muito menos, críticos. Nem de ter humildade.

Então, ficamos assim. Deu tudo errado mesmo na economia e - já que o culpado número um, o mordomo Guido Mantega, já foi devidamente defenestrado - Dilma apresentou oficialmente à Nação os maiores inimigos da eficiência e dos resultados: "os eventos internos e externos".
Quais sejam: externamente, os problemas de crescimento dos Estados Unidos, da Europa, do Japão, da China e da Índia, mais a queda no preço internacional das commodities; internamente, o pior regime de chuvas da história, com impacto nos preços dos alimentos e da energia.

Há verdades aí? Inegavelmente, há. Mas são só meias verdades, como se o Brasil não tivesse um presidencialismo forte, o Estado não fosse tão determinante em tudo no Brasil, Dilma não tivesse a cabeça que tem. E... como se não sobrasse "incompetência, ideologia e corrupção", conforme o diagnóstico de nove entre dez cabeças pensantes que Armínio Fraga verbalizou no Estado domingo.
Além de não fazer autocrítica, Dilma requentou pela enésima vez o tal "Pacto contra a Corrupção", elencando as mesmas medidas moralizadoras que, na verdade, dependem mais do Legislativo do que do Executivo e são mais adequadas a palanques do que a reuniões de trabalho.

Para resolver todos os problemas (Pibinho, inflaçãozona, juros estratosféricos, aumento de impostos e corte de direitos trabalhistas), Dilma apresentou pelo menos uma proposta concreta aos seus chefiados: que confrontem a mídia e a imprensa! Segundo ela, é preciso "reagir aos boatos", combater "as falsas versões", reagir ao "desconhecimento e à desinformação".

Pensando bem, era assim que se fazia na Petrobrás. Enquanto PTs, PMDBs, Cerverós, Paulos Robertos e doleiros faziam a festa, toda a energia estava concentrada em desmentir a mídia e reagir aos "boatos" e à "desinformação". O resultado está aí.
Tivesse o governo ouvido os alarmes de especialistas e da mídia, a Petrobrás não teria chegado a um fundo do poço tão fundo. Tivesse Dilma ouvido os alarmes de especialistas e da mídia, a economia não estaria tão medíocre quanto está.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dilma Rousseff fez da farsa e da mentira um modo de viver

REYNALDO ROCHA


Foram 26 dias de um silêncio sepulcral. Ayn Rand, filósofa que influenciou uma geração de poetas e mesmo economistas, parece ter decifrado antecipadamente a esfinge do Planalto Central que nos devora:
“Quando você perceber que, para produzir precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; que as leis não nos protegem deles mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

Dilma está condenada. Na reunião com o ministério, um pastiche da peça de Pirandello, havia 39 personagens à procura de uma autora. Assim é se lhe parece…
Ou seriam os rinocerontes de Ionesco? Qual absurdo é mais desconcertante?
Dilma é o absurdo personificado. Nós somos a plateia de uma comédia que troca o humorismo pelo drama assustador.
Na Granja da Torta (mantendo o gênero exigido pela presidanta), Dilma falou para quem? Para quê?  Quem lhe dará crédito?
Foi um discurso do nada focando o vazio. A piada – nervosa e envergonhada – que não faz rir.  A farsa renovada. O mundo é culpado da desgraça que herdou de si mesma.
O importante é pagar – na boca do caixa – o ingresso claramente falsificado.
O PT acabou. Lula ignora Dilma. Zé Dirceu quer derrubá-la. Marta bate mais do que apanhou quando  prefeita ou ministra. Os ministros da Casa são Pepe “Legal” Vargas e suas ferraduras, Aloísio Mercadante e o poder que nunca basta, ou um Berzoini que gostaria de empunhar uma bazuca contra o Charlie Hebdo. A alternativa é o controle social da mídia.
Pirandello sempre esteve certo mesmo sem ter conhecido Dilma: “É próprio da natureza humana, lamentavelmente, sentir necessidade de culpar os outros dos nossos desastres e das nossas desventuras”.
Com uma diferença:. Dilma não sente – jamais sentirá – culpa nenhuma por seus desastres e desventuras. Ela É o desastre. E também a nossa desventura! Infelizmente, não se dá conta do quão infeliz é! Nem entende que fez da farsa e da mentira o seu modo de viver.

Valentina de Botas: A linhagem de ministros da educação lulopetistas atesta o desprezo que o regime nefando dedica à nação

AUGUSTO NUNES DIRETO AO PONTO

Tudo o que é lulopetismo desmancha no ar. A linhagem de ministros da educação é a evidência invencível do desconcertante desprezo que o regime nefando dedica à nação. Não começou tão ruim com Cristovam Buarque, um homem equivocado, mas íntegro, qualidade que culminou com sua demissão por telefone para dar lugar a Tarso Genro, afinal alguém tinha de assumir a pasta e Cesare Battisti ainda não precisava de um ministro da justiça só para si. O trajeto dramático em outro sentido, mas preservando o rumo ao abismo, passou a ser liderado por Fernando Haddad, que enalteceu a democracia da ex-URSS num trabalho acadêmico e, como ministro da educação, o maior elogio que soube fazer aos livros foi dizer que Stalin, antes de executar um prisioneiro, concluía uma leitura. A diferença em não ser nem durante nem depois é… nenhuma.
Cometeu também o Enem mais vazado da história, imoralidades laterais ao trabalho germinal que frutificaria no meio milhão de zeros exatos 9 anos depois, afinal, primitivismo é coisa que leva tempo, nem o PT consegue produzi-lo de pronto. Perserverar é preciso. Pois não. Haddad foi sucedido por Aloizio Mercadante, o ministro que perguntou o que museu tem a ver com educação. A pergunta irrevogável deixa claro que era dramaticamente tarde para explicar. Mas não foi uma pergunta à toa, mas um desafio, como quem diz responde-aí-que-quero-ver.
Paulo Renato permaneceu no ministério da educação pelos dois mandatos de FHC; a escolha por um administrador competente e honesto e a sensatez de não fazer experiências levianas em área crucial para qualquer nação, além de demonstrarem o carinho sério da administração FHC com o país, impõem duas constatações que invadem tudo com a verdade: FHC tinha um projeto para o país, consistente e mesmo ousado; e o jeca que sonhou com a presidência por 30 anos esgotou no sonho todo o projeto, pessoal e miseravelmente personalista, frustrou o ensaio modernizador do antecessor e se enamorou de uma dilma, não pelos belos olhos que ela não têm, mas porque adivinhou no brilho imbecil deles o atraso que projetaria a sórdida dinastia lulopetista que se desmancha no ar.

QUESTÃO DE CULTURA

grupo guararapes

Tivemos Natal. Todos reunidos em torno da Mesa, rezando pela
Felicidade e buscando o renascer do espírito. Todos os brasileiros deveriam
ter as mesmas oportunidades, mas alguns com mais direitos do que outros.
         Nossa cultura deu aos que estão no governo mais direitos aos que
ocupam cargos de direção que ao cidadão comum. É ainda a cultura colonial
onde o governador era um rei com direitos a quase tudo.
        Agora mesmo assistimos um caso muito interessante. A senhora
Presidente foi gozar alguns dias de descanso na Bahia. Ela tem todo o
direito de passar alguns dias sem se envolver com problemas governamentais e
seu transporte, para a Bahia, tem que ser proporcionado pelo Estado. O que
se viu foi a nossa cultura prevalecer, pois como exercendo cargo
governamental acha-se com direito de levar consigo, filho, genro, neto e a
senhora sua mãe. Tudo bem. Nós inclusive pagamos toda esta hospedagem.

        Na Alemanha não é a mesma coisa. Lá a senhora primeira ministra -
Angela Merkel – tirou umas férias no interior da Itália. Foi no transporte
oficial e seu marido comprou a passagem numa companhia aérea e foi se
encontrar com a esposa por seus próprios meios. Aqui ia no avião do governo.
Já tivemos caso de amante entrar por porta diferente no avião presidencial.
O pior é que perguntado se viajou ninguêm viu e se viajou foi uma alma.
        Na Inglaterra o primeiro ministro inglês -  David Cameron – vai para
o Parlamento de metrô lendo o seu jornal. Aqui todos de carros e casa pagas
pelo contribuinte.
        Apareceu no FACEBOOK o presidente do Supremo Tribunal Federal da
Suécia chegando de bicicleta. Aqui seria falta de respeito ao cargo. Lá o
respeito ao cargo é dever do cidadão que exerce e não pelo número de
automóveis ou de os auxiliares.
        Falando de carro temos uma verdadeira farra. Não há como se saber
quantos carros oficiais temos rodando no Brasil. Todo brasileiro gostaria de
saber.
São 5564 (IBGE) municípios. Vamos pensar que teríamos 20 carros para o
Executivo e 10 para cada Câmara. No âmbito do Estado com os três poderes
vamos pensar em 500 por Estado e 10.000 para o governo federal, pois só nos
39 ministérios teríamos uma loucura. Seria um total de
10.000+500x27+30x5564=10.000+
13500+166.920=190.420 de carros.
        Parece que é um número razoável. Vamos supor que se gaste 10 litros
de gasolina/dia, vamos encontrar (mês de 20 dias/mês) o nº de 38.084.000 ls,
ou por ano 457..008.000 litros de gasolina, que ao preço de R$3,00 custa ao
nosso bolso R$1.371.024.000,00 que salvaria todas as Santas Casas do Brasil.

        Já imaginaram se resolvesse salvar o Brasil e todo muito andasse no
seu carro teríamos por ano, (ao preço R$5.000,00 por gasto por mês, por
carro) seria uma economia de R$5.000,00x12x190.420=R$1.142.520.000,00.
        Quando vamos entender que o ESTADO não é para servir aos governantes
e sim
ao seu POVO?
Grupo Guararapes

"Um dois mil cinzas com sede, suor e trevas",

  por José Neumanne O Estado de São Paulo

Presidente, que se acha economista, manda e desmanda. Levi, que o é, pensa que tem a força.Dilma Rousseff não sabe o que perdeu deixando de ir ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. Pois, não indo, não teve a chance de ouvir o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, pedir aos governantes coragem para mudar, para reformar. “Há uma janela e um período de oportunidade excepcional e o papel dos políticos é atender o momento, carpe diem, em que podemos escolher o futuro”, disse ele. Ela preferiu comparecer à posse do cocalero Evo Morales na presidência da Bolívia a aprender com o europeu o óbvio ululante de que para decepar os nós górdios da economia há que antes reduzir os ônus da política.
Nos Andes, ela ouviu o colega vizinho asseverar com franqueza: “Na Bolívia, não mandam os ‘Chicago boys’”. Enquanto isso, nos Alpes, um “Chicago boy” da melhor estirpe, o ministro da Fazenda dela, Joaquim Levy, vulgo “mãos de tesoura”, encantou o chamado mercado neocapitalista mundial por sua coragem de dar notícias ruins aos cidadãos brasileiros, mal eles foram expulsos da Disneylândia eleitoral dos petralhas. Enquanto o subordinado gozava seus cinco minutos (talvez de dois a três anos) de poder e glória, a chefe saboreava sua volta à segurança da clandestinidade. Depois de um ano inteiro prometendo ao Zé Mané mundos e fundos para arrebanhar votos, sob os auspícios do marqueteiro João Santana (o poeta Patinhas do Bendegó), nada como fugir para um lugar onde não tinha de explicar que era tudo “mentirinha de marketing”. Sem deixar de aplicar os beliscões de praxe para mostrar quem manda.
Levy é economista e pensa que tem a força. Dilma, que se acha economista, é que manda e desmanda. Manda quem pode, quem tem juízo obedece. No palanque, ela jurou que devolveria os excessos inflacionários tungados do contribuinte no Imposto de Renda. À sombra e água fresca do palácio, vetou a correção de 6,5% para facilitar a tarefa de tirar R$ 20 bilhões desviados da Petrobrás para partidos, incluindo o dela, do bolso do cidadão que, sem padrinho, morre pagão.
Em Davos, Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), encheu a bola do ministro brasileiro apoiando suas “medidas impopulares”. Fê-lo antes de Dilma, que só aprovou o subordinado em público na reunião ministerial de ontem. Com isso, o Partido dos Trabalhadores (PT) teve tempo para imitar o “multipresidente” Ulysses Guimarães, que dava as cartas no governo Sarney enquanto liderava a oposição. A candidata jurou de pés juntos que não daria cabo de nenhuma conquista dos trabalhadores. A presidente repetente mandou escrúpulos e promessas às favas, dificultando o acesso ao seguro-desemprego, quando há indícios de risco para o emprego.
Alérgica à política, jejuna em contabilidade e avessa a economizar, a presidente não deu explicações satisfatórias da traição à classe operária. Mas seus áulicos tentaram minimizar os efeitos deletérios da falseta assegurando que as conquistas dos trabalhadores não foram afetadas porque a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não foi alterada. Falácia cínica! A CLT não é uma “conquista dos trabalhadores”, mas uma concessão do ditador Getúlio Vargas ao operariado para manipulá-lo a seu bel-prazer utilizando pelegos. Encarregado de consertar a lambança, Levy tentou dar sua contribuição teórica à tentativa de logro dela, assegurando: “O seguro-desemprego é um benefício ultrapassado”. Será? Pode até ser, mas isso nada tem que ver com a tunga. E, além de também ser outra falácia cínica, permitiu que ela lhe mostrasse que elogios de Lagarde não bastam para garanti-lo no cargo.
Só agora ela saiu da clandestinidade, mas ficou no palácio, para dizer a seus 39 ministros que teve de permitir a um auxiliar egresso da oposição que corte gastos com dor para manter seus programas sociais. Mas nunca pediu desculpas ao cidadão que votou nela e paga a conta pelo óbvio malogro.
Joaquim Levy era da segunda divisão da assessoria econômica do tucano Aécio Neves, derrotado por ela na eleição. O chefe dessa assessoria, Armínio Fraga, fez eco a Lagarde ao dizer que o ex-companheiro é “uma ilha no mar de mediocridade” que é o segundo governo Dilma. Se verdadeira, a afirmação traz uma boa e uma má notícia. A boa é que, como o governo anterior foi o pior de todos os tempos, dificilmente o atual terá como superá-lo em mediocridade. A ruim é que é mais provável que piore, sim!
O ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão, por exemplo, nunca condicionou à duvidosa brasilidade de Deus a chuva no sertão que virou país. Ou terá sido este país que virou sertão, eis a questão. Pelo visto, Lobão foi à aula de Geografia em que foi ensinado que Nordeste é Brasil e em muitos anos não chove no semiárido, apesar das súplicas dos sertanejos a São José, que criou o filho do Próprio. O devoto amazonense Eduardo Braga, que espera a interferência divina para pôr fim à “crise hídrica”, foi substituído na tarefa de pedir à população que aguente a falta de luz e água com resignação, e que devia caber a Dilma, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ainda mais insignificante do que ele.
Nossa presidente não foi a Paris repudiar o terror nem consolou os pais de Alex Schomaker, morto por bandidos no Rio. Mas criou uma crise diplomática porque a Indonésia fuzilou o traficante Marco Archer. Ressuscitou os lemas fascistoides “alma coletiva” e “pátria educadora”, mas cortou R$ 7 bilhões no orçamento da Educação quando 500 mil jovens tiraram zero na redação do Enem, acesso a um ensino superior cada dia mais inferior. Ela falha e não se manca; e quanto mais erra, mais desmandos pratica. Reuniu o Ministério para desejar um feliz “dois mil e cinzas” negando o que prometeu e prometendo mais do mesmo sem oferecer garantias de que o fará. Devia aprender com Churchill, morto há 50 anos, que a dar só tem “sede, suor e trevas”. Foi o que Renzi ensinou na Suíça.
fonte rota2014

"PT alimenta um falso conflito",

editorial do Estadão

 

Todo o debate suscitado pelas medidas de austeridade econômica e fiscal reafirmadas, com o aval da presidente Dilma Rousseff, na primeira reunião ministerial do segundo mandato realizada ontem em Brasília, parece excluir qualquer possibilidade de conciliação entre política econômica e fiscal eficaz e projetos sociais indispensáveis à redução das desigualdades.
Para os petistas inconformados com a decisão de Dilma de colocar nas mãos de uma equipe econômica "ortodoxa" a responsabilidade de promover as correções de estratégia política e de natureza fiscal que permitam a retomada do crescimento econômico, Dilma Rousseff está traindo o compromisso original do PT de combater as injustiças sociais. Ou seja: ou bem o governo cumpre a lei e administra suas contas com seriedade ou bem o governo cuida dos pobres. E quem defende a primeira hipótese está, é claro, contra os pobres.
Os primeiros quatro anos de Dilma foram uma tentativa claramente malograda de governar "à moda do PT", tentando controlar a inflação com medidas artificiais como o arrocho das tarifas públicas, abusando da contabilidade criativa para desfigurar as contas públicas, bancando programas demagógicos como o dos "campeões nacionais", do qual as desventuras de Eike Batista são a melhor tradução. Fazendo tudo, enfim, para, na contramão dos fundamentos que permitiram um bom desempenho econômico e social dos primeiros anos de Lula, reinventar a roda e impor a "política do PT".
Mesmo diante do retrocesso que os dados tornam indesmentíveis, os petistas insistem em pedir mais do mesmo. E o fazem, basicamente, a partir de duas motivações distintas: de um lado, os ideológicos, adeptos do capitalismo de Estado, para os quais qualquer tentativa de controle dos poderes dos governantes constitui afronta à defesa dos fracos e oprimidos. De outro lado, a corrente amplamente majoritária dos oportunistas obcecados pela ideia de perpetuar os privilégios de que desfrutam há 12 anos como membros da nomenklatura lulopetista. Para estes, a questão é simples: entre o discurso da austeridade e o dos projetos sociais, qual é o que dá voto?
Enxergar um conflito inconciliável entre a ortodoxia no controle das contas públicas e a promoção do desenvolvimento social é, na verdade, uma tendência, resquício da "guerra fria" do século 20, que continua dividindo o pensamento universal em duas correntes: os "ortodoxos", ou "neoliberais", de um lado, e os "desenvolvimentistas", de outro.
Essa questão é central na mais recente e elogiada obra do economista francês Thomas Piketty, O capital no século XXI, baseada em ampla pesquisa sobre desigualdade e distribuição de renda. Crítico da inflexibilidade do "determinismo econômico", principalmente quando se trata de questões relacionadas ao tema do livro, o autor tampouco preconiza a intervenção estatal na economia como solução para todos os males da desigualdade.
Piketty entende que "a dinâmica da distribuição de renda revela uma engrenagem poderosa que ora tende para a convergência, ora para a divergência", e que as principais forças convergentes, aquelas que tendem a reduzir a desigualdade, "são os processos de difusão do conhecimento e investimento na qualificação e na formação da mão de obra". Estes são, insiste o autor, os principais instrumentos "para aumentar a produtividade e ao mesmo tempo diminuir a desigualdade".
Para o economista francês a economia está longe de ser uma ciência exata e deveria ser considerada "subdisciplina das ciências sociais". Por outro lado, os sociólogos, historiadores, antropólogos, cientistas políticos e tantos outros cientistas sociais deveriam dar maior atenção aos estudos econômicos e "parar de fugir em pânico no momento em que um número aparecesse".
E o livro termina com uma reflexão que espelha o conflito alimentado principalmente por quem acha que austeridade é coisa de inimigo dos pobres: "Aqueles que possuem muito nunca se esquecem de defender seus interesses. Recusar-se a fazer contas raramente traz benefícios aos mais pobres".
fonte rota2014

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More