Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cacoete autoritário limita análises econômicas -

#vamosmudarbrasilia
EDITORIAL O GLOBO

Reação violenta de Dilma, PT e Lula à análise do Santander sobre pesquisas eleitorais lembra críticas à imprensa no mensalão e levará bancos a praticar a autocensura



Podia-se creditar apenas ao estado de nervos no núcleo da campanha da presidente Dilma a reação violenta dela, do seu partido e do ex-presidente Lula à análise feita para clientes preferenciais do banco Santander em que altas da Bovespa são relacionadas a pesquisas eleitorais negativas para o projeto da reeleição.

Para o PT, segundo seu presidente, Rui Falcão, tratou-se de “terrorismo eleitoral”. A própria Dilma considerou “inadmissível para qualquer país”, disse em sabatina na “Folha de S.Paulo”, a interferência do mercado financeiro no processo eleitoral. Já Lula, em um evento na CUT, pediu a demissão da analista responsável pelo texto. Talvez seja o primeiro político de origem no sindicalismo a defender publicamente a demissão de um assalariado.

Mas a explicação para reação tão violenta não é conjuntural. O vozerio petista tem a ver com o cacoete autoritário de frações hegemônicas no partido contra a liberdade de expressão. Mesmo de departamentos de análise de instituições financeiras, as quais, daqui para frente, praticarão a autocensura, como foi obrigada a fazer a imprensa durante a ditadura militar. Talvez este seja o objetivo da resposta petista em uníssono.

A imprensa profissional conhece esta reação típica petista diante de informações que não agradem o partido. Foi assim no escândalo do mensalão, em cujo início o próprio presidente Lula pediu desculpas ao país. Logo depois, ele e partido passaram a negar o malfeito e a acusar a divulgação dos fatos como parte de um projeto “golpista”. O Santander, grupo financeiro espanhol, sabe agora o que significa contrariar o PT. O presidente mundial do banco, Emilio Botín, por coincidência em viagem ao Brasil, acompanha de perto a pedagógica experiência.

Para azar do banco espanhol, no Brasil, em que o Estado tem grande ingerência na economia, o setor financeiro é particularmente vulnerável à ação regulatória dos governos. A mudança de uma resolução do Banco Central, numa penada, pode produzir milhões: em lucros ou prejuízos.

Entende-se, portanto, que mesmo campanhas publicitárias de grandes conglomerados financeiros privados reproduzam um certo ufanismo nacionalista típico da visão que o Planalto tem do país nesses tempos eleitorais. O que aconteceu na Copa do Mundo foi típico.

Em alguma medida, o Brasil de Dilma lembrou a Argentina de Cristina Kirchner. Lá, quando a economia estava subordinada ao truculento secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, escritórios de consultoria que divulgassem estimativas independentes da inflação eram punidos com pesadas multas. Moreno e Casa Rosada queriam impedir comparações com a inflação oficial, manipulada.

O Brasil, felizmente, devido a suas instituições, está muito distante da Argentina kirchnerista. Mas os governos têm cacoetes muito parecidos.



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Negócios e ideologia juntos contra ortografia -

#vamosmudarbrasilia

JOSÉ NÊUMANNE

O ESTADÃO -


Está nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Fux uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) em que sociedades civis de arrecadação de direitos autorais contestam a Lei 11.832, que, na opinião delas, autoriza o Estado a intervir numa atividade que é de exclusivo interesse privado. Antes de a Adin chegar a Fux, o presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, Cyro Miranda (PSDB-GO), foi autorizado a criar um grupo de trabalho para apresentar uma proposta de aperfeiçoamento dos Acordos Ortográficos vigentes. De fato, são dois, pois a presidente Dilma Rousseff adiou a adoção do Acordo Ortográfico de Lisboa, assinado em 1990, do ano anteriormente previsto, 2013, para 2018, e permitindo que também se escreva da forma como se escrevia antes.

Paulista de São José do Rio Preto, o senador, empresário e ex-dirigente de Associações Comerciais, entrou na política seguindo no PL o ministro Guilherme Afif Domingos, secretário da Micro e Pequena Empresa. Eleito em 2010 pelo PSDB, tornou-se conhecido como líder de um grupo que se opôs à extinção dos 13.º e 14.º salários para senadores. Ficou famosa sua frase segundo a qual sentia pena de quem dependia de vencimentos de R$ 19 mil mensais com a estrutura de que dispõe o Senado. E foi uma das cabeças do movimento para convencer a presidente a adiar para as calendas a substituição das antigas regras da ortografia pelas previstas na reforma.

Gaúcha de Lagoa Vermelha, repórter de economia de origem e ex-chefe da sucursal de Brasília da Rede Brasil Sul (RBS), da família Sirotsky, filiada à Rede Globo, a senadora Ana Amélia Lemos, eleita pelo PP de Paulo Maluf numa coligação com os tucanos, tornou-se uma fiel escudeira do senador. Nem Miranda nem Lemos tiveram veleidades em autoria literária, linguística ou no ensino do português. Mas adotaram as ideias do professor Ernani Pimentel, que promove na internet pelo site Simplificando a Ortografia um abaixo-assinado a favor de suas propostas.

Ernani Pimentel, fundador do movimento Acordar Melhor, atua de forma prolífica e polêmica na internet, dizendo-se professor de português há mais de 50 anos, linguista, autor e conferencista. Mas ainda não se deu ao trabalho de informar aos militantes pela ortografia simples, tema do livro que também promove, onde se formou, onde se doutorou e onde dá aulas. Nas entrevistas que deu ao astro da TV Globo Jô Soares e a telejornais como Bom dia DF e em seus manifestos contra a reforma proposta pelos parceiros lusófonos, o guru de Miranda e Lemos não perde tempo dando sugestões para simplificar a ortografia. Ele prefere palavras de ordem do tipo "simplificar a ortografia é promover a inclusão social".

Conforme nosso editorial A ortografia no Senado no sábado (página A3), "ele promove um abaixo-assinado pela 'racionalização e simplificação da ortografia', sem especificar, no entanto, o que deseja mudar. Especifica, no entanto, postular uma redução de carga horária de aulas de ortografia. Segundo o professor, hoje são ministradas 400 horas/aula desde o início do fundamental até o fim do ensino médio, e ele deseja que sejam utilizadas em torno de 150 horas". O Google, principal instrumento de difusão de suas ideias, não é pródigo em dados a respeito de sua vida. Nem sequer lhe foi dedicado um perfil de Wikipedia.

Nos textos publicados por Ernani Pimentel em jornais como o Correio Braziliense, pode-se concluir que o mestre do guru dos senadores é o linguista Marcos Bagno. Este, sim, é conhecido e seu livro, Preconceito linguístico, é debatido seriamente no meio acadêmico. Trata-se de uma espécie de bíblia de extremistas de esquerda que consideram os cânones gramaticais expressões da cultura do opressor, pois a língua deve ser um organismo vivo, alterado a bel prazer de quem a fala, o povo em casa e na rua, e não engessada por escritores, críticos e professores.

A ortografia pode ser, de fato, de interesse negocial. A decisão de Dilma de gerar o caos permitindo conviverem a ortografia que se usava e a que resultou da reforma aceita pelos países lusófonos com aval de suas academias de letras criou um paralelismo indesejável em que se vendem dicionários, vocabulários, livros didáticos e de ficção com as duas formas de escrever. É possível que o adiamento do que tinha sido combinado da adoção da nova ortografia tenha, então, interferido na economia popular, por forçar a família pobre a adquirir material escolar novo e desnecessário. Há quem discorde, por isso, da reforma. É o caso do autor destas linhas.

Isso não quer dizer, contudo, que o Senado - cujo presidente, o peemedebista alagoano Renan Calheiros, também não é um reconhecido cultor da "última flor do Lácio, inculta e bela" - possa arvorar-se a mandar reduzir as horas de aula da ortografia e submeter a língua escrita a caprichos ideológicos ou de "mestres" de currículo ignoto. A conexão entre negócios pouco claros e interesses ideológicos é óbvia no caso. O que se consegue reduzindo horário de aulas de ortografia e abolindo o conceito de erro no uso da língua escrita é o contrário do que se prega. Os populistas que querem acabar com o analfabetismo simplificando a forma de escrever (como se isso tivesse que ver com aprender a ler e compreender o que foi lido) são, de fato, elitistas fascistoides que promovem a interdição da norma culta, ou seja, dos tesouros literários, a quem tem dificuldade para aprender a ler e entender.

Isso é similar ao neocoronelismo de quem, a pretexto de baratear as obras negando o porcentual a pagar a quem as cria, quer eliminar os direitos autorais, praticados desde o século 18, quando as Revoluções Americana e Francesa consagraram os direitos humanos. Nos dois casos, nega-se ao pobre o direito de saber para ascender social, econômica e politicamente. Para evitar tal ignomínia a lei dá à Academia Brasileira de Letras o encargo de guardiã do vernáculo.




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Anomalias no caso Santander -

#vamosmudarbrasilia

FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP -


BRASÍLIA - Está quase tudo errado nesse episódio do Santander. Dilma Rousseff disse ser "lamentável" e "inadmissível" a análise que o banco espanhol enviou a seus clientes prevendo uma deterioração da economia se a petista se estabilizasse ou melhorasse sua posição nas pesquisas de intenção de voto.

É claro que há o direito sagrado à liberdade de expressão. Só que o próprio Santander parece ter uma visão oposta. Arrependeu-se, desculpou-se e demitiu o autor da análise anti-Dilma. Como bem escreveu ontem Clóvis Rossi, "é o clássico modelo de atirar pedras e esconder a mão".

Numa democracia, um banco tem o direito de reclamar em público da política econômica do governo. Nos EUA é assim. Instituições financeiras volta e meia dão opiniões fortes contra a administração federal. Mas talvez nenhum banco ousaria apenas imprimir uma análise no extrato bancário de seus clientes na esperança de que tudo ficasse encoberto.

Aí chega-se à reação despropositada do governo. A presidente da República fez uma ameaça velada ao Santander. Dilma deu a entender que está para aplicar algum castigo. É uma atitude quase medieval. Em vez de reclamar, o governo do PT poderia se preocupar em regulamentar mais o setor. Diferentemente do que propagam os agentes do mercado, falta muito para a fauna financista se comportar de maneira civilizada.

Por exemplo, publicar, como nos EUA, os salários dos principais operadores de empresas com ações em Bolsas de Valores. A regra foi tentada, parou na Justiça e o governo nunca moveu uma palha para destravar o problema. Seria pedagógico saber quais são os vencimentos e os bônus anuais dessa turma do retismo.

Por fim, tem a oposição. Reclamam (com razão) de Dilma querer surfar no episódio. Só que os candidatos anti-PT nada falam sobre como aperfeiçoar as regras de comportamento e de transparência do mercado. Seria esperar demais.




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Nacionalismo canhestro -

#vamosmudarbrasilia

MERVAL PEREIRA

O GLOBO -

De duas, uma: ou há uma conspiração internacional contra o Brasil, ou o governo brasileiro está flertando perigosamente com o perigo, alheio às advertências que partem de todos os lados sobre as fragilidades de nossa economia. Ontem, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que colocou o país entre as cinco economias mais vulneráveis do mundo, ao lado de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.

Também a agência de classificação Moody´s divulgou um relatório no qual afirma que a Petrobras é, entre as empresas petrolíferas da América Latina, a que corre o maior risco financeiro porque está sendo usada politicamente para segurar a inflação com o represamento dos preços de combustíveis no país.

E o que respondem nossos dirigentes? Ao mesmo tempo em que vibram com a derrota política que impuseram ao banco espanhol Santander, tratam de declarar platitudes, à espera de que as coisas melhorem por si, sem demonstrar a menor intenção de fazer mudanças no rumo tomado. Ao contrário, consideram que não há o que mudar.

A única concessão feita pela presidente Dilma foi admitir que o ex-presidente Lula errou ao julgar que a crise financeira que estourou em 2008 chegaria ao Brasil como uma marolinha . A presidente Dilma mais uma vez considera inadmissível o pessimismo em relação à economia brasileira, e compara-o ao pessimismo sobre a Copa no Brasil. Para Dilma, não há necessidade de mudanças. Ela nega que a inflação no país esteja descontrolada .

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o FMI comete o mesmo equívoco de outros organismos no passado, quando afirmaram que o Brasil estaria entre as cinco economias mais frágeis. Segundo o ministro, ninguém mais falou nesse assunto e nada aconteceu . Para ele, uma instituição financeira respeitável não faria uma análise dessas. Pois foi a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que comentou ontem o relatório sobre o Brasil, reiterando que há 15 meses o FMI vem repisando as mesmas fortes recomendações para que reformas estruturais sejam feitas, gargalos sejam reduzidos na economia e que o potencial, a capacidade de o Brasil entregar crescimento seja liberada. E isso não vem sendo feito .

Lagarde repetiu que o receituário para superar os obstáculos, é único: reformas estruturais, conserto dos problemas macroeconômicos como inflação alta, déficits em contas externas, desequilíbrios fiscais. A previsão do FMI é a de que o país será afetado duramente pela retirada de estímulos e pelo aumento de juros, especialmente nos Estados Unidos, se os emergentes continuarem crescendo abaixo do esperado, como ocorre há três anos.

A queda dos preços das commodities é outro fator que pode complicar a vida dos emergentes, alerta o FMI. Já a agência Moodys destaca que a estatal irá enfrentar também riscos políticos substanciais , pois está cerceada pelas políticas de preços para gasolina e óleo diesel . A Moody´s ressalta ainda que o cenário macroeconômico do país tem desacelerado desde a crise de 2009. A expectativa da agência é de crescimento de apenas 1,5% no PIB brasileiro, o que é uma previsão otimista, tendo em vista que a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, já está em 0,9%.

O tal mercado financeiro está cheio de dúvidas e de advertências à política econômica do governo brasileiro, e nossas autoridades brincam de um nacionalismo canhestro, como se mobilizar sindicatos e militantes políticos para demitir analistas de mercado e desmoralizar banqueiros internacionais fosse melhorar a situação de nossa economia.
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Terceirizar atividade-fim: é eficiente limitar? -

#vamosmudarbrasilia 19123

  SERGIO LAZZARINI

O ESTADÃO -


O Supremo Tribunal Federal deve analisar, em breve, julgamentos trabalhistas condenando a prática de terceirização de atividades consideradas, em tese, como "fim" - por exemplo, empresas agroindustriais que contratam prestadores de serviço de plantio ou empresas de telecomunicações que contratam operadores especializados de call center. Como destacado em ótimo artigo por José e Eduardo Pastore em 29/7 no Estado, a decisão pode ter impacto fundamental na legislação trabalhista.

Os críticos da terceirização se baseiam no argumento de que a empresa estaria repassando processos essenciais para prestadores de serviço externos somente para demitir e pagar menores salários. Ainda segundo o argumento, atividades terceirizadas poderiam causar uma "precarização" das relações de trabalho. Esse argumento, no entanto, tem um problema fundamental: como definir com exatidão o que é uma atividade-fim?

Voltando a um dos exemplos acima, uma empresa que processa um produto de origem agrícola precisaria realmente se envolver em atividade de produção rural? Qual seria, afinal, a sua atividade-fim? O processamento e a venda do produto industrializado ou a produção agrícola? Justamente para evitar esse questionamento inconclusivo, há muito o ferramental técnico especializado no tema mudou o foco do debate. A unidade de análise deve ser a transação. E as empresas deveriam organizar a transação da forma mais eficiente possível, independentemente se é considerada "fim" ou não.

Retornando novamente ao exemplo da empresa agroindustrial, imagine que a atividade de plantio ocorra só uma vez ao ano e exija um maquinário muito especializado. Pode ser muito ineficiente para a empresa fazer, ela própria, essa atividade. Uma empresa terceirizada poderia não só usar o maquinário em mais clientes, tornando-o menos ocioso, como também aprender ao longo do tempo como melhor executar a operação por meio de múltiplos contratos de serviço. Se os custos de desenhar, monitorar e fazer cumprir contratos entre o cliente e o fornecedor não forem muito elevados - os chamados "custos de transação", no jargão econômico -, então será mais eficiente para a empresa terceirizar.

Por outro lado, em alguns casos pode ser recomendável integrar uma atividade aparentemente não-fim. Por exemplo, muitos varejistas têm áreas internas de tecnologia de informação que poderiam, a princípio, ser terceirizadas. Mas, dependendo do grau de customização do serviço e do conhecimento exigido às necessidades da empresa, além dos riscos de vazamento de informação proprietária, os custos de transação podem ficar proibitivos. Essa lógica baseada em custos de transação já rendeu ao menos três Prêmios Nobel em Economia (Ronald Coase, Douglass North e Oliver Williamson).

É verdade que esse argumento não diz nada sobre o risco de precarização apontado pelos críticos. Esse risco existe e deve ser cuidadosamente observado. Mas a pergunta relevante é: a precarização é causada pela terceirização ou pela falta de fiscalização de uma determinada atividade? Se uma empresa não adere a práticas trabalhistas adequadas, o melhor remédio é obrigar a empresa-cliente a integrar essa atividade ou punir a má conduta da empresa prestadora de serviço? Na mesma linha, a preocupação com os menores salários exige um entendimento mais detalhado sobre as suas reais causas. Sabemos que salários respondem muito positivamente a investimentos em educação. Nesse sentido, os grupos organizados que se opõem à terceirização poderiam gerar um impacto muito mais duradouro nos salários se pressionarem por mais apoio ao treinamento e qualificação profissional dos funcionários de serviços terceirizados.

Em debates importantes como este, é preciso cuidar para não gerar "soluções" que podem até ter boa intenção, mas que deixam de atacar a raiz do problema e podem trazer efeitos deletérios para a produtividade do País.




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Os fatos da crise -

#vamosmudarbrasilia

  MIRIAM LEITÃO

O GLOBO -

A presidente Dilma disse à "Folha de S. Paulo" que "todos nós erramos" e "o mundo errou" ao minimizar a crise de 2008. Ela socializou um equívoco que a maioria não cometeu. O ex-presidente Lula chamou de "marolinha", mas economistas, jornalistas, empresários e até os dirigentes do Banco Central da época entenderam que era uma crise profunda. Basta ler o noticiário do período.

Quem errou na análise deveria assumir que errou. Seria mais tranquilizador, porque haveria menos risco de repeti-lo. Por exemplo, agora ela afirma que: "nenhum país se recuperou". E, de novo, os fatos e os números conspiram contra a convicção da presidente. Os países que enfrentaram o olho do furacão estão em recuperação, e as projeções de crescimento do PIB da Alemanha (1,9%), Estados Unidos (1,7%) e Reino Unido (3,2%) e até do Japão (1,6%) são maiores do que as do Brasil em 2014. O FMI projeta para o Brasil 1,3%. Os economistas pesquisados pelo Banco Central, 0,9%.

O mundo hoje não é culpado pelo nosso fraco desempenho porque Estados Unidos, Europa e Japão estão em recuperação e com juros próximos de zero. A economia externa tem ajudado, mesmo assim o crescimento do país tem encolhido e a inflação não sai do teto da meta. Era o momento de aproveitar e crescer. Depois, quando os juros americanos subirem, haverá menos capital para nos financiar.

Dilma tem razão sobre a taxa de desemprego. Ela veio caindo ano a ano durante todo os governos Lula e Dilma. É a menor taxa desta série: 5% na Pesquisa Mensal de Emprego. O enigma sobre o qual sua administração deveria estar debruçada é: por que, com taxa de desemprego tão baixa, há uma explosão do custo com o seguro-desemprego de 345% desde 2003, quando a inflação do período foi 71%? O aumento da formalização não explica alta tão forte.

Voltando ao crescimento e olhando em volta, o que se vê? Das dez maiores economias da América Latina, o Brasil só cresceu mais do que o México e a Venezuela no acumulado desde o ano da crise. A Venezuela está no descaminho há muito tempo, e o México sofreu o baque de frente da economia americana, da qual é excessivamente dependente. O Brasil cresceu 19,3% no acumulado entre 2008 e 2013. O Chile cresceu 25%; Colômbia, 26%; Equador, 30%; Bolívia, 34%; Argentina, 35%; Uruguai, 37%; e Peru, 43%.

Nesse grupo de dez, nós temos a quinta maior inflação acumulada. Só ficamos melhores do que a Venezuela e a Argentina, que estão com taxas descontroladas, Uruguai e Bolívia.

O Brasil está crescendo menos do que a maioria dos países da região, e com mais inflação que a maioria dos vizinhos. Não é a crise externa que está nos afetando agora. Já nos afetou no passado. Os maiores problemas são feitos por nós mesmos.

A propósito, o Brasil lidou bem com a crise no primeiro momento. Apesar de o ex-presidente Lula ter minimizado o tamanho da onda, o Banco Central não cometeu esse erro. As medidas anunciadas pelo BC foram ágeis, eficientes e amorteceram o impacto. O país crescia a 6%, em 12 meses, quando houve a quebra do Lehman Brothers e toda a desorganização financeira externa, e foi para um quadro recessivo em 2009. Recuperou-se em 2010. Mas ao usar abusivamente de subsídios a setores, alquimias fiscais e estímulo ao endividamento, o país colheu baixo crescimento e alta inflação.

Não há um "pessimismo inadmissível" no país. Há uma constatação de que o quadro é desfavorável. Os sinais são frequentes: ontem foi a Sondagem da Indústria da FGV; na sexta-feira, será a produção industrial do IBGE. Negar o problema não o faz desaparecer.




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Argentina não é mais aquela -

#vamosmudarbrasilia

VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP -

Um calote dos vizinhos deve afetar menos as finanças do Brasil desta vez, mas não sairá de graça


A ARGENTINA pode estar em calote hoje. O Brasil é um dos países mais frágeis entre "emergentes" maiores, escreveu o pessoal do FMI num relatório divulgado ontem.

A produção de más notícias domésticas continua em ritmo notável, ainda que não desastroso. Risco de tumulto na vizinhança e degradação da imagem econômica brasileira certamente colaboram para deteriorar a nossa situação. Mas pouco, provavelmente. Pior mesmo é que a confiança de empresários (indústria e comércio de São Paulo) ainda cai, assim como o total de crédito concedido a taxas de mercado, sem direção do governo, como se soube ontem.

A Argentina tinha até hoje para chegar a um acordo com credores que ganharam na Justiça dos EUA o direito de receber na íntegra dívidas repudiadas no calote de 2001, para resumir de modo breve uma história enrolada. Sem acordo ou pagamento (impossível), a Argentina dará oficialmente outro calote.

O "evento de crédito" não deve mexer com a finança mundial, provavelmente nem com a brasileira, embora as sequelas do calote devam deteriorar a situação argentina, segundo até os raros observadores ponderados da economia dos vizinhos.

Desde 2001, a Argentina está fora do mercado de crédito mundial, praticamente não se financia lá fora. Logo, esse calote não vai afetar dívidas novas, que praticamente inexistem. Além do mais, apesar da desconfiança em relação a países emergentes "frágeis" ou "vulneráveis", a finança mundial não deve associar os problemas desses "emergentes" aos da teratológica situação argentina. Isto é, não deve haver "contágio".

No entanto, os argentinos esperam desvalorização adicional do peso, o que deve dar em mais inflação e recessão algo maior. A Argentina, como se sabe, compra muito produto industrial do Brasil. Comprava, aliás. Deve comprar ainda menos, com calote e mais crise.

Neste semestre, as vendas brasileiras para a Argentina caíram 25,5% em relação ao primeiro semestre de 2013. As exportações de carros caíram 47%. As de caminhões, 44%. De autopeças, 39%. Quem vende tratores, pneus, sapatos, máquinas e matéria-prima de plásticos também pena.

Não é um desastre extenso, mas atrapalha bem, como parece óbvio, dado o peso da indústria automobilística.

O FMI fez ontem algumas manchetes de noticiários "em tempo real", mas chove no molhado. Repete diagnóstico vulgarizado desde meados de 2013: países com inflação e deficit externos altos estão mais sujeitos a tensões quando vier o aperto monetário nos EUA, em 2015. O Brasil está nessa lista, com África do Sul, Argentina, Índia, Indonésia, Rússia e Turquia.

No caso de reação tumultuada da finança à mudança dos juros americanos, pode haver menos crédito externo, venda de ativos brasileiros (juros sobem, ações caem, real se desvaloriza), como se viu na reação demente do "mercado" a um indício de aperto americano, de maio de 2013 ao início deste ano.

Tudo isso, Argentina, FMI, tensão financeira, aperta o nosso calo. Mas nosso problema principal é ter dado tiros no próprio pé (consumo, inflação, juros e deficit externo e fiscal altos).




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Governo de Agnelo é tão ruim que população do DF prefere um ex-presidiário

#vamosmudarbrasilia
REINALDO AZEVEDO

O governo de Agnelo Queiroz, do PT, no Distrito Federal é de tal sorte desastroso que um ex-presidiário, que deixou o governo de forma desmoralizante, lidera a corrida. Se a eleição fosse hoje, José Roberto Arruda, do PR, teria 32% dos votos. Em segundo lugar, viria o atual governador, com 17%, seguido por Rodrigo Rollemberg, do PSB, com 15%. Mas não é só no “sim” que Agnello exibe números sofríveis; também no “não”. Nada menos de 48% dizem que não votariam nele de jeito nenhum — uma rejeição bem maior do que a de Arruda, que aparece com 32%. Rollemberg é rejeitado por apenas 7%.
A esta altura, Agnelo está torcendo para que a candidatura de Arruda seja cassada pela Justiça. Por mais que se possa lamentar, sinceramente não vejo como isso poderia ser feito dentro dos limites da lei. Por quê? Já http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/de-novo-a-candidatura-de-arruda-no-df-o-estado-de-direito-e-os-juizos-de-excecao/ a respeito.
A Procuradoria Regional Eleitoral resolveu questionar na Justiça a candidatura do ex-governador. Por quê? Segundo a lei, ele é agora um “ficha suja”. Foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa. Acontece que a jurisprudência da Justiça Eleitoral considera que existe um marco temporal para a tal “ficha suja” inviabilizar uma candidatura: a data do registro. E a condenação de Arruda é posterior a esse registro. Caberá ao Tribunal Regional Eleitoral tomar a decisão. Se for contrária a Arruda, ele poderá recorrer ao TSE No pedido de impugnação, argumenta a Procuradoria: “A inelegibilidade decorrente de condenação por ato de improbidade administrativa pode ser arguida na fase de registro, mesmo que a decisão seja publicada depois da data-limite para o requerimento, como é o caso em exame”.
Mas esperem: não é a publicação que é posterior ao registro; é a condenação. Aí as coisas se complicam. A Procuradoria argumenta ainda: “Não é demais acrescentar que, no caso em exame, se o impugnado vier a ser eleito, sem reversão da atual decisão acerca da improbidade ou suspensão de seus efeitos, não poderá ser diplomado no cargo de governador, o que levará à anulação dos votos concedidos à chapa e à consequente anulação da eleição”. Releiam o que vai acima. O raciocínio feito pela Procuradoria é o seguinte: como é grande a chance de que ele venha a ser punido depois, então vamos aplicar a punição já para evitar contratempos. Máxima vênia, não é assim que se constrói o estado de direito. Se esse entendimento da lei prospera, as punições começarão a ser aplicadas antes dos julgamentos. Já escrevi aqui que a Papuda pode até ser um bom lugar para  Arruda, mas segundo a lei, não contra ela.
Cabe lembrar um fato adicional: quando Arruda caiu em desgraça, era um governador muito bem-avaliado — ao contrário de Agnelo. Vamos ver o que acontece depois do início da campanha. Se Rollemberg chegar ao segundo turno contra qualquer um dos dois, pode se tornar o favorito em razão da rejeição (num caso) ou do passado (no outro) de seus adversários.
Senado
No Distrito Federal, o PT vai mal também na disputa pelo Senado: o favorito é Reguffe, do PDT, com 31%. O petista Geraldo Magela está em segundo, com 16%. Gim Argello, do PTB, está com 13%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) sob o número DF-00022/2014 e no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-00267/2014. O Ibope ouviu 1.204 eleitores, com margem de erro de três pontos para mais ou para menos.
Por Reinaldo Azevedo

¡Que venga el toro! -

#VAMOSMUDARBRASILIA

  ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP -

A análise do banco nada tem de controverso; é o óbvio, amplamente noticiado, que virou objeto de censura


Antes de tudo, um alerta: para quem não sabe, fui economista-chefe do Santander entre 2008 e 2011, demitido após discussão pública com o então presidente da Petrobras. Digo isso porque quero hoje tratar do imbróglio que envolveu o banco na semana passada, quando foi publicada análise relacionando o desempenho da presidente nas pesquisas eleitorais ao comportamento da Bolsa, do dólar e de outros ativos.

A análise nada trouxe de controverso. Aqui mesmo na Folha, no dia 19, lia-se na página B3: "Bolsa chega ao maior nível em 16 meses", notando que "as ações de empresas estatais dispararam na BM&FBovespa e impulsionaram o principal índice da Bolsa brasileira nesta sexta-feira (18), após pesquisa Datafolha ter apresentado empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB)". Acrescentou ainda que, "desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da presidente (...), o mercado de ações nacional, que caía e acentuava queda (...), mudou de tendência".

O governo e o partido podem não concordar com a avaliação do mercado, mas, conforme descrito pelo jornal, trata-se de um fato: para bem ou para mal, a percepção é que uma mudança de orientação de política econômica terá efeitos positivos sobre as empresas brasileiras, em particular as sujeitas a controle acionário governamental.

E é bom notar que o tal mercado pode ter as preferências ideológicas que quiser, mas, na hora de comprar ou vender uma ação, o que menos interessa é ideologia; é sempre a perspectiva de lucro que move esses agentes. Posto de outra forma, ninguém rasga dinheiro em nome de suas convicções políticas.

O texto do banco, enviado a correntistas com renda mensal superior a R$ 10 mil, supostamente mais propensos a operar no mercado financeiro, nada mais fez do que compartilhar esses fatos, e por um motivo muito claro. Bancos têm um dever fiduciário com seus clientes: não podem omitir ou distorcer informações relevantes para sua tomada de decisão.

Em particular, a opinião das áreas de pesquisa deve refletir exatamente esse tipo de preocupação. Analistas não estão certos o tempo todo, mas é claro que suas conclusões não devem ser guiadas pelos interesses da instituição financeira. Não por acaso as regras buscam (nem sempre com sucesso, diga-se) isolar a pesquisa econômica das posições próprias do banco e mesmo de áreas que gerenciam as aplicações de clientes (fundos de investimento), precaução devidamente apelidada de "muralha da China".

Nesse sentido, a decisão de demitir os analistas que expuseram, mais que uma opinião, um fato representa uma violação desse procedimento. A alegação de que a análise conteria "viés político ou partidário" não se sustenta diante da própria diretriz interna que "estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas". Não há, como se viu, a menor dúvida de que as perspectivas acerca da eleição presidencial são mais que relevantes para afetar a vida financeira dos clientes.

A consequência desse comportamento é óbvia (e aqui falo em termos gerais, não do banco em si). Se a autonomia da pesquisa é ameaçada, a credibilidade da análise fica comprometida, a despeito das qualidades do analista. Quem, de agora em diante, pode confiar em relatórios se não sabemos a que tipo de filtros estes se encontram sujeitos?

O maior perdedor é o debate econômico, ainda mais numa conjuntura em que --em face de desafios nada triviais no futuro próximo-- ninguém se aventura a discutir a sério o que precisa ser feito para colocar a economia brasileira de volta nos eixos. Se até o óbvio, amplamente noticiado (ainda bem!) pela imprensa, vira objeto de censura, pouco falta para que fujamos da controvérsia como quem tem um miúra nos calcanhares.




FONTE AVARANDABLOGSPOT

‘A sua TV nova, linda e cara’

#VAMOSMUDARBRASILIA

Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Atenção, pessoal que comprou uma TV LED de alta definição, tela enorme, som surround, com toda a tecnologia de última geração, para ver o Brasil ganhar a Copa: no dia 19 de agosto começa o Horário Eleitoral Gratuito.
Gratuito para quem, cara-pálida? Para o Tesouro não é, pois deduz dos impostos das emissoras de rádio e TV o valor do tempo de propaganda – e, ao contrário do que ocorre com qualquer anunciante, que tem desconto, o Tesouro paga a tabela cheia. Para os candidatos também não: elaborar um bom programa para o horário eleitoral é caríssimo. É a principal despesa, hoje, da campanha. Para a democracia o prejuízo é maior ainda: graças ao horário eleitoral, dezenas de partidecos se formam, só para vender seu tempo aos partidos maiores. Podem receber dinheiro ou cargos no Governo. Isso explica o inchaço do número de Secretarias estaduais e Ministérios: é preciso pagar a turma que vende o tempo. Explica também as estranhíssimas alianças: em troca de alguns segundos no horário gratuito, partidos e candidatos mais fortes vendem a mãe, e entregam.
Este colunista já defendeu o horário eleitoral gratuito, em nome da democracia, por abrir a todas as correntes o acesso à divulgação de suas ideias. Hoje é contrário, em nome da democracia, por ter visto que tudo virou negócio. Pois há, além de alianças esquisitas, também partidos que não se aliam mas vendem o tempo para falar mal dos adversários de quem os comprou.
Chega de propaganda paga por nós. Quem quiser ser chato e falar besteira que pague por isso.

Caça ao tesouro
Na hora em que estiver com paciência, assista a um horário eleitoral inteiro. Em todos os programas, aparecem criancinhas felizes abraçando o candidato, há um “fala povo” (pessoas que, de maneira obviamente espontânea e gratuita, o elogiam). Se o candidato for do Governo, mostrará hospitais mais modernos que os americanos, escolas padrão FIFA com alunos delirantes de alegria, ruas bem iluminadas e de segurança máxima, onde não há roubos desde que o benemérito partido que apresenta o candidato chegou ao poder. Se o candidato for de oposição, mostrará onde seu partido fez hospitais muito melhores que os ali existentes, com escolas padrão FIFA como as que vai construir, e bandidos na cadeia.
Há outra coisa comum a todos. Se o caro leitor encontrar uma única e solitária verdade no que dizem os programas, ganha um vídeo de Alemanha 7 x Brasil 1.
Copiando!
Do portal Diário do Poder (www.diariodopoder.com.br), por Cláudio Humberto: “Trabalhar faz bem para finanças, ou pelo menos o Ministério do Trabalho parece fazer. Em 2006, Carlos Lupi tinha R$ 638 mil em bens. Após virar ministro de Lula, o patrimônio de Lupi disparou aos atuais R$ 1,2 milhão.”
Dinheiro eleitoral
O portal UOL levantou no Tribunal Superior Eleitoral quem são os dez maiores doadores de campanha eleitoral no país. Em 2010, doaram legalmente R$ 496 milhões a partidos e candidatos. Das dez empresas doadoras, sete foram investigadas, ou ainda estão sendo, por indícios de corrupção envolvendo contratos públicos. Nada mais natural, explica Gil Castelo Branco, fundador e secretário-geral da organização Contas Abertas: “Não é doação, é investimento. Existem estudos que indicam que, de cada R$ 1 doado em campanha, as empresas conseguem outros R$ 8,5 em contratos públicos”. Doadores e beneficiados estão em http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/07/28/sete-dos-dez-maiores-doadores-de-campanha-sao-suspeitos-de-corrupcao.htm
Crime eleitoral
Dilma balança, mas segue como favorita para a Presidência. Não faz mal: há gente no Governo para quem vale tudo. Pelo menos onze computadores do Governo Federal, localizados no Palácio do Planalto, sede da Presidência, e no Serpro, Serviço Federal de Processamento de Dados, foram usados na campanha eleitoral, gastando o dinheiro do contribuinte, seja ele favorável ou não à candidata do PT.
De computadores oficiais saíram mudanças na Wikipédia, com retirada de menção a investigações do Ministério Público sobre irregularidades na Funasa, na época em que Alexandre Padilha era diretor de Saúde Indígena; em troca, entraram elogios a Padilha. Em 2010, a Wikipédia já tinha sido alterada por um computador oficial, que incluía informações da propaganda petista sobre intenções que atribuía ao tucano Serra de “acabar com todas as empresas estatais”.
É crime eleitoral. Mas, para descobrir quem usou os computadores, o Governo Federal precisará colaborar com as investigações, o que até agora não fez.

A REFORMA POLÍTICA DA CNBB, OAB E OUTROS. QUE OUTROS?

#vamosmudarbrasilia
PERCIVAL PUGGINA
Buscando informações sobre o projeto de reforma política que vem sendo objeto de coleta de assinaturas, descobri uma nova dimensão da hegemonia que se estabeleceu sobre a nação. Qual o partido ou tendência ideológica que lhe vem à mente quando eu menciono MST, CUT, Via Campesina, CONTAG, UNE? Pois bem, fazendo a tal busca, obriguei-me a ler as 23 páginas do projeto de lei que "dispõe sobre o financiamento das campanhas eleitorais e o sistema de eleições proporcionais". Tratei, igualmente, de saber de onde ele veio. Esse projeto, foi divulgado em outubro do ano passado pelo movimento Eleições Limpas (www.eleicoeslimpas.com.br) e hoje é acionado por uma certa Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas (procure no Google por esse nome e clique em "Quem somos").
Vê-se, ali, que a coalizão é formada por 99 entidades - sim, você leu certo, 99! - contadas uma a uma. Entre as já mencionadas, ainda encontrei outros velhos conhecidos: FENAJ, UBES (estudantes secundaristas), CNTE ("trabalhadores" em educação), CONIC (aquele Conselho Nacional de Igrejas Cristãs que apoiou oficialmente o PNDH-3), o MMC (Movimento das Mulheres Camponesas, aquelas que invadiram os laboratórios da Aracruz em 2006), um certo Fórum Paulista de Participação Popular (cujo site é encimado por peça publicitária de um candidato do PT a deputado federal), a Via Campesina, a UBM (entidade de mulheres pró-aborto), RFS (Rede Feminista de Saúde, pró-aborto), a REBRIP (rede de ONGs e movimentos sociais com propostas "alternativas"), a Liga Brasileira de Lésbicas, o Movimento Evangélico Progressista, a Articulação Mulheres Brasileiras (pró-aborto e contra os direitos dos nascituros). E por aí vai. Sabe quando a oposição conseguirá reunir algo semelhante a esse formidável elenco de militantes ONGs, grupos, movimentos, uniões, conselhos, redes, ligas, associações, federações, centrais, etc.?
Encimando a lista, mas como fios da mesma meada, luzem os logotipos e as siglas da CNBB e da OAB. Isso mesmo. Mais uma vez, você leu certo. As duas entidades, juntam-se a estranhíssimas parcerias, revolucionárias umas, desrespeitadoras da lei outras, objetivamente criminosas outras mais, para propor à nação uma "reforma política" praticamente igual à que o PT sempre pretendeu. Quem duvida, informe-se. O 3º Congresso do PT, em 2007, definiu-se por uma reforma política que estabelecesse: 1) o financiamento público das campanhas; 2) o voto em listas fechadas; 3) a representação de gênero, raça e etnia. O projeto da Coalizão: 1) cria o financiamento público e proíbe o financiamento de empresas; 2) estabelece o voto em lista fechada; 3) gratifica com mais recursos públicos o partido que apresentar candidatos de segmentos sociais minoritários. E faz dois adendos ao projeto do PT: 1) admite o financiamento de pessoas físicas até o limite de R$ 700; 2) acrescenta à proposta petista um segundo turno nas eleições parlamentares para o ordenamento final das cadeiras por voto nominal. Nem uma palavra, nem um pio, sobre o que mais importa: delegar a chefia de Estado e a chefia de governo a pessoas distintas, impor o desaparelhamento partidário da administração pública e estabelecer o voto distrital misto.
Com esses apoiadores e tanta identidade de pontos de vista, eu não preciso saber mais para compreender a quem serve esse projeto. E concluo: se ele serve a quem serve, não serve ao Brasil.

NÃO EM MEU NOME!

William Douglas, Professor de Direito Constitucional, Mestre em Estado
e Cidadania (UGF), pós-graduado em Políticas Públicas e Governo
(EPPG/UFRJ)

Entendo que Israel e os palestinos têm muito a caminhar para que possa
haver paz, e que guerras são ruins para todos. Contudo, a forma como
nosso governo se posiciona é totalmente infeliz e, pior, contra o que
diz nossa Constituição.

Como cidadão e professor de Direito Constitucional, registro que todos
devem respeitar o que está na Constituição Federal. Nenhum governo,
mesmo que eleito democraticamente, tem autonomia para agir contra
aquilo que determina nossa Carta Magna. Nesse sentido, vejamos:

“Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.”



A VERGONHOSA e LASTIMÁVEL Nota emitida pelo Itamaraty, em nome do
país, viola a Constituição, como podemos demonstrar:

I - independência nacional; - A Nota quer que Israel abra mão do
direito de se defender e de evitar mísseis (+ de 2.000) e túneis
utilizados contra sua população civil.

II - prevalência dos direitos humanos; - A Nota “esqueceu” que o Hamas
obriga civis, mulheres e crianças, a servirem de escudo humano e
combustível para propaganda contra Israel. Isso para não falar de
esconder mísseis em escolas, mesquitas e hospitais, inclusive da ONU.

III - autodeterminação dos povos; - Ao emitir Nota em formato tão
infeliz, o Itamaraty reduz sua capacidade de ajudar a criar um Estado
Palestino e também desrespeita o direito de defesa de um país que está
sendo constantemente atacado por mísseis lançados contra alvos civis.

IV - não-intervenção; O governo brasileiro está intervindo de modo
parcial, injusto, panfletário, contrário à CF e, pior, contra o item
VIII, abaixo.

V - igualdade entre os Estados; A Nota indica que nosso governo não vê
problema em terrorismo contra Israel, mas não aceita que Israel se
defenda. Repito: as vítimas civis são muitas por culpa do próprio
Hamas, a quem a Nota quer defender. Nesse passo, mísseis contra civis,
mulheres e crianças em Israel não foram objeto de crítica. Que
igualdade entre Estados é essa?

VI - defesa da paz; Chamar o Embaixador Brasileiro é ato de
hostilidade, em especial por falta de base razoável para gesto dessa
magnitude.

VII - solução pacífica dos conflitos; Israel fez várias ofertas de
cessar-fogo antes e depois de iniciado o conflito, todas recusadas
pelo Hamas que, por querer a extinção de todos os judeus, não quer
solução pacífica. O governo brasileiro está defendendo quem vai de
encontro aos princípios escolhidos pelo povo brasileiro, os quais
podem ser lidos na nossa Constituição.

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; O Itamaraty ficou do lado
dos terroristas. A forma como trata Israel, notoriamente um Estado
judeu, não está muito longe da prática de racismo e preconceito,
comportamentos que são contrários às normas legais brasileiras.
Antissemitismo também é inaceitável.

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; O
Itamaraty, ao invés de ajudar a cooperação, a desestimula e prejudica.
E se isso já não bastasse, ainda reduz a credibilidade do nosso país
na comunidade internacional.

A alegada “desproporcionalidade” só demonstra falta de conhecimento
histórico, militar e da própria situação em tela. Como disse o
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal
Palmor, “não é assim na vida real” e "a única razão para não termos
centenas de mortos nas ruas de Israel é termos desenvolvido um sistema
antimíssil e não vamos nos desculpar por isso. Se não tivéssemos esse
sistema haveria centenas de pessoas mortas nas ruas de Israel. Isso
seria considerado proporcional?".

Por fim, vale lembrar que o mesmo Itamaraty faz “vista grossa” para a
agressividade desproporcional contra os oposicionistas do governo
chavista da Venezuela. Antes disso, como citado por Reinaldo Azevedo,
“em 2006, na gestão Lula, com Celso Amorim à frente do Itamaraty, o
Brasil se absteve de uma resolução condenando o governo do ditador
Omar al-Bashir, do Sudão, pelo massacre de pelos menos 500 mil
cristãos em Darfur.”

Ao apoiar incondicionalmente o Hamas, o Itamaraty tem responsabilidade
sobre a morte de cada civil, cada ferido, cada criança e cada mulher
usados como escudos humanos. Ir contra isso protegeria estes
palestinos. Algum governante de Gaza, onde há muito não se realizam
eleições, pode simplesmente pensar: “- Para que parar de usar essa
estratégia se o Brasil, nosso aliado, não a critica?”

Matar cristãos, pode; matar oposicionistas na Venezuela, pode; apoiar
o terrorismo iraniano, pode; desrespeitar a Petrobras na Bolívia,
pode; usar palestinos como escudo humano, pode; usar hospitais e
mesquitas como depósito de armas, pode. Porém, Israel se defender, não
pode. Definitivamente, a postura do Itamaraty está indo contra o que
determina nossa Constituição.

O Itamaraty não pode apoiar terroristas. Simples assim. Se alguém quer
fazer isso, não pode fazê-lo em nome do país. Fale como pessoa física,
nunca em meu nome.

Não em meu nome.

Memórias do futuro -

#VAMOSMUDARBRASILIA

ARNALDO JABOR

O GLOBO - 
Estou na clínica especial do Nada aqui neste ano remoto do futuro. Futuro de quê? Futuro de um futuro que o Brasil esperava havia vários séculos. Essas clínicas são chamadas hoje de “zonas de esquecimento”; viraram “hype” há mais de um século e hoje abundam. Os sujeitos entram para perder todos os sentidos. Fica apenas a memória, que, aos poucos, sem ajuda de tato, gosto, cheiro, visão e audição, vai se transformando numa leve fonte de murmúrios, em lapsos de visões, em tênue brilho de lembranças, e depois, o silêncio do nada. Muitas clínicas são arapucas, e as mais baratas apenas jogam os pacientes numas salas vazias e deixam-nos na mistura de restos de comida e excrementos. Ninguém reclama. Mas eu vivo na melhor: “Le Néant”, que as famílias visitam para verificar o tratamento – é impecável no trato dos corpos sorridentes, murchos e mudos.

Hoje, inexplicavelmente, me encontro na rua com sol batendo em meus olhos, e volta a mim uma enxurrada de memórias que eu sempre evitara. Como saí? Em que ano estou? Minha lembrança mais antiga jaz no deserto, quando o Califado Islâmico tomou conta do Oriente Médio, chegando até as bordas de Israel-Palestina, já considerada “área insolúvel” e que virou parque temático.

Muitas terras viraram temáticas também: a desolação de Nueva Iork, depois das nuvens de “antrax” na Broadway, o Buraco Iraque, depois da bomba do ex-Paquistão – hoje Talibânia –, e o deserto de Tokyorama, província da China...

Mas vou me ater às memórias do Brasil.

Sei que há muitos anos o futuro do país se delineou. Foi logo depois da reeleição de uma mulher...

Esqueço-lhe o nome... Sei que, depois, o famoso Lula sucedeu-lhe em 2018, continuando em 2022, criando uma dinastia de si mesmo, reeleito em vários mandatos, até 2034, quando ele já não falava mais e tinha sido mumificado num carro móvel de vidro que desfilava entre a multidão de fiéis ajoelhados. A maioria do povo semianalfabeto celebrava a realização do projeto do seu partido, uma espécie de populismo pós-moderno (como chamavam) feito de pedaços de getulismo, chavismo e outras religiões. Quando se iniciou a decomposição, seu corpo foi entronizado no Museu Bolívar, um palácio de mármore vermelho desenhado por Oscar Niemeyer, tendo como curador Gilberto Carvalho, 108.

Nesta época, o velho Brasil tinha renascido como rabo de lagarto. Voltara a correção monetária sob uma inflação de 2.200%, um flashback do período Collor, agora representado por seu neto na grande aliança ainda presidida por Sarney, 117, que visava unir partidos no programa nacional de “decrescimento”, já que a democracia se revelara um antigo sonho grego impossível. Todo o projeto do “lulismo” tinha dado frutos depois de tantos anos no poder. “Podres poderes!” – rosnavam alguns poucos inimigos, urubus complexados. Tinha-se atingido o sonho glorioso de socialismo “puro”, onde só havia o Estado sem sociedade em volta. Era assim.

O MST tinha finalmente desmontado a maldita agroindústria, as manifestações de junho viraram uma data popular, como festas juninas animadas por black blocks, considerados agora “guarda revolucionária”; a imprensa tinha acabado, graças à proibição de papel, enquanto ex-jornalistas gritavam nas ruas e distribuíam panfletos mimeografados.

Foi nessa fase que houve o Segundo Crash da Bolsa de Nueva Iork, entre nuvens de suicidas e filas de desempregados.

Aqui foi uma surpresa. O Brasil quebrou, e nada aconteceu. Houve, claro, legiões de famintos atacando os supermercados, mas logo ficou claro que a miséria é autorregulável. Muito simples: a fome diminui a população, dado benéfico para a incrível falta de comida, provocada pela decisão do governo de jamais cortar gastos fiscais. Nossos aviões e navios passaram a ser confiscados regularmente pelos países do Império Neoliberal, o que foi bom para desonerar gastos de manutenção.

Foi então que se começou a falar em um novo lema: “Ordem sem Progresso”, no seio de um novo movimento de salvação nacional: o “Recua Brasil!”. Entendêramos finalmente que o Brasil é um “acochambramento” secular e que isso não é um defeito, é nossa grandeza fabricada por séculos de escravismo, de burocracia e de corrupção endêmica.

A nova “república” proclamava: “Vamos assumir nosso atraso, chega de progresso!”. Foi outro grande alívio o fim da angústia de progresso que oprimia os brasileiros: a Paz é a desistência dos sonhos de felicidade.

Daí, veio o movimento “Desiste Brasil”, organizando o antigo caos em ilhas, em zonas de atraso. Um dos sucessos foi o PEP, “Plano de Extermínio de Periferias”. No início, alguns humanistas protestaram, mas, depois, se acostumaram com o fechamento das favelas com muros de concreto, como em Gaza-Auschwitz. Outro grande programa foi o PROCU (Projeto de Criminalidade Unificada), que mapeou as máfias todas, a evangélica, a ruralista, a hospitalar, a de traficantes, formando um arquipélago de áreas exclusivas com regras de matança mais controláveis. Sem falar em iniciativas de vanguarda moral como a COPUT (Cooperativa de Prostituição Infantil), que organizou as meninas de rua e incentivou o turismo sexual de que tanto dependemos.

Isso, além do PROCRACK e do PROMERD (cagadas genéricas) e a PROLIM (venda de liminares “a priori”). Criou-se o “Orçamento Espoliativo”, que os congressistas adoraram, com sete novos necrotérios em Alagoas e nove clínicas essenciais de cirurgia plástica no Piauí, de onde veio também a bela ideia da “Comunidade Sossegada”, que distribui Lexotans aos retirantes da seca.
Mas foi aí que comecei a tremer. Olhava os outros do meu canto: pareciam tão felizes...

Sim, mas de vez em quando eles entravam num choro meloso, um uivo desesperado como as sirenes que circulavam em Nueva Iork, no século XXI. Meu terror foi aumentando. Eu estava só, mas via o repulsivo Futuro brasileiro, preparado por séculos de atraso. Corri de volta à minha “zona de esquecimento”, a “Le Néant”, mergulhei no silêncio dos cinco sentidos e cego, surdo e mudo, pude finalmente descansar no nada.



FONTE AVARANDABLOGSPOT

Carnes vivas - PEREIRA COUTINHO

#VAMOSMUDARBRASILIA

JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP -
Casais devotam aos filhos a mesma atenção obsessiva que um pesquisador dedica aos seus ratinhos de laboratório


Tive uma infância de príncipe. Passei longas horas na rua, sem supervisão parental, a fazer coisas que não lembram ao diabo. Isso na cidade.

No campo, o cardápio era melhor: torturava bichos, primos, vizinhos. Parti o braço (uma vez) e o pulso (idem). Tudo porque teimava em subir nas árvores, como um Tarzan de nove anos.

E, por falar em árvores, cheguei a construir uma casa rudimentar no cimo de uma oliveira --o supremo cliché, tirado de um romance de Mark Twain-- que aguentou apenas duas horas. Findas as duas horas, já eu estava no chão, com os joelhos em carne viva.

Às vezes pergunto o que aconteceria aos meus pais se o pequeno selvagem que eu fui pudesse reaparecer agora, neste 2014, sem freio nem controle. Provavelmente, seria exibido em uma jaula, como um King Kong pré-púbere, só para horrorizar a burguesia.

"Minhas senhoras e meus senhores, vejam com os próprios olhos, uma criança que gosta de brincar!"

Imagino a plateia, horrorizada, tapando os olhos dos filhos --ou, melhor ainda, ligando os tablets e anestesiando-os com a dose apropriada de pixels.

E a minha mãe, a única sobrevivente da minha biografia juvenil, estaria obviamente presa. Exagero? Não creio. Conta a "Economist" dessa semana que Debra Harrell, da Carolina do Sul, foi detida por deixar a filha de nove anos brincar no parque sem vigilância apurada.

Engraçado. Na década de 1950, uma criança tinha cinco vezes mais possibilidades de morrer precocemente (por doença, acidente etc.) do que uma criança do século 21. Mas os pais da "baby-boom generation" deixavam as suas crianças à solta, talvez por entenderem que uma criança é uma criança. Esses pais não eram, como diz a revista, "pais-helicóptero".

Expressão feliz. Conheço vários: casais que devotam aos filhos a mesma atenção obsessiva que um pesquisador dedica aos seus ratinhos de laboratório. Gostam de saber onde estão os filhos. O que fazem. Em casa de quem. E com quem. Como os helicópteros, estão constantemente a planar sobre a existência dos petizes.

E quando finalmente descem à terra, é a desgraça: correm com eles para aulas de música, caratê, natação, matemática, talvez física quântica. No regresso à casa, é ver esses pequenos escravos arrumados a um canto, mortificados e exaustos, antes de se recolherem aos quartos e as luzes serem apagadas como nos presídios.

Não sei que tipo de crianças os "pais-helicóptero" estão a produzir. Deixo essas matérias para os especialistas. E, confesso, a minha selvageria juvenil não é exemplo para ninguém: também eu já estou corrompido pelos ares do tempo e um filho meu jamais subiria a uma árvore sem eu chamar de imediato a associação de bombeiros para o tirar de lá.

Digo apenas que a profusão de "pais-helicóptero" é uma brutal amputação da infância e da adolescência. Para além de corromper a relação entre pais e filhos.

Sobre a amputação, não sei que adulto eu seria se nesses primeiros anos não houvesse a sensação de liberdade, mas também de percepção do risco, que me acompanhava todos os dias. Apesar dos ossos que quebrei, dores foram compensadas pela confiança que ganhei e pela intuição de que o mundo não é uma ameaça constante, povoado por sequestradores, pedófilos ou extraterrestres.

Mas os "pais-helicóptero" corrompem a relação essencial entre eles e os filhos. Anos atrás, o filósofo Michael Sandel escreveu um magistral ensaio contra o uso da engenheria genética para produzir descendências perfeitas.

O ensaio intitula-se "The Case Against Perfection". Dizia Sandel que se os pais pudessem manipular os fetos para terem superfilhos, estaria quebrada a qualidade essencial da parentalidade: o fato de amarmos os filhos incondicionalmente. Sejam ou não perfeitos. Os filhos são "dádivas", escrevia Sandel; não são um produto que obedece aos nossos caprichos.

Igual raciocínio é aplicável aos "pais-helicóptero": é natural desejar o melhor para os filhos. E um professor particular de matemática nunca fez mal a ninguém.

Não é natural ter com os filhos a mesma relação que existe entre um treinador e o seu atleta, como se a vida --acadêmica, pessoal, emocional-- fosse uma mini-Olimpíada permanente.

Na minha infância, as únicas medalhas que colecionei são as cicatrizes que trago no corpo. Não as troco por nada.




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Dilma e seus fantasmas -

#VAMOSMUDARBRASILIA

VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP -

Presidente volta a culpar 'pessimistas' por economia ruim, mas não dá nome a bois nem trata de motivos


"ESTÁ HAVENDO o mesmo pessimismo que aconteceu com a Copa com a economia brasileira. E com a economia é mais grave, porque economia é feita com expectativa", disse a presidente na sabatina promovida por esta Folha.

Quem é pessimista? Falta um sujeito na afirmação. Dilma Rousseff jamais deu nome aos bois ou a seus fantasmas desde que essa sua queixa se tornou recorrente, no ano passado.

O que é pessimismo? No discurso de final de ano de 2013, a presidente insinuou que pessimistas promovem "guerra psicológica", "instilam desconfiança, especialmente desconfiança injustificada" no país.

Desde o final do ano passado, cerca de 60% dos eleitores entrevistados pelo Datafolha estimam que a inflação vai aumentar. São "pessimistas", acreditam que o futuro será pior do que é razoável esperar?

Caso se aceite a hipótese do "pessimismo", o eleitorado teria sido influenciado por campanhas de "setores" que promovem "guerra psicológica"?

Os principais disseminadores de estimativas são economistas de consultorias e bancos, uma centena deles ouvidos semanalmente pelo Banco Central (aliás, precisam acertar seus chutes informados a fim de ganhar a vida). A previsão mediana deles é de ligeira queda da inflação em 2015. É verdade que, desde o início do ano, o pessoal cortou a estimativa de crescimento pela metade, perto de 1%, neste 2014.

De certo modo, pode-se dizer que, na mediana, os economistas estavam mais "otimistas" em janei- ro. Aliás, é o que ocorreu nos anos Dilma, a cada início de ano: os economistas subestimaram a infla- ção e superestimaram o crescimento do PIB.

Pode-se não gostar desses economistas "do mercado" por motivos teóricos, políticos, estéticos ou sabe-se lá. Mas está difícil de dizer que suas estimativas difundam pessimismo. Sim, a maioria deles, os mais vocais, atribui parte dos maus resultados a Dilma. Essa, porém, é outra história (a "culpa"). O fato é que a realidade é ruim.

O grosso do eleitorado ficou inseguro com a economia, temendo mais inflação, depois de anos de alta do nível de preços de comida e bebida, em especial depois do pico de 14% de inflação desses itens, em abril de 2013. É mais fácil acreditar que o brasileiro sentiu na carne o efeito da carestia do que imaginá-lo deprimido com o noticiário econômico.

Redução da expectativa de lucro (devido a alta de custos) e tabelamentos de preços e ameaças de fazê-lo, fatos do Brasil dos últimos três anos, são assombrações para empresários. Baixo crescimento, fatos de 2011 e 2012, quando não havia "pessimismo" (ou queixas da presidente a respeito), também assustam.

Quando o Brasil crescia a 4%, anos Lula, mesmo a elite que detesta o PT (larga maioria) sorria ou ficava quieta em relação ao governo do partido. Dinheiro (quase) não tem cheiro. Aliás, mesmo nas internas do "empresariado", pouco se ouvia falar mal de Dilma até fins de 2012. O humor azedou em 2013.

Obviamente, muita gente quer aproveitar a má ocasião para dar cabo político do PT. Mas acreditar que houve surto de histeria coletiva ou conspiração é desprezar as durezas da vida e a inteligência da maioria da população




FONTE AVARANDABLOGSPOT

Um milagre, papa Francisco!

#VAMOSMUDARBRASILIA

ROBERTO ROMANO

O ESTADÃO -

Novalis, poeta e teórico político conservador do século 19, afirma que a Igreja foi o modelo de todas as sociedades. Segundo ele, as pessoas comuns encontravam na vida católica "proteção, respeito, escuta". De fato, em milênios ela inspirou povos e governantes, nem sempre de modo esplêndido (a Inquisição, no setor judiciário). Não existe poder moderno sem que os hierarcas tenham indicado as vias e as técnicas de comando. Max Weber adianta que os processos burocráticos de governo nasceram na Cúria, com a centralização do mando pelo papa. Carl Schmitt, discípulo conservador de Weber, mostra que a catolicidade instaura a hegemonia do mando executivo, portador da suprema decisão (plenitudo potestatis papae) acima dos bispos. A máquina jurídica e religiosa, construída racionalmente, venceu as doutrinas conciliaristas que davam aos pastores reunidos peso maior do que ao romano pontífice.

A tenaz oposição ao absolutismo papal, sobretudo após Lutero, inspirou as lutas contra o mando irrestrito dos reis e gerou as teses sobre a monarquia limitada. Exemplo dessa campanha temos na Franco Gália, tratado calvinista de François Hotman (1574). O parlamentarismo sempre foi avesso ao Executivo, combatendo-o na figura católica ou na tese laica do direito divino dos reis. O cardeal Caetano (Auctoritas Papae et Concilii sive Ecclesiae Comparata, 1511) exemplificara a dificuldade de conduzir os cristãos ao acordo entre papa (iudex ordinarium omnes, juiz comum de todos) e bispos. Um defensor da Igreja contra o Estado civil, o cardeal Bellarmino (ele causou longas digressões de Hobbes no Leviatã) pondera que "a monarquia temperada é melhor do que a pura" (De Summo Pontifice). O poder petrino sobre as igrejas é reforçado em 1870, no dogma da infalibilidade. Weber nele enxerga a base da organização curial, cujos diplomatas modelaram o acordo entre a Santa Sé e Mussolini, mais a desastrosa Concordata de Império com Hitler.

O absolutismo do papa sofre quebras no Vaticano II, mas é refeito pela mente cálida de João Paulo II e mostra sua fragilidade sob Bento XVI, o que possibilita a eleição de Bergoglio.

Marco Politi, respeitado na academia e na imprensa, acaba de publicar um estudo sobre os desafios do novo líder (Francesco tra i Lupi - Il Segreto di una Rivoluzione). Ele expõe o pontificado de Bento XVI e narra a conduta de Bergoglio à frente da Igreja argentina. No argentino ressalta o trabalho do bispo com seus padres e leigos. Após sumarizar os eventos que abalaram o trono pontifício, Politi descreve com saber maquiavélico o que chama de "golpe de Estado" cometido por Ratzinger. Maquiavélico: poucos cientistas políticos perceberam, com semelhante acume, os atos de um papa contra a Cúria tingida pela corrupção, sede de poder, baixa cortesania. Ao perder o controle, Bento XVI, no sigilo e com frio cálculo do tempo (O Príncipe teoriza esses elementos de modo ímpar), aplica o golpe perfeito. Se o Vaticano está dividido entre potentados da púrpura, terminemos as escaramuças entre eles e o trono. Com a renúncia, todos devem entregar os cargos, o que permite ao novo líder administrar a guerra intestina.

Após a descrição do golpe papal, digna de Gabriel Naudé, Marco Politi analisa a rede das Igrejas nacionais e seus líderes no conclave. Ele expõe o desejo dos hierarcas de atenuar o centralismo católico. Capítulo importante é o quinto, O fim da Igreja imperial. A escolha de Francisco significa a retomada do colégio eclesiástico, porque não é mais possível admitir que os "bispos sejam meros prefeitos, subordinados a um pontífice monarca". Politi mostra o projeto, assumido por Bergoglio, de refazer o programa conciliar, estabelecendo comissões de consulta às Igrejas locais na busca de apurar temas da fé, da disciplina, costumes. Questionários foram distribuídos pelo mundo católico para ouvir os fiéis e sua hierarquia. O autor exagera a novidade de tais procedimentos.

Em texto publicado na Revista de Economia Mackenzie (Reflexões sobre Impostos e Raison d'État, 2003), exponho o caso dos questionários presentes no Livro do Estado de Almas, feito sob a égide de Carlos Borromeu (1538-1584). Neles a Igreja tem um guia para saber a condição econômica, higiênica, social e religiosa dos católicos. As fichas são bem elaboradas e, diz um especialista de hoje, "só falta o computador" para sintetizar rapidamente os resultados. Depois, a técnica dos questionários serve aos soberanos civis como instrumento de sondagem para fins de impostos, controle e segurança, etc.

Mesmo com a crise do Dictatus Papae, mudar o sentido do mando é difícil. Como observa Politi, "a ideia de uma hierarquia onipotente, que nunca erra, está profundamente enraizada na autocompreensão da Igreja Católica. Pio XII, no exercício do seu poder, gostava de enunciar: 'Não quero colaboradores, quero executores'". É a dura realidade que analiso em minha tese de doutoramento, Brasil, Igreja contra Estado (1979), odiada pela direita e pela esquerda eclesiásticas. Ainda em 2014 haverá um Sínodo com agenda precisa e, nele, emissários das conferências episcopais, "vindos de vários continentes, poderão exprimir-se com clareza sobre pontos específicos".

Francisco deve responder, com atos e doutrina, ao repto do conservador De Maistre: "Se não há centro nem governo comum, não pode existir unidade nem, por conseguinte, Igreja universal (ou católica), pois nenhuma igreja particular tem o meio constitucional de saber se ela está em comunhão de fé com as outras"(Du Pape). O pastoreio deve manter a universalidade da Igreja, protegendo as nações e os indivíduos. A Igreja é modelo de toda sociedade.

Caso Francisco seja bem-sucedido, talvez Brasília, demoníaca cúria sem Deus nem lei, bastião do absolutismo centralizador, escute os povos que habitam suas terras. Então, poderemos falar em democracia e federalismo. Por tal milagre, Francisco mereceria a glória dos altares...



FONTE AVARANDABLOGSPOT

A nova ameaça -

#VAMOSMUDARBRASILIA
EDITORIAL ZERO HORA

Nas estatísticas, os índices de desemprego continuam estáveis, mas a falta de fôlego da atividade econômica no país ao longo dos últimos anos começa a delinear uma situação que é sempre preocupante: a redução de vagas. Os resultados da última Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de junho, confirmam a manutenção da taxa de emprego. Mas, apesar desse indicador ainda se mostrar favorável, as estatísticas oficiais já revelam perda de qualidade do emprego e maior tempo de desocupação. Diante do esgotamento de alternativas como férias coletivas e banco de horas, o país precisa agir logo para evitar que a retração no emprego industrial _ recorde no Rio Grande do Sul, onde o percentual foi de 4% de janeiro a maio _ venha a se transformar em desemprego.
Em todo o país, a estimativa é de que 88 mil vagas formais tenham sido fechadas entre maio e junho na indústria, atividade responsável pelas vagas de melhor qualificação. No Estado, as admissões no setor fabril continuam superando de longe as demissões, mas a situação começou a se inverter de forma preocupante em maio e junho. Simultaneamente, as estatísticas já revelam em todo o país um aumento na precariedade do mercado de trabalho. O fenômeno é consequência da diminuição do número de empregos formais e do aumento do total de pessoas ocupadas sem carteira assinada ou que atuam por conta própria, o que é igualmente motivo para inquietação.
As razões são conhecidas. No discurso oficial, o Planalto alega que, embora a economia brasileira enfrente dificuldades, o nível de emprego se mantém. Na prática, o que os números oficiais começam a mostrar é uma deterioração acelerada da oferta de trabalho. Isso demonstra que medidas pontuais de alto custo para o país, como o estímulo fiscal a setores específicos da atividade fabril, já não conseguem mais contribuir para respostas imediatas e eficazes. Os indicadores chamam a atenção, também, para a necessidade de o Brasil enfrentar de vez os altos custos da contratação de mão de obra.
Os sinais são preocupantes, pois o pleno emprego foi uma conquista importante para o país. A busca de alternativas contra o risco de desemprego deveria envolver todos os setores da sociedade e ser desvinculada da campanha eleitoral. Todos perderão se o país entrar efetivamente numa recessão.




FONTE AVARANDABLOGSPOT

Quanto custa chegar lá -

#vamosmudarbrasilia

EDITORIAL O ESTADÃO

Foi um escândalo quando, nos anos 1990, horrorizado com a disparada dos custos das campanhas eleitorais, o governador paulista Mário Covas (1930-2001) defendeu o fim da exibição de cenas externas no horário de propaganda - cuja produção é o item singular mais caro do rol de despesas dos aspirantes a cargos executivos nos três níveis da Federação. Se dependesse dele, cada candidato usaria os seus minutos para explicar, apenas com a cara e a coragem, por que vinha pedir o voto do eleitorado. A fatura ficaria reduzida a uma sombra do que era.

Os primeiros, nem de longe os únicos, a ridicularizar a ideia foram os políticos com os bolsos decerto mais fundos do que os do tucano, ou talvez menos desconfortáveis do que ele com a servidão de retribuir, uma vez no poder, à largueza dos grandes financiadores - construtoras e bancos, notadamente. A boa vontade de seus controladores variava e jamais cessaria de variar na razão direta da expectativa de rentáveis oportunidades de produzir bens ou prestar serviços aos futuros governantes. Os valores dos depósitos, evidentemente, acompanhando à risca as variáveis chances de êxito dos principais candidatos: mais pontos nas pesquisas, doações mais gordas. Mas, se aos políticos com prósperos amigos incomodava a perspectiva de um terreno de luta aplainado praticamente por igual, outros se puseram a protestar para defender o pão doce de cada dia.

De um lado, os marqueteiros pagos com ouro em pó, por cima e não raro por debaixo dos panos, pela requisitada capacidade de transformar cada fração do tempo à disposição de seus clientes no rádio e na TV em um espetáculo de imagens gloriosas para esses e desabonadoras para os seus rivais, sem falar na transfiguração midiática dos ditos cujos - de que os mais memoráveis exemplos foram Collor, o caçador de marajás, na campanha de 1989, e o Lulinha, paz e amor, de 2002. De outro lado, mas próximos dos ases da publicidade política como a unha e a carne, os muitos profissionais envolvidos em pesquisar e interpretar não apenas as intenções de voto dos eleitores, mas também, a cada dia, as reações dos espectadores e ouvintes a cada inflexão dos programas e do desempenho dos atores em torno dos quais tudo gira.

Repassados aos marqueteiros, os resultados dessas sondagens os orientavam e aos candidatos a fazerem mais do mesmo ou mudar de rota - rigorosamente como acontece, com a mesma finalidade, nas novelas. Contra tantos interesses entrelaçados, a sugestão foi rebarbada pelos detratores. Imagine, diziam, ele quer ressuscitar a Lei Falcão, de triste memória. Ministro da Justiça no governo do general Geisel, o da abertura lenta, gradual e segura (de 1974 a 1979), Armando Falcão limitou a propaganda na TV à projeção da foto do candidato com o nome e a filiação partidária e à leitura de seu currículo. Mas Covas sabia o que dizia. A campanha nacional de 1994, que o levou ao Palácio dos Bandeirantes e o seu correligionário Fernando Henrique ao Planalto, foi a primeira em que empresas puderam financiar candidatos presidenciais.

Graças a isso, os partidos gastaram - em valores atualizados - R$ 190,4 milhões. Covas seguramente reagiria à altura de sua fama de "espanhol" se estivesse vivo para saber que agora o total das despesas oficialmente projetadas pelos 11 presidenciáveis é de R$ 916 milhões, ou quase o quíntuplo de 20 anos atrás. Em valores corrigidos, repita-se. No Brasil, o custo per capita do voto beira os US$ 11, três vezes mais do que no México, a segunda maior economia latino-americana, e pouco menos da metade do que se torra nos Estados Unidos - com a diferença de que o PIB americano é mais de 7 vezes maior que o nosso. Só há um modo de acabar com a esbórnia: acabando com as doações eleitorais de pessoas jurídicas e impondo um teto baixo às doações de pessoas físicas, as únicas que votam.

A extinção das contribuições empresariais, pedida pela OAB ao Supremo Tribunal Federal (STF), empacou. O ministro Gilmar Mendes, favorável ao status quo, pediu vista do processo quando cinco de seis de seus colegas já tinham votado pela mudança - os quatro que faltam devem acompanhá-los. Até lá, a farra continua.




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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Contradição econômica -

#vamosmudarbrasilia
EDITORIAL FOLHA DE SP


Ao incentivar crédito logo após ter preferido não cortar juros, Banco Central reforça o capítulo das confusões na atual administração


Duas medidas consecutivas e com o sinal trocado reforçaram, na semana passada, os questionamentos sobre a independência do Banco Central e sua clareza ao tomar decisões relevantes para o futuro da economia brasileira.

Na última quinta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) reconheceu que há importante desaceleração da atividade econômica, mas optou por não diminuir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 11%. Ou seja, o órgão indicou que por ora não pretende estimular um fluxo maior de dinheiro na praça.

A justificativa foi a inflação persistente, que, nas projeções do comitê, só convergirá para a meta de 4,5% em 2016 (atualmente está em torno de 6,5%, o limite máximo estabelecido pelo próprio governo).

No dia seguinte, contudo, o Banco Central veio à carga com medidas de incentivo ao crédito, para surpresa geral dos analistas. A parcela dos recursos de clientes retida na autoridade monetária (os depósitos compulsórios) será menor. Com isso, haverá mais verba disponível para novos empréstimos.

O BC, ademais, reduziu o montante de capital exigido para empréstimos de prazo longo em modalidades como consignado (desconto em folha), compra de veículos e outros bens de consumo.

As novas regras aliviam principalmente os bancos públicos. Com a expansão acelerada na concessão de crédito nos últimos anos, começavam a esbarrar em limitações patrimoniais que os impediam de manter a mesma orientação.

Na prática, o BC reverte as restrições prudenciais que adotou em 2010, quando havia o temor de que os bancos exagerassem no volume de financiamentos e se envolvessem numa bolha --o aperto, entretanto, deixou de ser necessário.

Em conjunto, as medidas injetam cerca de R$ 45 bilhões na economia, ou perto de 3% do total de crédito existente. Nada colossal, portanto. Alguns nichos até podem melhorar, mas, ao contrário da euforia de quatro anos atrás, agora o clima é de desalento. Com clientes endividados, a demanda por crédito anda baixa.

Ainda que defensável tecnicamente, a ação do Banco Central para incentivar o crédito logo após ter deixado claro que não via espaço para juros menores soou contraditória, sobretudo por sua rapidez.

Não chega a ser surpresa. Reportagem desta Folha publicada no domingo apontou cinco ocasiões, todas nos últimos sete meses, em que o Ministério da Fazenda acabou recuando de decisões tomadas e tornadas públicas.

O Banco Central, na melhor das hipóteses, contaminou-se pelo ambiente de confusão na gestão da economia. Na pior, não consegue resistir às pressões do Planalto.
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Diplomacia partidarizada sob encomenda -

#vamosmudarbrasilia

EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO -


O governo evita qualquer condenação à Rússia e faz o mesmo com a Síria de Assad, ditador já com mais de 150 mil mortos na biografia. A ideia é fazer-se tudo que contrarie os americanos



A política externa é uma das que mais foram alteradas desde que o PT chegou ao Planalto, em janeiro de 2003. Ficou visível que o Itamaraty como instituição deixou de ter peso nas decisões, ao mesmo tempo em que uma visão de mundo condicionada por um nacionalismo de esquerda, antiamericanista, do pós-guerra, passou a ser preponderante. Foram engavetadas características da diplomacia profissional: a busca pelo equilíbrio, a não intervenção em crises políticas de outros países, o bom relacionamento com americanos e europeus, sem se afastar do mundo emergente.

O curioso é que onde se esperavam alterações de fundo, na política econômica, nada aconteceu. E ainda bem, porque foi a manutenção de princípios da administração tucana que evitou o descarrilamento da economia, atingida por uma séria crise de confiança causada pela perspectiva de chegada do próprio PT ao poder. Consta que, para manter as fileiras petistas unidas, a política externa foi cedida, em contrapartida, às frações mais à esquerda do partido.

E no momento observa-se mais um surto de esquerdização da diplomacia, quando o Planalto necessita de um PT unido, às vésperas da que deverá ser a mais árdua batalha eleitoral que o partido enfrentará, desde a vitória de Lula, em 2002.

O último sintoma do surto foi a decisão do governo Dilma de convocar o embaixador em Tel Aviv , Henrique Sardinha, “para consultas", devido ao “uso desproporcional da força” por parte de Israel em Gaza. Havia formas menos estridentes de comunicar o justificável mal-estar com as mortes de civis em Gaza — mas também sem deixar de registrar a contrariedade com os constantes ataques de foguetes feitos pelo Hamas contra cidades israelenses, incluindo, agora, Tel Aviv.

A atitude gerou a resposta, também desequilibrado, da chancelaria israelense, com o uso do deplorável termo “anão diplomático” para qualificar o Brasil. O ministro das Relação Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, embaixador de carreira, respondeu dentro dos códigos da atividade, enquanto Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidência, militante petista, uma espécie de ministro das Relações Exteriores “do b", manteve o nível do porta-voz israelense, classificando-o de “sub do sub do sub do sub do sub” — copiando o ex-presidente Lula na resposta a um comentário de autoridade americana de que não gostou.

Mais uma prova de que os profissionais da diplomacia estão em segundo plano é a tíbia posição brasileira diante do ataque ao jato comercial por grupos de rebeldes ucranianos apoiados pela Rússia de Putin, outro aliado preferencial do Planalto. O avião, malaio; o míssil, russo. Morreram 298 pessoas.

O governo evita qualquer condenação à Rússia e faz o mesmo com a Síria de Assad, ditador já com mais de 150 mil mortos na biografia. O conceito é simples: faz-se tudo aquilo que contraria a política externa americana. Parece birra, mas há quem considere eficaz para conseguir votos.



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Desculpas por nada -

#vamosmudarbrasilia

DORA KRAMER

O ESTADÃO -


Francamente, não deu para entender a razão da polêmica em torno da análise do Banco Santander, enviada a um grupo seleto de clientes, apontando risco de piora da situação econômica caso a presidente Dilma Rousseff venha a ser reeleita.

O incompreensível nesse episódio não foi a reação do PT. Ofendido, o partido falou em entrar na Justiça (contra o quê?) e aludiu logo ao já batido “terrorismo eleitoral”. Isso sempre acontece: qualquer coisa diferente de elogios é vista sob o prisma da ilegalidade e da conspiração.

Esquisito mesmo foi o banco considerar que devia “esclarecimentos” e desculpas às autoridades em geral, à presidente Dilma em particular, por uma análise de conjuntura que nem novidade é. Faz constatações que estão todos os dias nos jornais e estão no radar de praticamente todos os agentes políticos e econômicos.

Se essas previsões são acertadas ou não, são outros quinhentos. Fato é que o desenho de cenários é algo absolutamente normal. O traçado sempre será mais favorável ou desfavorável a alguém.

Se formos ver as coisas por essa ótica, ficam em princípio interditadas quaisquer formas de manifestações porque todas significariam pernicioso engajamento, interferência na decisão do voto. O presidente do Santander houve por bem se manifestar isentando a instituição pela elaboração do informe, acrescentando que os responsáveis serão todos demitidos. Acrescentou que considera o Brasil um “país importantíssimo”.

E o que um cenário de risco com base em dados sobre a condução que esse ou aquele governo dá à política econômica tem a ver com a percepção sobre as potencialidades do país e a capacidade de outras forças que não aquelas momentaneamente no poder têm de geri-lo?

Os analistas do banco traçaram um cenário – trabalho para o qual se imagina que devam ter sido contratados – e serão demitidos por isso. Por quê? Porque o governo não gostou.

E se a situação fosse oposta: se o informe dissesse aos clientes que o risco de deterioração na economia estivesse justamente na possibilidade de vitória de algum dos candidatos da oposição?

Dificilmente essa ou qualquer outra instituição ver‑se-ia obrigada a pedir desculpas aos oposicionistas que, porventura, se sentissem prejudicados. O gesto de retratação decorre da força de intimidação do governo.

Isso, sim, é uma vantagem e não o contrário, como quis fazer crer o presidente do PT, Rui Falcão. Para ele o que houve é proibido. “Não se pode fazer manifestação em uma empresa que por qualquer razão interfira na decisão do voto”, disse. Por essa lógica as consultorias não poderiam se manifestar, as pesquisas de opinião não deveriam ser publicadas, muito menos interpretadas pelos especialistas, veículos de comunicação estariam proibidos de explicitar suas posições e o governo estaria impedido de usar suas prerrogativas para se dedicar em tempo integral a procurar interferir na decisão do voto.

Sub do sub. Na opinião do ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia, a conjugação de três fatores levou ao episódio do diplomata israelense que chamou o Brasil de “anão diplomático”.

A posição francamente pró-árabe dos governos do PT, a convocação do embaixador brasileiro em Tel-Aviv de volta a Brasília e a impetuosidade inexperiente do autor da declaração, “um rapaz querendo mostrar serviço”.

Utilidade. Discussão mais fértil que o debate até então estéril dos candidatos à Presidência seria a elevação do Brasil a um patamar mais decente que o 79.º lugar no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano, como meta a ser alcançada em tempo determinado.

fonte avarandablogspot

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