Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

sábado, 31 de maio de 2014

Sempre ele! Dirceu estaria por trás de negócios suspeitos da Petrobras

Reportagem do Jornal da Band conta como o ex-ministro atuou na compra de petroquímica pela estatal; negócio foi fechado por valor quatro vezes maior que a avaliação do mercado

Matéria do portal UOL
O ex-ministro José Dirceu, preso em Brasília pelo mensalão, seria o homem por trás de negócios bilionários suspeitos na Petrobras. A acusação é de um empresário do setor petroquímico que se diz vítima do esquema.
Caio Gorentzvaig já foi um dos grandes empresários do setor petroquímico no Brasil. Ele e a família eram sócios da Petroquímica Triunfo, no Rio Grande do Sul, junto com a Petrobras. Por causa dos negócios, ele ia semanalmente a Brasília e teve uma visão privilegiada de como se desenrolou um dos mais polêmicos negócios da Petrobras no país: a compra da petroquímica Suzano.
A empresa, da família Feffer, era avaliada em bolsa em R$ 1,2 bilhão e ainda tinha uma dívida de R$ 1,4 bilhão. Mesmo assim, a Petrobras resolveu comprar a empresa por R$ 2,7 bilhões e assumiu a dívida. O total da transação foi de mais de R$ 4 bilhões.
Para convencer a Petrobras a comprar a petroquímica Suzano, um de seus donos, o empresário David Feffer, contou com o apoio de pessoas de peso.
José Dirceu está preso, condenado como um dos líderes do mensalão. Mesmo longe do governo, o ex-ministro tinha trânsito livre no Planalto. Já Paulo Roberto Costa era diretor de abastecimento da Petrobras e homem de confiança do ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Paulo Roberto ficou dois meses preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, acusado de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro. Ele foi solto por determinação do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
Com o apoio de Dirceu e Paulo Roberto, David Feffer conseguiu fazer o negócio de pai para filho. Já a sócia da Petrobras na petroquímica Triunfo, a família de Caiu passou a ter problemas com a estatal, que teria impedido investimentos e o crescimento da companhia. Diante do impasse, Caio e o pai tentaram comprar a parte do governo. Mas os diretores da Petrobras foram agressivos e ameaçaram os sócios.
(…)
O empresário garante que tem provas das irregularidades nas compras das petroquímicas Suzano e Triunfo. A procuradoria da República deve ouvi-lo nos próximos dias.
(grifos nossos)
FONTE - O IMPLICANTE 

O QUE DESEJAM?



Aileda de Mattos Oliveira
Ruir o Estado! Eis a meta dos arquitetos da demolição, doutorados na universidade das ideias monolíticas e sombrias dos teóricos comunistas, com prática nos campos de treinamento de Cuba.
Prostituir a Educação; degradar as organizações exemplares do país; manter na várzea núcleos sociais por meio do assistencialismo sem perspectiva; objetivos já atingidos sem que haja reação dos contrários, o que permite o domínio dos órgãos públicos, e, nas fraudulentas licitações, o harmonioso conchavo com as megaempresas, tudo em marcha batida pelos ávidos usufruidores da miséria humana.
É fato de que o povo, avesso ao trabalho, à atividade mental, distanciado dos estudos que lhe dariam independência na escolha de seu destino, não pode, por incapacidade perceptiva, avaliar o rendoso butim oficial pela prática diabólica do contínuo mergulho do governo nos mananciais da fazenda inundados com a arrecadação tributária. 
Arrecadação oriunda da classe média, torturada pela voz tresloucada da pseudofilósofa uspiana, parte integrante da usina petista de produção de energia negativa que atinge, há doze anos, esse território, sem que haja, até agora, reação energética equivalente, que elimine, de vez, o infecto gás que escapa do lixo governamental.
Esses são fatores do engessamento do País, o cadeirante Brasil, empurrado por mãos apátridas, sem rumo, paralítico pela falta de altivez dos brasileiros que sustentam a corja de ociosos políticos.
Os partidos, siglas dissimuladas de uma mesma ideologia, estão a serviço da ilha-prisão, pela submissão às exigências da pusilânime presidente. A rubrica dos párias da Nação é o agir no desmoronamento do patrimônio institucional erguido com o denodado esforço dos bons brasileiros no decorrer da história nacional.
Transformou-se a máfia congressista em desprezível conjunto de títeres do assassino cubano, desde que as portas das facilitações e dos favores foram-lhes escancaradas.
Não representam esta Nação, mas a de criminosos governantes estrangeiros; as das inúmeras ONG que dominam partes do território, signatários que foram da divisão do país; as das instituições transnacionais, diante das quais vergonhosamente se ajoelham; em suma, criminosos lesas-pátrias que, em outras épocas, seriam sumariamente fuzilados.
O Brasil está sob os desvarios de uma presidente afásica*, incapaz, saída do domínio da luta armada para o campo da habilidade política, assunto que não lhe é familiar pela grosseira concepção do que seja governar; sob o cinismo dessa impune guerrilheira, proporcional à estupidez do povo sem brio; sob o provincianismo peculiar dos anões da politicagem nacional; sob a ‘ratanização’ do erário.
Como anestesistas da Nação, inoculam a inércia, o horror ao trabalho no povo, por natureza, movido a funk, futebol e carnaval.
Esses espécimes, saídos dos livros de Cesare Lombroso**, devem para lá retornar, fixarem-se em cada página, como exemplos de excrescências, aberrações da natureza, incapazes de conviverem em sociedade, mesmo nesta tacanha sociedade brasileira.
*Que tem dificuldade em expressar o pensamento por meio das palavras
**Criminologista italiano, século XIX, criador da Antropologia Criminal.
(Dr.ª em Língua Portuguesa e membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora).

Pau e circo

   

NELSON MOTTA
O GLOBO -
Após sete anos, das 167 intervenções urbanas prometidas, só 68 estão prontas e 88 atrasadas, e Lula explicou: ‘Vai levar alguns séculos para a gente virar uma Alemanha’
‘Macaco que muito mexe quer chumbo” é um velho e sábio ditado mineiro sobre os perigos da superexposição e do exibicionismo, mas certamente nem passou pela cabeça de Lula e Ricardo Teixeira quando fizeram o diabo para trazer a Copa do Mundo para o Brasil, imaginando os benefícios políticos e comerciais e esquecendo os riscos e consequências de se colocar no centro das atenções do mundo como sede de um evento dessa grandeza. E veio chumbo grosso.
Recebidas como ofensas ao país, as críticas internacionais foram respondidas com bravatas grandiosas e apelos ao patriotismo paranoico, como se os estrangeiros só revelassem as mazelas e precariedades que estamos cansados de conhecer por maldade, inveja e má-fé, ou talvez por tenebrosas conspirações para atrapalhar a nossa Copa. É reserva de mercado: só nós podemos nos esculachar.
Mas, depois de sete anos, das 167 intervenções urbanas prometidas, só 68 estão prontas e 88 atrasadas, e Lula explicou tudo: “Vai levar alguns séculos para a gente virar uma Alemanha.”
O complexo de vira-latas também se caracteriza pela incapacidade de reconhecer erros, de responder a críticas e de tentar disfarçar o sentimento de inveja e inferioridade com a força bruta de hipérboles, bravatas e rosnados. Quando Nelson Rodrigues disse que a vitória na Copa de 1958 nos livrou do complexo de vira-latas, ao contrário de Dilma, não entendi que havíamos nos tornado cão de raça ou mesmo cachorro grande, mas que nos livrávamos do complexo porque nos assumíamos como vira-latas bons de bola.
Sim, a vira-latice étnica e cultural é uma de nossas características mais fortes, para o bem e para o mal, e isso não há Copa nem metáfora genial que mude. Nesse sentido, ninguém é mais vira-latas do que os americanos, que também são os cachorros grandes do mundo.
Outra expressão atual da vira-latice é a ostentação, como o novo estilo de funk que celebra a riqueza e o exibicionismo, com orgulho e sem vergonha. É a trilha sonora perfeita para o Brasil ostentação da propaganda oficial que nos mostra no melhor dos mundos e fazendo a Copa das Copas.
Macaco que muito mexe…

Num Brasil cada vez mais surreal, o que nos resta é o voto

REYNALDO ROCHA
O Brasil é surreal. Cada vez mais uma caricatura de quem, como o desenhista oficial do Planalto, ainda não sabe sequer sabe colorir álbuns infantis.
Um índio flechando um policial. Como um Touro Sentado num duelo com o general Custer, sob o olhar complacente do especialista em “movimento sociais” – o que e me leva a incluir os índios nessa categoria. Seria emocionante como um faroeste se não fosse real.

Um bandido (ladrão que havia sido condenado a 12 anos de pena por assalto a mão armada), agora deputado estadual pelo PT, participando de reuniões com o PCC. A mesma organização que, segundo o partido do mensalão, só existe porque existe o governo do PSDB.
Agora temos Lula Cabral do Restelo. O que não descobriu o Brasil porque a história o traiu e colocou Pedro Álvares Cabral na caravela mais veloz. Perdeu a primazia.
E por fim há um presidente do Supremo Tribunal Federal que decidiu antecipar em 11 anos a aposentadoria por não suportar o convívio no mesmo plenário com o seu sucessor no comando da Corte.
É normal?
Tudo no Brasil é normal e aceitável?
Quem dirá que Joaquim Barbosa não tem razão? Quem dirá que sim?
O PT está em festa. É possível que no sábado haja mais uma feijoada na Papuda.
Miopia. Perderam a noção da cidadania e da garantia legal que o Poder Judiciário nos dá. Festejam o próprio enterro. Exaltam o desastre sem entender que também estão sob os escombros.
Neste país de poderes podres, ministros que devem favores (ou dinheiro a réus que irão julgar), ministros risíveis, presidente que supera Maria, a Louca, deputados ladrões. O que nos resta?
Resta o voto. Ou não?

Dilma decidiu extinguir a democracia por decreto. É golpe!

REINALDO AZEVEDO
Atenção, leitores!
Seus direitos, neste exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que você seja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela truculência como forma de expressão política.
De mansinho, o PT e a presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista por decreto. Leiam o conteúdo do decreto 8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacional de Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O Estadão escreve um excelente editorial a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação democrática e cria uma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros cidadãos: a dos membros de “movimentos sociais”.
O que faz o decreto da digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” em vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações”.
Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo aquilo que não é institucional é, por natureza, não institucional. Em seguida, o texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administração pública direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno decidir que é… sociedade civil
Todos os órgãos da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam submetidos aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados pelo PT. Ao estabelecer em lei a sua participação na administração pública, os petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percam as eleições.
Isso que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que não participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta integrar um movimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se vincular a um partido político.
A Constituição brasileira assegura o direito à livre manifestação e consagra a forma da democracia representativa: por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria de representação, que não passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que busca corroer por dentro o regime democrático.
O PT está tentando consolidar um comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa excrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas as eleições. O texto segue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua. Afinal, na América Latina, hoje em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentemente legal.
Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por decreto.

Por Reinaldo Azevedo

Ministério confirma gasto a fundo perdido para Cuba

Dinheiro público para reduzir juros pagos por cubanos em financiamentos foi de até US$ 107 milhões. MDIC diz que outros países já receberam subsídio criado há 20 anos para incentivar exportações
por Eduardo Militão  CONGRESSO EM FOCO
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) confirmou ao Congresso em Foco que o Tesouro repassou recursos a fundo perdido, uma espécie de subsídio, sem necessidade de ser pago, para o governo de Cuba modernizar o porto de Mariel. Alegando sigilo, o ministério não revela o total gasto pelo Tesouro na operação. Entretanto, valores do programa que usa recursos públicos para incentivar exportações brasileiras – que existe desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – mostram que Cuba recebeu US$ 107 milhões (o equivalente a R$ 239 milhões) no período da reforma do terminal. Antes do empreendimento, Cuba quase nada recebia do programa de incentivo.
O empreendimento teve um financiamento de US$ 692 milhões (R$ 1,5 bilhão) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao todo, o porto custou US$ 957 milhões. Um documento inédito, assinado pelo ex-ministro Fernando Pimentel e revelado pelo Congresso em Foco esta semana, mostra que, quando o Brasil fez acordo com Cuba, em 2008, o combinado era emprestar US$ 600 milhões, que seriam “utilizados durante quatro anos”.
O MDIC diz que não pode explicar o aumento do valor do financiamento, alegando sigilo, decretado por Pimentel por período de 15 a 30 anos. Pela mesma razão, se nega a explicar se os quatro anos se referem ao prazo de pagamento por Cuba ou ao período em que o BNDES fará os desembolsos.

A assessoria do ministério informou ao site que a ajuda prestada a Cuba na construção do porto de Mariel é dada pelo Brasil a outros países há muito tempo. O objetivo, alega, é baixar a taxa de juros dos bancos brasileiros às alíquotas internacionais e facilitar a importação de produtos e serviços nacionais por governos e empresas estrangeiros. No caso, Cuba tomou dinheiro emprestado do BNDES para contratar a reforma do porto, executada pela Odebrecht.
Coincidência
Nos últimos quatro anos, período que coincide com a construção do porto de Mariel, Cuba tornou-se o terceiro país beneficiado com recursos públicos do Programa de Financiamento à Exportação – Equalização (Proex), atrás de EUA e Angola. Entre 2001 e 2009, antes do início da modernização do terminal, o governo da ilha dos irmãos Castro só tinha sido destino de US$ 2,2 milhões, segundo dados da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do MDIC. Em alguns anos, nada se recebia. Na maioria deles, valores abaixo de um milhão de dólares.
Mas com o porto, tudo mudou: o valor foi elevado em mais US$ 107 milhões entre 2010 e 2013. Ou seja, tudo indica que, se não foi exatamente esse o valor da ajuda do governo brasileiro para Cuba pagar prestações mais baratas ao BNDES pelo porto construído pela Odebrecht, as cifras devem ser bem próximas disso. Nesse caso, significaria que, na prática, o Brasil gastou do próprio bolso 16% dos US$ 692 milhões emprestados pelo BNDES para viabilizar a operação.
O porto foi inaugurado em janeiro deste ano pela presidenta Dilma Rousseff. Os dados de 2014 ainda não estão disponíveis, o que pode implicar um aumento dos valores do Proex para bancar a importação de Cuba, feita pela Odebrecht.
Triangulação com empreiteiras
Para a oposição, o problema não é financiar as exportações brasileiras, mas beneficiar empresas que financiam campanhas eleitorais, como a construtora do porto. “Nossa preocupação é a triangulação de quem está recebendo, como exportador, esses empréstimos ser doador de campanha de quem libera essa taxa do fundo perdido”, afirma o deputado Fernando Francischini (SD-PR).
Em reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, chegou a afirmar que o banco não usou recursos a fundo perdido. Na verdade, como se confirmou agora, foi o Tesouro Nacional. O deputado Pepe Vargas (PT-RS) destacou que a oposição trabalha contra o interesse econômico do país e dos empresários brasileiros. “O que acontece aqui é preconceito ideológico”, afirmou ele, já que Cuba é dirigida pelo regime socialista dos irmãos Raul e Fidel Castro.
A linha de crédito do BNDES usada em Mariel permite pegar o dinheiro emprestado para pagar em até 12 anos. O banco e o ministério não informam quais foram as reais condições do crédito para Cuba. O documento do MDIC obtido pelo site, um termo de decretação de sigilo para o negócio do porto, fala em “condições específicas” para os cubanos de acordo com “parâmetros internacionais”.
Redução de juros
Na modalidade de “equalização”, o Proex foi utilizado para baixar as taxas de juros pagas pelo governo de Cuba. Por lei, o governo pode ingressar com dinheiro público – por meio de títulos do Tesouro – no banco para que essa taxa caia, no máximo, a 2,5 pontos percentuais. Por exemplo: na hipótese de Cuba ter conseguido o empréstimo de US$ 692 milhões a uma taxa de 4% ao ano, seria possível reduzir esse custo para até 1,5% ao ano.
De acordo com técnicos do MDIC ouvidos pelo site, apesar do prejuízo aos cofres públicos na operação com uso do Proex, essa é uma política importante por causa dos resultados na macroeconomia. Aumentar as exportações significa melhorar a balança comercial brasileira, razão pelo qual o recurso a fundo perdido tem sido usado com outros países e empresas brasileiras.

Os técnicos não gostam do termo “subsídio”, porque, para eles, isso poderia significar baixar a taxa de juros nacional a valores abaixo da média internacional. O que o Proex faz é igualar os juros brasileiros aos dos bancos estrangeiros. Para eles, trata-se de uma “pequena ajuda” do governo para fomentar a economia brasileira.

Nós, os ordinários

Escrito por Colombo Mendes
O sujeito não pode, na TV, em uma evidente troça, chamar uma mulher de "ordinária" – mas está livre para (a sério, a trabalho) fazê-la rebolar quase nua, na mesma TV, no meio da tarde de domingo, para toda família ver.

Somos nós, brasileiros, um povo sentimental, epidérmico e, por isso mesmo, raso, superficial. (Tanto que o termo “epidérmico”, que em seu sentido derivado primeiro possui as descrições negativas “sem profundidade” e “superficial”, derivou para um uso positivo, sendo ora sinônimo de reação inconformada.)Mas somos gente boa. Boa até demais, ao ponto de os aproveitadores deitarem e rolarem por aqui, aplicando sobre nossa superficialidadeuma engenharia social muito bem calculada.O resultado é um teatro dos absurdos continental.

Na última quarta-feira, 28 de maio de 2014, o Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) considerou “desrespeitoso” o uso do termo “ordinária” em uma peça para a televisão. Querem proteger o povo de uma linguagem supostamente ofensiva, mas não foi o povo quem se ofendeu com isso, assim como não é o povo quem defende o aborto, a leniência oficial para com a bandidagem e a injeção de milhões de reais por ano em cursos de pós-graduação sobre a etnografia desconstrutivista pós-hipermoderna das tribos oprimidas do su-sudoeste africano. Mas somos nós, o povo, quem dá condições para que boa parte dos magistrados, legisladores, administradores, reguladores e auto-reguladores imponham sobre nós, o povo, suas concepções distorcidas de mundo.
O circuito é este: a beautiful people (a elite do jornalismo, da publicidade, da academia, do judiciário e da política) decide o que é e o que não é aceitável, impondo suas diretrizes sobre as ações de seus subordinados (a massa do jornalismo, da publicidade, da academia, do judiciário e da política); estes, nas editorias, nos escritórios, nas universidades, nos tribunais e nas casas legislativas e repartições absorvem e divulgam o discurso pré-moldado (não raro, sem nem perceberem), ignorando solenemente o que nós, o povão, pensamos; nós, por fim, seguimos silentes e, por isso, sem representação em nenhuma esfera de poder deste país. Pouco importa, por exemplo, que a ampla maioria dos brasileiros queira ver a bandidagem quebrando pedra em presídio; quem toma as decisões no Brasil decide pelo oposto disso porque leu no jornal ou viu na TV que bandido bom é bandido adulado, acarinhado, massageado.
Por aqui, então, o sujeito não pode, na TV, em uma evidente troça, chamar uma mulher de "ordinária" – mas está livre para (a sério, a trabalho) fazê-la rebolar quase nua, na mesma TV, no meio da tarde de domingo, para toda família ver. Falo do protagonista da propaganda censurada, o Compadre Washington, que, com seu grupo “É o Tchan!”, nos anos 90 invadiu os lares brasileiros com um exército de bundas e muita música ruim. [A culpa não era só do tal Compadre, mas de quem o levava ao ar (entre eles, alguns publicitários que hoje hão de estar no Conar). “Manifestações artísticas” de péssima qualidade sempre existiram, ainda mais por aqui, onde qualquer sacolejar de chocalho é considerado arte. O problema é dar notoriedade a isso.]
Não surpreende. Por aqui, grupos muito mobilizados e engajados regulamentam a educação parental, com a pretensão de impedir que pais dêem palmadas em seus filhos para ensiná-los a ter modos e a respeitar os mais velhos. Por outro lado, é possível pleitear, com a ajuda dos mesmos grupos, o assassinato do filho ainda no ventre materno. E nós, o povo, o que pensamos disto? Bem, em geral, somos contra, mas, porque não queremos perder amigos e tempo com discussões, deixamos para lá. Ademais, a palmada é dada a olhos vistos, o que fere nossos sentidos, enquanto o aborto é feito às escondidas, por debaixo dos panos. “O que o coração não vê os olhos não sentem” – deveria ser esta a inscrição da bandeira nacional.
Piada, não; exposição extremada, sim. Palmada, não; morte, sim.
Por aqui, enfim, são atacadas as sensações, as manifestações mais superficiais do comportamento, cujas conseqüências, em verdade, são inócuas; contudo, ações realmente graves são liberadas e, pior, até mesmo estimuladas.
É por isso que choramos de emoção quando uma faxineira devolve uma bolsa com 10 mil reais a seu dono (somos gente boa, lembra?), mas damos de ombros quando o presidente da república, outrora sindicalista humilde, transforma-se num dos homens mais ricos da corte (não vamos perder tempo nem amigos discutindo, lembra?). É por isso que há comoção nacional quando vem a público algum vídeo de algum maluco espancando um animal, mas há indiferença quando sabemos que 50 mil pessoas morrem por ano em função da violência. De fato, somos muito ordinários.
http://colombomendes.blogspot.com.br/ 

A garantia da presidente -

 EDITORIAL O ESTADÃO


A presidente Dilma Rousseff desafiou abertamente o movimento "Não vai ter Copa", quase ao mesmo tempo que, na terça-feira, cerca de 2,5 mil índios e sem-teto pararam Brasília para protestar contra a Copa - foram impedidos pela PM de chegar ao Estádio Mané Garrincha, onde a taça está exposta, porque poderiam danificá-la ou dela se apropriar como seu troféu -, e foram dispersados a bombas de gás e de efeito moral, depois de reagir ao bloqueio até com a arma letal do arco e flecha.

Reunida em palácio com empresários de 35 setores da atividade, garantiu: "Não vai ter baderna". Foi a forma que encontrou para advertir os ativistas de que serão reprimidos caso ameacem reproduzir os distúrbios que marcaram a Copa das Confederações, em junho do ano passado. "Aquelas cenas", afirmou, "não vão se repetir." O governo, acrescentou, não permitirá que "encostem um dedo" nas delegações estrangeiras. Na segunda-feira, na ida e na chegada à concentração da Granja Comary, em Teresópolis, o ônibus da seleção foi alvo de protesto. Mas o máximo que os manifestantes fizeram foi colar adesivos no veículo.

Como quem suspeita que possa não ter sido captada em todas as suas implicações a mensagem de que o governo agirá preventivamente em defesa da paz pública e da "imagem do País", Dilma falou de sua disposição de "chamar o Exército". Mais do que isso, informou já ter oferecido a ajuda da Força aos Estados onde se situam as 12 cidades-sede da competição. As tropas serão despachadas assim que os governadores as requisitarem. A presidente deixou claro que, a depender dela, deveriam ir para as ruas, não como última, mas primeira linha de defesa, antes mesmo de qualquer manifestação.

Se é nítida a fronteira entre o exercício da livre expressão e a sua degradação em violências contra o patrimônio público e privado, cuja repressão é dever do Estado - como Dilma está de todo ciente -, há quem diga que o mesmo não se aplica quando o direito democrático de falar o que se queira, ainda que sem agressões ou depredações, interfira no direito da maioria de se dirigir aonde queira acompanhar os jogos, sujeita apenas ao inevitável agravamento dos problemas de circulação provocados pelo próprio evento. (Na reunião com os empresários, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, contou que, na Olimpíada de 2012 em Londres, ficou preso uma hora e meia em um engarrafamento.)

A distinção, no entanto, procede também. Das tantas coisas de que o País ainda não se deu conta sobre os imperativos da prática democrática, está a de que a coesão de uma sociedade pressupõe, entre outros valores, o da prevalência dos interesses legítimos do grande número, ainda que atomizado, sobre os de grupos menores, ainda que organizados. Sobre estes é que deveria recair a responsabilidade de subordinar as suas aparições públicas a favor ou contra seja lá o que for ao direito dos demais - a começar pelo de ir e vir em paz e segurança. Todo ato que o obste, mesmo em defesa de causas presumivelmente justas para a coletividade, é uma forma de violência social. O "Não vai ter Copa" é isso.

O pior é que o movimento que acha que o Brasil tem carências demais para se permitir realizá-la - superestimando toscamente os seus custos efetivos e subestimando os seus benefícios potenciais - está longe de ser o mais nocivo para milhões de moradores das nossas metrópoles. É da lógica das coisas que diversas categorias profissionais, quase sempre do setor público, apostando na vulnerabilidade dos seus interlocutores, tomem carona na Copa para fazer praça de suas reivindicações, infladas, de resto, pelo momento. O resultado é o sequestro das cidades, dia sim, o outro também.

A tal ponto chegou o transtorno que até ontem mais de 300 pessoas haviam assinado uma petição de acadêmicos lançada dias antes na internet pedindo "um basta" às passeatas abusivas, cobrando das autoridades que preservem o direito de ir e vir de todos os cidadãos e denunciando a "escalada antidemocrática das manifestações que não respeitam os direitos elementares" das populações.

Mais vergonha na educação -

 EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

Seis das instituições superiores de ensino classificadas até o 10º lugar entre as mais qualificadas da América Latina são brasileiras. Duas delas estão empatadas na 10ª colocação: as universidade federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre as 20 primeiras, 10 são do Brasil, sendo que a Universidade de Brasília (UnB) ficou em 17º, subindo quatro posições em relação a 2013.
Até aqui, parece que estamos bem no ranking internacional. Não é verdade. Primeiro, a Universidade de São Paulo (USP), no topo, havia três anos, caiu para a segunda colocação, superada pela Pontificia Universidad Católica (PUC) de Chile. Segundo, que, aberto o leque da pesquisa até cobrir o mundo inteiro, não temos nenhuma instituição do gênero nem sequer entre as 200 melhores.

Tanto o estudo que cobre apenas a América Latina quanto o universal foram produzidos por instituições britânicas. O latino-americano, feito pela consultoria Quacquarelli Symonds (QS), foi divulgado na última terça-feira. O mundial, da publicação Times Higher Education, saiu em outubro do ano passado. Por essa última, a USP, que antes figurava em 158º lugar, passou a ser situada entre a 226ª e a 250ª posições. Já a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), terceira do subcontinente, não ficou nem entre as 300 primeiras do mundo.

Isso posto, vê-se quão longo é o caminho até que o Brasil consiga fazer da educação um motor para o desenvolvimento e a inserção no Primeiro Mundo. E o retrato pode ser ainda pior. É só constatar, por exemplo, que, além do ensino superior ser ruim, poucos conseguem alcançá-lo neste país. É o que expressa outro ranking, este do Fórum Econômico Mundial de 2013, pelo qual a taxa brasileira de matrícula no 3º grau é apenas a 76ª entre as de 122 nações. Aliás, o ensino nacional como um todo mereceu o 88º lugar nesse estudo.

Como essas avaliações adotam critérios diversos, vale dizer que a situação é feia por qualquer ângulo que seja examinada. Bom, no 3º grau, pode-se afirmar que é ainda pior vista a partir do setor privado. No ranking da consultoria QS, das 10 instituições superiores brasileiras classificadas até a 20ª colocação na América Latina, nove são públicas. Ou seja, salva-se apenas uma particular, a PUC do Rio de Janeiro, com a proeza de um 13º lugar. Note-se que a chilena primeiríssima colocada é também uma Pontifícia Universidade Católica.

Se ainda faltasse argumento para definir o quadro como preocupante, bastaria atentar para o que ocorre em nossa melhor universidade. Justo neste momento, a USP, que acaba de perder o pódio latino-americano, está metida numa crise financeira, com funcionários e professores de braços cruzados por melhorias salariais. E assim segue a educação brasileira. Até quando?

Como conter o brasilicídio? -

 EDITORIAL ZERO HORA

O Brasil está diante de um retrato sem retoques de uma de suas mazelas históricas. É o estudo sobre homicídios no país, segundo o qual a taxa de assassinatos em 2012 é a mais alta desde 1980. Foram mortas 56,3 mil pessoas, uma taxa de 29 vítimas por 100 mil habitantes. É a comprovação da falência das políticas públicas na área da segurança e das deficiências dos planos de prevenção contra a delinquência e até mesmo da insuficiência de programas de transferência de renda. O estudo do Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, confronta os brasileiros com uma realidade que avanços econômicos e sociais não conseguem mascarar e que está a exigir abordagem urgente não só das autoridades, mas de todos os que se dedicam à compreensão dos fenômenos relacionados com a violência.
Não há, no entanto, com o que se surpreender. A pesquisa consolida dados alarmantes, que se repetem ano a ano, e refletem uma realidade que está nas ruas. A sensação de insegurança amplia-se na medida em que o Brasil se transforma num país violento, com índices de homicídio comparáveis aos de cenários de guerra. Somente entre 2011 e 2012, o número de assassinatos cresceu 7,9%. De cada três crimes, em dois as vítimas são negras. A crueldade que leva a morte, às vezes em circunstâncias aparentemente banais, passa a crescer num ritmo maior em cidades do Interior. As migrações fortalecem e, ao mesmo tempo, degradam novos polos regionais. O tráfico, o acesso a armas, a impunidade e a banalização da resolução de conflitos com mortes são apenas parte das explicações.
Tudo fica ainda mais assustador, para quem tenta compreender a desconexão entre melhorias sociais e aumento de homicídios, quando as taxas de assassinatos do Brasil são confrontadas com as de outros países. No Japão, o índice é de apenas 0,3 assassinatos por 100 mil, ou seja, temos aqui uma taxa cem vezes maior. Na comparação com vizinhos, como o Uruguai, também ficamos em situação vexatória. Os uruguaios têm um índice de nove por 100 mil, mesmo que também venham enfrentando aumento da criminalidade. Os gaúchos não têm com o que se consolar _ a taxa no Estado é de 21,9 por 100 mil.
O estudo não se propõe a indicar soluções, e são conhecidas as análises sobre o esgotamento das ações na área de segurança, incapazes de contemplar as mudanças estruturais no perfil da criminalidade. O Brasil deve admitir, a partir de análises como essa, que suas polícias estão superadas, que o sistema penitenciário faliu e que as instituições, inclusive a Justiça, estão com a imagem abalada junto à sociedade. As estatísticas sobre homicídios também desafiam os candidatos a formular propostas concretas, e não mensagens vagas e genéricas, para que o país enfrente uma situação degradante para uma nação que aspira ser potência mundial.

O legado de Barbosa - EDITORIAL ZERO HORA

EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 
ministro que se despedirá do Supremo deixa um acervo de referências a todos os empenhados na efetividade da Justiça.

Ao antecipar sua aposentadoria do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa abrevia também o balanço que começa a ser feito de sua trajetória na mais alta Corte do país. Despede-se do STF, no final de junho, um magistrado que angariou respeito pelo mérito da atuação, pela sólida formação jurídica e cultural e também por decisões consideradas controversas. O ministro ganhou notoriedade como relator do chamado mensalão e, mais tarde, como presidente do STF na fase final do julgamento da ação 470. Foi assim que construiu a imagem de juiz que finalmente atendeu às expectativas da sociedade na reparação de delitos cometidos por ocupantes de cargos públicos.

Barbosa contribuiu para aproximar o Supremo da população e para inspirar referências que o Judiciário tem a missão de incorporar às suas rotinas, mesmo com as restrições já conhecidas de colegas, de juristas e operadores do Direito. Ao assumir, há 11 anos, o ministro já estava construindo uma história pessoal única. De origem humilde, foi o primeiro negro a chegar ao Supremo. Vinha do Ministério Público, com aperfeiçoamento acadêmico no Exterior, e marcou sua atuação, desde o início, pela forma categórica com que defende suas posições.

A relatoria do mensalão foi a oportunidade para expor conhecimento e determinação na luta contra a impunidade. Foi também por tal postura que passou a merecer avaliações nem sempre favoráveis. Como principal protagonista do Judiciário no mais rumoroso caso de corrupção do país, inspirou as críticas dos que decidiram considerá-lo muito mais um acusador do que um magistrado. Antes mesmo de assumir a presidência do Supremo, em novembro de 2012, reagiu com naturalidade a esses questionamentos e, mais tarde, já no comando da Corte, até mesmo a ataques públicos de inconformados com sua atuação.

Também não desmerecem sua trajetória os enfrentamentos que teve com outros ministros, em vários ocasiões, por divergências que exacerbaram pontos de vista jurídicos e pessoais e também as vaidades que frequentam o Supremo. A marca de sua passagem é a da obstinação com que se dedicou ao processo do mensalão, apesar de ter sido visto com certa desconfiança, do momento em que assumiu o caso, em 2006, até o início da leitura de suas conclusões, em agosto de 2012.

Não há exagero em dizer que Barbosa contribuiu para o fortalecimento da reputação da Justiça e para a compreensão de atos complexos, ao ser visto e ouvido ao vivo pela TV e provocar as reações de especialistas e de leigos sobre deliberações que permitiam as mais variadas interpretações.

ministro que obteve reconhecimento dentro e fora do Brasil não é, nem poderia ser, uma unanimidade. O legado que deixa deve ser inspirador dos que, em todas as instâncias, e não só nas altas cortes, trabalham pela efetividade da Justiça.
fonte - avarandablogspot

Mudança de regime por decreto -

EDITORIAL O ESTADÃO


A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Desistiu da Assembleia Constituinte para a reforma política - ideia nascida de supetão ante as manifestações de junho passado e que felizmente nem chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa soar, numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.

A fórmula não é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil" participe diretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de diálogo, etc. Tudo isso tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social como método de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistema representativo brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, por decreto, instituir outra fonte de poder: a "participação direta".

Não se trata de um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova forma de fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.

A participação em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto. Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido (leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".

O grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia representativa - é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação e do seu grau de conscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda categoria, discriminação que por decreto a presidente Dilma Rousseff pretende instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências, comissões, conselhos e mesas de diálogo?

Ao longo do decreto fica explícito o sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a institucionalização do poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por isso, o Estado Democrático de Direito significou um enorme passo civilizatório, ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem do poder estatal. Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seria democrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por decreto.

Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo romântico, mas entregando o mais frio e cinzento dos mundos, onde uns poucos pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um ato inconstitucional da presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

Xô, "Maracanazo" -

 ROGÉRIO GENTILE


FOLHA DE SP  -
SÃO PAULO - A Copa de 2014 lembra o remake de uma novela, tantas são as coincidências com a de 1950. Sessenta e quatro anos depois, embora o país e a própria competição tenham mudado muito, o triunfalismo dos organizadores, as polêmicas sobre os gastos e os atrasos nas obras se repetem.

Se hoje o governo afirma que esta será a "Copa das Copas", à época dizia-se que o Brasil faria o "maior campeonato do mundo". "Será o mais belo e o mais brilhante campeonato mundial que se realizará", disse o representante do Brasil na Fifa, Luís Aranha, à imprensa europeia.

A despeito da promessa, muita coisa ficou para a última hora. O Maracanã, que ainda era conhecido apenas como Estádio Municipal, foi inaugurado mesmo sem estar pronto, assim como ocorreu com o Itaquerão. Na abertura da Copa, havia lama e material de construção no entorno do estádio. A situação só não foi pior porque o Exército enviara, semanas antes, centenas de soldados para acelerar a obra.

Também houve pressão da Fifa --que reclamava da desconsideração dos brasileiros com a "importância da competição"-- e muitos questionamentos sobre os gastos. O então vereador Carlos Lacerda, por exemplo, dizia que a prioridade deveria ser erguer escolas, túneis e hospitais. O jornalista Mário Filho, que hoje dá seu nome ao Maracanã, respondia que a argumentação não passava de "demagogia barata".

Em 1947, um ano depois de o país ter sido escolhido para sediar a Copa, São Paulo enfrentou também protestos em razão de aumento na tarifa dos transportes. Revoltados, manifestantes promoveram um quebra-quebra que afetou quase um terço da frota --242 bondes foram depredados, e 94 ônibus, incendiados ou danificados. A tarifa foi reduzida.

Antes que alguém reclame de mau agouro, vale notar que todas as coincidências ocorreram fora dos gramados. Na dúvida, porém, não custa bater umas 20 vezes na madeira.

Terceirização da responsabilidade -

ONYX LORENZONI


ZERO HORA -

Veja você o que disse a presidente Dilma durante anúncio do PAC do Saneamento: “Hoje nós sofremos consequências na área de serviços de decisões tomadas cinco anos atrás”. No desespero de buscar culpados e terceirizar suas responsabilidades, Dilma escorrega e põe no colo de Lula o motivo de seu governo não concluir as obras que anuncia.
O discurso teve um “ato falho”, que acontece quando a gente deixa escapar o que está pensando ou o que deseja esconder. Inúmeras vezes, a presidente Dilma comete esses deslizes, que são tratados pelo lado cômico. Mas a piada (se fosse) é de muito mau gosto.
O PT tem conduzido o país ao passado a passos largos. É uma sucessão de decisões erradas que se somam a um pernicioso desmonte do Estado. Quando as instituições são ocupadas por cargos políticos na escala em que o PT promoveu no país, temos consequências trágicas e visíveis. Os interesses partidários e as alianças políticas são colocados acima do país, a incompetência se instala e se enraíza e a corrupção ganha passe livre. O partido é colocado em primeiro lugar. E os interesses do povo são tratados com medidas populistas e com muita propaganda. É preciso “convencer” o povo de que as coisas estão boas e isso custou R$ 2,3 bilhões em 2013. Sem levar em conta R$ 1,6 bilhão da Caixa, R$ 1,4 bilhão da Petrobras e R$ 1 bilhão do Banco do Brasil.
A mentalidade socialista não admite instituições que não estejam sob o comando do PT. É dessa forma que eles atacam a democracia. Se o IBGE vai revelar dados que não são bons para o governo, cale-se o IBGE. Se a economia vai mal, invente-se a “contabilidade criativa”, que é o reconhecimento da maquiagem dos números de governo. Eles usaram o Ipea para desviar a atenção de notícias ruins para o governo. Usaram uma pesquisa de 2013, sem pé nem cabeça, para iludir o país e criar uma falsa polêmica na sociedade brasileira. Um alvoroço diversionista. É nessa lógica do “tudo vale se servir ao partido” que a Petrobras foi arrastada para o ralo e se tornou 10 vezes menor do que era.
É o governo do atraso. Estamos voltando no tempo. Somos cada vez menores com o PT no governo.

Depois daquela nota -

O ESTADÃO - DORA KRAMER


E a nota redigida pela presidente da Petrobrás, Graça Foster, rasgada pela presidente Dilma Rousseff e substituída por uma resposta escrita de próprio punho ao Estado sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas? Nunca mais se falou nela. Ficou esquecida na lata de lixo em que foi jogada num rompante, cujo custo revelou-se altíssimo.

Na perspectiva das consequências geradas pelo gesto nesses últimos mais de dois meses, seria interessante revisitar o texto original. Segundo consta, dizia que o assunto estava sendo examinado pelas instâncias competentes (Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público, além da própria Petrobrás) e que a posição do governo já havia sido explicitada por ela e pelo antecessor, Sergio Gabrielli, em audiências no Congresso.

De fato, ambos haviam ido ao Parlamento para tratar do tema e dito, em suma, que à época a compra tinha sido considerada um bom negócio. Nenhum dos dois fez qualquer referência a decisões tomadas com base de informações incompletas e era nessa moldura que se enquadrava o texto sugerido por Graça Foster e rejeitado por Dilma. Se aceito, a coisa provavelmente teria ficado por aí.

Agora, todo o esforço do governo na CPI de faz de conta montada no Senado tem sido para reparar o dano político causado pela equivocada avaliação da presidente de que, transferindo a responsabilidade para um "parecer técnica e juridicamente falho", estaria matando o mal pela raiz e se precavendo de prejuízo maior durante a campanha eleitoral.

Com aquela atitude a presidente não pretendia - como sugeriram alguns aliados para tentar salvar a situação - enfrentar a questão na base da firmeza e da transparência. Essa foi a versão escolhida para tentar reduzir o tamanho da ferida produzida pelo tiro no pé.

E como é possível afirmar que a intenção da presidente não era a melhor? Pela reação da própria presidente. Se o motor do impulso fosse o desvendar da verdade, Dilma não estaria hoje dedicando-se à tarefa de fazer o diabo para impedir o Congresso de mostrar à nação o que vai pela Petrobrás.

De maduro. Não procedem as recentes especulações sobre a possibilidade de a escolha do vice na chapa de Aécio Neves ficar para depois da convenção do PSDB marcada para o próximo dia 14. O senador por enquanto ainda faz mistério, mas pretende antes disso anunciar a decisão.

Inclusive porque, se não o fizer, entrará no chamado processo "indecisório", cuja marca reforça a imagem do tucano eternamente refugiado no muro.

Agora foi. Há no PMDB o sentimento de que foi um equívoco marcar a convenção para o dia 10 de junho. Será a primeira e, no entanto, a mais polêmica. Entre os convencionais contrários à renovação da aliança com o PT viceja o arrependimento.

A avaliação é a de que houve precipitação, pois até o fim do mês, quando termina o prazo para as definições partidárias, muita coisa poderia acontecer. E, no momento, o clima que já esteve pior para o lado do governo melhorou depois que Lula entrou nas negociações de bastidor para conter insatisfações ao custo até de alguns interesses do PT.

Filhotes. Protocolar no jantar oferecido a ela pelo PMDB, a presidente Dilma Rousseff não teria como fugir de desejar "boa sorte" aos filhos de Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Calheiros e Edison Lobão, candidatos aos governos dos Estados onde os pais têm seus feudos.

Já os respectivos eleitorados não estão obrigados a seguir liturgias. Livres para se guiar pela sabedoria popular: quem sai aos seus não degenera. Para o bem e para o mal.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tá quente, tá gelado -

ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 

BRASÍLIA - Nessa loucura pré-Copa, só estava faltando isso: índios enfrentando a polícia com arco e flecha e flechando a perna de um PM, bem no centro da capital da República. Agora, não falta mais.

Poderia ser engraçado, mas, convenhamos, não é. Os 500 mil estrangeiros esperados e os milhões que ficarão em casa devem estar imaginando: que país é este? Ou confirmando o que já imaginavam.

Muitos devem estar esperando, ou visualizando, vacas comendo capim nos centros urbanos e carroças desengonçadas trafegando nas vias públicas, entre mendigos e crianças esfomeadas. E devem estar com medo de dengue, sarampo e outras doenças transmissíveis. Ei! E a capital não é Buenos Aires!

Até aqui, não há como esconder: a propaganda do Brasil no exterior é péssima. Protestos por toda a parte, greves das mais variadas categorias, milhões de cidadãos e cidadãs mofando em pontos de rua à espera dos ônibus que não chegam. E atrasos, improvisações, jeitinhos, aeroportos com goteiras, estádios cercados de lixo e de entulho de obras.

Daqui da janela da sucursal da Folha em Brasília, vê-se um longo passeio sendo construído às pressas para o estádio Mané Garrincha. Demoraram seis anos para descobrir que precisava de um passeio ali? Ou sabiam desde o início e deixaram para fazer aos 45 do segundo tempo?

Dilma, olímpica, se ocupa em recolher o apoio, ora da cúpula do PTB, ora da direção do PP, ora dos líderes do PMDB, enquanto a Copa, as convenções partidárias oficiais e os chefes de Estado de mais de dez países não vêm, inclusive os presidentes e primeiros-ministros dos Brics, que vão se reunir em Fortaleza.

O Planalto em clima de eleição, o país em clima de Copa. Ops! De protesto, porque, de Copa mesmo, não é. Dos cerca de 300 carros no estacionamento fora do prédio, quantos tinham a bandeira do Brasil nesta quarta (28/5), a duas semanas dos jogos? Nenhum. O clima está gelado.

Padrão Brasil -

MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 
Ao tentar rebater as críticas aos aeroportos brasileiros afirmando que eles não são padrão Fifa , mas, sim, padrão Brasil , a presidente Dilma mais uma vez escorregou no improviso (dando de barato que não foi uma sacada genial de seus marqueteiros) e, sem querer, chancelou o padrão Brasil como definição de produto de má qualidade.

Até hoje produtos made in China carregam consigo a desconfiança do consumidor, enquanto os made in Japan já conseguiram ser um atestado de qualidade. Os aeroportos made in Brasil definitivamente não são sinônimo de coisa boa, pelo menos enquanto não entram em funcionamento os novos terminais que deveriam estar prontos para a Copa.

O Brasil, como nação, perdeu uma grande oportunidade de se mostrar ao mundo como capacitado a realizar grandes eventos como uma Copa ou as Olimpíadas. Só havia uma razão para o governo brasileiro batalhar por essa realização, e por isso a China realizou as Olimpíadas de 2008, a África do Sul realizou a Copa em 2010 e a Rússia vai ser a sede da Copa de 2018.

Todos esses países que formam os Brics têm como objetivo ganhar espaço político no mundo multipolar, e o Brasil estava no caminho certo ao pleitear a Copa e as Olimpíadas quase ao mesmo tempo. Mas perdeu sua grande chance ao não se dedicar à organização e ao planejamento desses eventos planetários com a prioridade devida. Valeu mais para o governo Lula ganhar a disputa pela realização deles do que a realização em si.

Resta agora torcer para que, mesmo dentro de condições mínimas, corra tudo bem neste próximo mês. Mas o que o mundo está vendo nestes momentos pré-Copa não faz bem à imagem do país. Até índios dando flechadas em plena Esplanada dos Ministérios em Brasília apareceram nas televisões internacionais, reforçando estereótipos. A questão é que grupos oportunistas, que querem aproveitar a Copa para fazer chantagem, fazem greves, pedem aumentos abusivos, interrompem o trânsito.

Mesmo um grupo pequeno consegue hoje interromper o trânsito nas grandes metrópoles, parando as cidades. E há ainda grupos minoritários de vândalos, ou de black blocs, que fazem uma campanha contra a Copa que absolutamente não envolve a maioria do povo.

O sentimento geral é de crítica ao governo, que não cumpriu o que prometeu, atrasou tudo, mostrou ineficiência. As pessoas suspeitam de que houve muita corrupção nas obras da Copa, mas todas essas são críticas específicas, ninguém é maluco, a esta altura, de achar que o melhor é que não tenha Copa.

Pode-se até achar que não deveria ter Copa, que o governo deveria, em vez de ter batalhado para sediá-la, não ter colocado isso na sua pauta, não deveria ser objetivo prioritário para um país pobre, necessitado de muitas coisas. Mas, já que fez, não há sentido em querer boicotar a Copa, é coisa de minorias.

Misturar política com Copa do Mundo, e aproveitar a situação para tirar proveito próprio ou político, é atitude criticável. Mas o governo também precisaria atuar com mais decisão desde sempre, no relacionamento com os chamados movimentos sociais , para evitar os abusos que estão acontecendo hoje.

Agora, diante da realidade que o populismo não conseguiu controlar, é preciso montar esquemas de segurança menos falhos, cumprir pelo menos a sua parte agora, já que a parte dos chamados legados da Copa está prejudicada pelos atrasos nas obras.

Pelo menos agora o governo tem que montar um esquema para garantir a segurança das pessoas e das delegações, dos mandatários que vêm ver os jogos. Mais uma demonstração de ineficiência do esquema oficial foi vista na saída da delegação brasileira para Teresópolis, quando professores em greve chegaram a atacar o ônibus com os jogadores da seleção brasileira dentro.

Não importa se a culpa é do governo federal ou dos governos estaduais e até municipais, esse inferno de várias esferas de poder que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, experimentou. O fato é que o país perdeu uma grande chance de se mostrar ao mundo como uma potência emergente devido a seus próprios defeitos, turbinados pelo populismo no poder.

A constatação não decorre de complexo de vira-lata, mas, ao contrário, da rejeição da fantasia marqueteira de um governo que vende um país que não existe, em vez de tentar mudar sua realidade. E que agora, depois do leite derramado, quer usar o patriotismo como refúgio de seus próprios erros.

Criminalizar o social -

PAULO SILVA PINTO


CORREIO BRAZILIENSE - 
Confesso que não consigo entender essa história de criminalização dos movimentos sociais. E olha que não é por falta de ouvir o termo, com subentendido alerta: não pode. Soa paradoxal. Quem se criminaliza é a pessoa que ofende o Código Penal: mata, machuca, rouba, furta, ameaça, calunia. Pode ser banqueiro, sem-terra, funcionário público, policial, político, monge, usuário de crack, jornalista ou gente de tantos outros tipos. Não importa.
Falo de pessoas. Movimentos, associações, empresas não cometem crimes. E o fato de existir um condenado por delito em determinado grupo não significa, de modo automático, que outros integrantes sejam culpados.

O problema é que se criou uma ideia de que alguns cidadãos não podem ser punidos quando erram, por já terem sofrido muito ao longo da vida e, ainda, carregarem a história de opressão dos ancestrais. Não é difícil compreender tal preocupação em um país que acumulou tantas mazelas em 514 anos. Mas não se poderá avançar reciclando a lamentação para transformá-la em leniência. A antropóloga Eunice Durham costuma dizer que, no Brasil, para resolver uma injustiça frequentemente se cria outra.

Décadas de ditadura civil e militar no século passado atrapalharam muito a formação da nossa sociedade. Em regimes assim, a Constituição, as leis e o próprio Estado se tornam ilegítimos. Passa a ser moralmente aceitável transgredir.
Foi dura a conquista da democracia. Para não regredir, de modo radical ou parcial, é preciso compreender que algumas coisas antes vistas como luta pela liberdade passaram a ser atentado à sociedade.

A divergência e a contestação devem estar vivas pela manifestação das ideias, pelo acesso ao Judiciário e pelo exercício da política. Jamais podem justificar crimes. Um dia, talvez todo mundo compreenda isso. Enquanto buscamos essa utopia, cabe ao Estado defender a sociedade, sem abrir mão do uso da força quando necessário. É assim que funcionam as democracias mais avançadas, não isentas de tensões.

Gente que lança flechas contra policiais, destrói patrimônio público e privado, queima pneus ou simplesmente impede as pessoas de ir e vir nas vias públicas não prejudica apenas quem está em volta. Pune todos os brasileiros. Até os que nem nasceram ainda.

Por que só agora? -

 CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 

A presidente Dilma autorizou ontem o aumento da participação de biodiesel na mistura com o óleo diesel, utilizada tanto nos motores dos caminhões, como em boa parte das termoelétricas.

A partir de 1.º de junho essa participação irá de 5% para 6%; e, a partir de 1.º de novembro, de 6% para 7%. O anúncio foi feito como se tratasse de uma decisão de excelência técnica que só trará benefícios: diversificará a matriz energética, reduzirá o consumo de derivados de petróleo, cria mais um mercado cativo para o setor da soja e melhora as condições operacionais da agricultura familiar.

Se é tudo isso - e, de fato é -, por que então esse aumento da adição do biodiesel não foi providenciado antes, uma vez que há anos o setor enfrenta forte capacidade ociosa?

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, calcula que deixará de ser importado 1,2 bilhão de litros de óleo diesel por ano, o equivalente a uma despesa de US$ 1 bilhão, a preços de hoje, não incluídas aí as despesas com frete e seguros. Lobão também lembrou que mais biodiesel na mistura contribui para a redução de emissões de gás carbônico na atmosfera. Se é assim, por que o governo não reconheceu esses benefícios mais cedo, quando poderia ter reduzido ainda mais as importações de óleo diesel e ter contribuído também mais para preservar o meio ambiente?

Mais interessado, no momento, em quebrar a resistência e a irrigação do agronegócio, que vem tratando a presidente Dilma com vaias e protestos explícitos ou difusos, o governo desconsiderou de repente dois argumentos a que vinha se agarrando para negar esse aumento da participação do biodiesel no coquetel com o óleo diesel: o primeiro deles, o de que encareceria demais os combustíveis, e o segundo, o de que os preços da mistura final ficariam mais vulneráveis aos vaivéns das cotações internacionais da soja, especialmente em períodos sujeitos a drásticas oscilações climáticas.

Ontem, a presidente Dilma preferiu dizer que o impacto da nova mistura sobre a inflação "é insignificante". Se, ao contrário do que vinha sustentando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "é insignificante", especialmente diante dos demais benefícios proporcionados, por que - outra vez - essa autorização veio só agora?

No que diz respeito à vulnerabilidade das cotações da soja a períodos de seca dos grandes produtores mundiais, como Estados Unidos, Brasil e Argentina, ninguém chegou a levá-la em consideração.

Curiosamente, os mesmos argumentos usados pelo governo Dilma para justificar esse aumento de biodiesel na mistura com o diesel impõem-se na defesa das vantagens de outro biocombustível, o etanol. E, no entanto, ao obrigar a Petrobrás a pagar parte da conta do consumidor de gasolina, além de avançar sobre o caixa da Petrobrás, a política do governo prostrou o setor do etanol, sem acenar até agora com nenhuma perspectiva de redenção.

Público e privado -

CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O GLOBO -

Não há como não se lembrar de Ronald Reagan: o governo não é a solução, é o problema


Não existe produção de prótese ortopédica no Brasil. Pode-se importar, mas é caro. Uma prótese de membro inferior, por exemplo, sai por uns R$ 4 mil, boa parte disso em impostos. Uma enorme dificuldade, cuja solução já existe. Dois jovens brasileiros, Lucas Strasburg e Eduardo Trierweileir, de Novo Hamburgo (RS), inventaram o Revo Foot, prótese de perna e pé, feita de plástico reciclado, invento premiado em feira mundial, e que deve custar em torno de R$ 200, antes dos impostos, claro. Mas não conseguiram ir além do protótipo: não há no Brasil um sistema de certificação para permitir a produção comercial.

Voemos do Sul para o município de Ibimirim (PE), mais exatamente para o Sítio Frutuoso, onde o agricultor José Gabriel Bezerra tem uma próspera lavoura de milho, melancia e feijão, num ambiente de seca e perdas. A propriedade é irrigada. Sabem como? Um poço que ele construiu com seu próprio dinheiro, cansado de esperar pelas prometidas obras públicas.

A primeira história apareceu no programa do “Jornal da CBN” “Young Professional”, em entrevista a Milton Jung. A segunda veio numa extraordinária reportagem de Letícia Lins e Cleide Carvalho, no GLOBO do último dia 18.

Os jovens gaúchos desenvolvem sua ideia há mais de seis anos, com objetivos claramente sociais: produzir algo nacional, bom e barato Era inicialmente um trabalho de fim de curso, da Escola Técnica Liberato, pública. E uma ousadia: trocar fibra de carbono por plástico reciclado? Parecia piada. Pois chegaram a uma prótese testada e retestada em diversos laboratórios universitários e privados. Experimentaram em um parente — prótese do pé esquerdo — que está muito satisfeito. Batizaram de Revo Foot e tiraram o segundo lugar num concurso do Massachussets Institute Of Technology para inovadores globais com menos de 35 anos.

Toca produzir a coisa no Brasil, claro. Não pode. Precisa certificar. OK, como faz? Não faz. Os órgãos públicos não têm normas, muito menos máquinas para testar essas próteses. Sabem o que Lucas e Eduardo resolveram fazer? Estão tentando produzir a primeira máquina brasileira de certificação de próteses, junto com normas e demais mecanismos.

É louvável a garra dos rapazes, mas está na cara que essa não é mais função deles. É do governo, do setor publico. Devia ser…

A história do agricultor de Ibimirim tem o mesmo conteúdo. Ele tocava lá seu sítio, sempre batalhando com a falta de água. Ouviu muitas promessas e anúncios de instalação de poços e cisternas. Como mostra a reportagem do GLOBO, até que muitos poços foram perfurados. Mas falta a energia elétrica para bombear a água. No outro, falta a canalização para distribuir. Mais adiante, a população local não pode utilizar a água, pois é levada para áreas mais populosas.

Sabe de uma coisa? — pensou José Gabriel Bezerra. “A gente tem de resolver.” Mudou-se para São Paulo, arrumou emprego na construção civil, juntou R$ 30 mil, voltou para Ibimirim e aplicou tudo num poço de 150 metros. Resolvido.

Mas, cuidado. O governo finalmente construiu ali na região cinco adutoras profundas. O agricultor tem medo que essas puxem a água do seu poço. Era só o que faltava. Frase exemplar de Bezerra: “Gastei tudo o que tinha para não depender do governo. Mas tenho medo que, com as adutoras, a água da gente acabe.”

Não há como não se lembrar de Ronald Reagan: o governo não é a solução, é o problema.

E o problema maior é que não dá para se livrar do governo. A esquerda costuma acusar os liberais de querer destruir o Estado. Mesmo, porém, que sonhem com isso, os liberais sabem que o Estado e seus impostos são inevitáveis.

Vai daí, eis uma agenda bem brasileira, adequada para um ano de eleições presidenciais. O Brasil só vai voltar a crescer com mais investimentos privados e públicos.

Para que floresçam os privados, é preciso que o governo, primeiro, não atrapalhe as iniciativas de gente como os jovens de Novo Hamburgo. E, segundo, dar o necessário suporte a negócios como o do agricultor do sertão.

Primeiro ponto, portanto, é abrir espaço e criar boas condições para o investimento privado. Isso requer ação política, mudança de legislação, incluindo privatizações.

O segundo ponto é dar eficiência e produtividade às ações do Estado. E foco em educação, saúde e segurança.

Para o resto, é melhor fazer a concessão de obras e serviços para o investidor privado. Quando isso não for possível, o governo deve trabalhar com os parâmetros de produtividade do setor privado.

Tem muito lugar em que é assim, inclusive no Brasil, como a boa escola técnica Liberato.

Tribunal de Contas da União vai investigar denúncias populares

A mobilização de cidadãos que decidiram investigar por conta própria os gastos de deputados e senadores com a cota parlamentar surtiu um efeito prático junto a órgãos de fiscalização. Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) encontraram indícios de veracidade nas denúncias populares feitas contra 20 parlamentares e levantaram a suspeita de “falsidade ideológica e documental” por parte das autoridades, com a recomendação de aprofundamento das investigações.
Em decisão em plenário no último dia 21, os ministros do TCU determinaram que Câmara e Senado, inclusive com a participação das Secretarias de Controle Interno, apurem as fraudes denunciadas. É um dos resultados mais concretos, até agora, da chamada Operação “Pega Safado”, como os denunciantes denominaram a iniciativa. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse ao GLOBO que vai tratar da determinação do TCU a partir desta terça-feira, quando chega a Brasília.
A cota parlamentar é a verba de gabinete para gastos com passagens aéreas, locação de veículos, telefone, serviços postais, consultorias e escritórios políticos. Varia de R$ 27,9 mil, destinada aos parlamentares do Distrito Federal, a R$ 41,6 mil, referente aos deputados de Roraima. Um comerciante de Brasília, Lúcio Batista, começou a investigar como esse dinheiro vinha sendo gasto por deputados e senadores, tendo como base os dados disponíveis nos portais de transparência. Na internet, passou a pedir a colaboração de outras pessoas, dentro da Operação “Pega Safado”. Os dados levantados foram repassados ao TCU, que abriu um processo para apurar se as informações faziam sentido.
A primeira análise técnica das denúncias concluiu pela veracidade dos levantamentos, com as evidências de “possíveis desvios de finalidade ou fraudes”. Entre as irregularidades investigadas, estão pagamentos por locações de veículos e por consultorias a empresas fantasmas; a contratação de uma rádio do próprio parlamentar para divulgação dos atos do mandato; pagamento de aluguel de escritório político a um suposto financiador de campanha; e repasse de verba a hotel que tem um parlamentar como um dos sócios.
O processo em curso no TCU tem caráter reservado e, no acórdão aprovado em plenário, os ministros não divulgam quem são os parlamentares investigados. O relator do caso, ministro Walton Alencar, não fala sobre o caso. O único deputado citado no documento, que é público, é Jorge de Oliveira, o Zoinho (PR-RJ). A suspeita é de que ele contratou uma empresa fantasma de locação de veículos.
O Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), autorizou a abertura de inquérito para investigar os repasses do parlamentar à Locacom. O crime investigado é o de peculato. O TCU já recebeu esclarecimentos da Locacom, no processo aberto a partir das denúncias populares. Os carros foram efetivamente alugados, sustenta a empresa.
— Prestei todos os esclarecimentos possíveis ao STF e à Câmara. A Polícia Federal já achou a proprietária e identificou a empresa. Além disso, esse processo é sigiloso — disse o deputado Zoinho.

Fonte: O Globo

Aos poucos, a “copa das copas” vira a “copa do caos”

Maio de 2014 já é o mês em que o Google mais acusa ocorrências do termo "greve" em suas buscas. Há pouco engajamento nas ruas em prol do evento, diferentemente dos protestos, que aos poucos voltam a reprisar o junho de 2014.

À medida em que a Copa do Mundo se aproxima, o caos vai tomando conta do país e isso preocupa os organizadores. Alguns atrasos fizeram a Fifa tomar a frente e começar a tocar obras em estádios mais problemáticosnenhum aeroporto da Infraero ficará 100% pronto para a competição; e o Itaquerão, onde ocorrerá o primeiro jogo, será entregue inacabado. Mas esses são só alguns dos problemas enfrentados a poucos dias do início do evento.
Várias classes têm aproveitado a proximidade da competição para fazer paralisações. De acordo com o Google Trends, maio de 2014 foi o mês em que mais se falou em greve na história do sistema de busca. E se trata de um assunto recorrente em todos os estados da federação.

Problemas na vizinhança

Não é para menos. Só para citar alguns exemplos, funcionários do IBGErodoviários de Salvadorservidores municipais de São Paulo e motoristas de ônibus do Rio pararam suas atividades. Mas o que mais preocupa é a segurança. Com medo de que isso prejudique o andamento da Copa, o governo planeja entrar com ações na Justiça Federal para tentar barrar os grevistas.
São duas as principais frentes que serão adotadas na Copa: o governo vai entrar com ações judiciais contra as paralisações, medida que hoje cabe aos Estados, e quer cobrar de líderes de greve que arquem com os custos de eventual emprego da Força Nacional para garantir a ordem pública.
As recentes greves em estados como Bahia e Pernambuco deram uma amostra do que pode ocorrer caso haja paralisações durante a Copa. As cenas de saque e depredação assustaram jornalistas estrangeiros, que demonstraram preocupação a esse respeito durante entrevista com ministros do governo sobre a questão.
Até em países vizinho há ameaças de greve visando a realização da Copa do Mundo. No Peru, trabalhadores exigem melhores salários das companhias aéreas ou cruzarão os braços durante o evento, impedindo a saída para o Brasil de pelo menos 300 voos programados para o período. Mas a paralização pode afetar inclusive outros voos que não saiam de aeroportos peruanos, mas precisem passar por eles em seu trajeto. A atitude vem influenciado funcionários da TAM, associados ao mesmo conglomerado, a fazer ameaças semelhantes.

Superfaturamento

A competição também segue sendo assolada por denúncias de corrupção. Antes mesmo do início do evento, o Tribunal de Contas do Distrito Federal apontou superfaturamento de R$ 431 milhões na construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que teve um custo total de R$ 1,6 bilhão.
A reforma do Mané Garrincha começou a ser posta em prática em julho de 2010 e, pouco tempo depois, a Controladoria Geral da União (CGU) deu início à auditoria nas primeiras planilhas do projeto. De cara, a CGU encontrou preços unitários contratados com valor acima de mercado. De uma amostra de R$ 383,1 milhões, os auditores constataram um sobrepreço de R$ 43 milhões — 11,2% do montante.
Como a arena não foi financiada pelo BNDES, e sim com recursos do governo do Distrito Federal, a CGU acabou se afastando do monitoramento das obras, mas fez alguns outros apontamentos no início da construção.
A investigação detectou “alocação excessiva de mão de obra” na instalação de equipamentos, como o ar-condicionado multi-sistem. Seriam necessárias 455 horas de trabalho para a instalação, mas o preço unitário da empresa contratada considerou 3.048 horas, conforme a CGU. Além disso, existiam “discrepâncias” entre a especificação de serviços no memorial descritivo e na planilha licitatória.

Hotéis inacabados

Outro problema enfrentado é o atraso na entrega de hotéis que receberam financiamento do BNDES. No Rio de Janeiro, dos nove empreendimentos aprovados pelo programa ProCopa Turismo, apenas três foram concluídos no prazo.
Os outros seis hotéis, que ofereceriam 2.045 novos quartos, estão com obras atrasadas ou paralisadas. Alguns deles podem ser entregues só em 2016, às vésperas dos Jogos Olímpicos. Os repasses destinados a projetos que não ficaram prontos a tempo representam 86% dos R$ 404,4 milhões que o banco público já liberou para ampliar o número de vagas na cidade.
O Gran Mercure Riocentro, vizinho ao centro internacional de mídia, onde a Fifa havia orientado as empresas credenciadas a instalar suas equipes, não ficará pronto, o que obrigou os jornalistas a buscar novas acomodações. A reforma do Hotel Glória, por sua vez, foi abandonada – mesmo depois de receber R$ 50 milhões – após os problemas do empresário Eike Batista.
Embora o portal do governo afirme que o ProCopa destina-se a financiar a “construção, a reforma, a ampliação e a modernização da rede hoteleira para a Copa”, o BNDES declarou que a conclusão das obras antes do início do evento não foi condição para os empréstimos.

Tiro no pé

Desde o início, a vinda da Copa do Mundo ao Brasil causa polêmica. Conquistada após o país se apresentar como único candidato, só ganhou alguma simpatia popular quando o governo confirmou as cidades sedes meses depois. Nas eleições de 2010, chegou a contar alguns pontos a favor da situação, sendo ela vendida como uma grande vitória do bom momento proporcionado pelo petismo. À medida em que a data da realização se aproxima, no entanto, o evento vem se mostrando um enorme transtorno para todos os envolvidos. A mídia espontânea que, imaginava-se, justificaria todo o alto investimento público tende a se transformar em propaganda negativa. Fato é que, a 15 dias do evento, há pouco engajamento nas ruas em prol da festa, ruas estas tomadas por protestos. Bilhões de reais jogados fora depois, a “Copa das Copas”, ao lado da derrocada da Petrobras, pode ser crucial para a queda do atual governo nas eleições de outubro. Na falta de argumentos, há quem venha a público “defender-se” dizendo que “o que tinha pra ser roubado, já foi“. Que os brasileiros lembrem-se disso diante das urnas.
fonte impliante.org

Deputado do PT sai da miséria para um patrimônio de R$ 5 milhões

Luiz Moura, aquele que esteve na reunião com membros do PCC, assinou declaração de pobreza para obter perdão judicial em 2005; cinco anos depois, o ex-assaltante foragido já era dono de empresa de ônibus

por Fernando Gallo
Ora enrolado na trama que o envolveu em uma reunião com suspeitos de integrar o PCC, o deputado estadual Luiz Moura (PT) é um empresário de sucesso.
Ao menos é o que se depreende da sua evolução patrimonial.
Documentos que vieram a público pelo portal do Estadão na última sexta feira, 23, às 6 hs, revelam que, em cinco anos, Moura saiu de uma situação de pobreza para ser detentor de um patrimônio de R$ 5,1 milhões.
Em janeiro de 2005, para solicitar sua reabilitação criminal à Justiça catarinense – que o condenara por roubo -, além de afirmar que praticara os crimes porque usava entorpecentes, mas se regenerara, Moura assinou um atestado de pobreza no qual sustentava não possuir “condições financeiras de ressarcir a vítima”, no caso, um supermercado do qual subtraiu R$ 2,4 mil em Ilhota (SC).
(…)
Além disso, apresentou uma declaração de Imposto de Renda de 2004 (ano calendário 2003) na qual afirmava que, em todo o ano anterior tivera rendimentos que somaram R$ 15,8 mil, ou o equivalente a R$ 1,3 mil por mês.
Em 2010, contudo, quando se apresentou pela primeira vez como candidato, Luiz Moura, em sua declaração de bens, apresentou um patrimônio de R$ 5,1 milhões, dos quais R$ 4 milhões em cotas de uma empresa de ônibus – a Happy Play Tour -, cinco postos de gasolina, quatro casas e um ônibus.
Na ocasião, convenceu 104.705 eleitores a votarem nele, o que lhe rendeu uma cadeira na Assembleia Legislativa e um mandato de quatro anos.

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