Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Por que nós espionamos o Brasil

Como é que uma entidade que nem mesmo existe, ou que é apenas um inocente clube de debates, pode criar uma crise diplomática de dimensões mastodônticas? TODOS os que ocultaram ou disfarçaram durante quase duas décadas a existência do Foro de São Paulo são culpados de que ISTO esteja acontecendo agora.
OLAVO DE CARVALHO, que denuncia o Foro desde 2001, em nota sobre o texto que traduzo abaixo.

Por que nós espionamos o Brasil
Carlos Alberto Montaner

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, cancelou sua visita ao presidente Obama. Ela se sentiu ofendida porque os Estados Unidos estavam espionando seu e-mail. Não se faz isso com um país amigo. A informação, provavelmente confiável, foi fornecida por Edward Snowden de seu refúgio em Moscou.

Intrigado, perguntei a um ex-embaixador dos EUA: "Por que eles fizeram isso?" Sua explicação foi duramente franca:

“Do ponto de vista de Washington, o governo brasileiro não é exatamente amigável. Por definição e historicamente, o Brasil é um país amigo que ficou do nosso lado durante a II Guerra Mundial e a da Coreia, mas seu governo atual não está.”
O embaixador e eu somos velhos amigos. "Posso revelar seu nome?”, perguntei. "Não", respondeu ele. "Isso criaria um problema enorme para mim. Mas você pode transcrever nossa conversa." É o que farei aqui.

"Tudo que você tem de fazer é ler as atas do Foro de São Paulo e observar a conduta do governo brasileiro", disse ele. "Os amigos de Luiz Inácio Lula da Silva, de Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores são os inimigos dos Estados Unidos: a Venezuela chavista, primeiro com (Hugo) Chávez e agora com (Nicolás) Maduro; a Cuba de Raúl Castro; o Irã; a Bolívia de Evo Morales; a Líbia dos tempos de Kadafi; a Síria de Bashar Assad.

"Em quase todos os conflitos, o governo brasileiro concorda com as linhas políticas da Rússia e da China, em oposição à perspectiva do Departamento de Estado dos EUA e da Casa Branca. A família ideológica com que mais se parece é a dos BRICS, com os quais tenta conciliar sua política externa. [Os BRICS são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.]

"A imensa nação sul-americana não tem nem manifesta a menor vontade de defender os princípios democráticos que são sistematicamente violados em Cuba. Pelo contrário, o ex-presidente Lula da Silva muitas vezes leva investidores à ilha para fortalecer a ditadura dos Castros. O dinheiro investido pelos brasileiros no desenvolvimento do superporto de Mariel, próximo a Havana, é estimado em US$ 1 bilhão.

A influência cubana no Brasil é velada, mas muito intensa. José Dirceu, ex-chefe de gabinete e ministro mais influente de Lula da Silva, havia sido um agente dos serviços de inteligência cubanos. No exílio em Cuba, ele tivera o rosto cirurgicamente alterado. Ele retornou ao Brasil com uma nova identidade (Carlos Henrique Gouveia de Mello, um comerciante judeu) e ficou nessa função até que a democracia foi restaurada. De mãos dadas com Lula, ele colocou o Brasil entre os principais colaboradores da ditadura cubana. Ele caiu em desgraça porque era corrupto, mas nunca recuou um centímetro de suas preferências ideológicas e de sua cumplicidade com Havana.

"Algo semelhante está acontecendo com o professor Marco Aurélio Garcia, atual assessor de política externa de Dilma Rousseff. Ele é um anti-ianque contumaz, pior até do que Dirceu, porque ele é mais inteligente e foi mais bem treinado. Ele fará tudo o que puder para despistar os Estados Unidos.

"Para o Itamaraty – um ministério de relações exteriores reconhecido pela qualidade dos seus diplomatas, geralmente poliglotas e bem educados –, a Carta Democrática assinada em Lima em 2001 é só um pedaço de papel sem importância alguma. O governo simplesmente ignora as fraudes eleitores cometidas na Venezuela e na Nicarágua e é totalmente indiferente a qualquer abuso contra a liberdade de imprensa.

"Mas isso não é tudo. Há outras duas questões que fazem os Estados Unidos quererem ser informados em relação a tudo o que acontece no Brasil, pois, de uma forma ou de outra, elas afetam a segurança dos Estados Unidos: corrupção e drogas.

"O Brasil é um país notoriamente corrupto e essas péssimas práticas afetam as leis dos Estados Unidos de duas maneiras: quando os brasileiros utilizam o sistema financeiro americano e quando eles competem de forma desleal com empresas dos EUA, recorrendo a subornos ou comissões ilegais.

"A questão das drogas é diferente. A produção de coca boliviana quintuplicou desde que Evo Morales se tornou presidente, e o distribuidor dessa substância é o Brasil. Quase tudo acaba na Europa, e os nossos aliados estão querendo informações. Essas informações, às vezes, estão nas mãos de políticos brasileiros."

Minhas duas perguntas finais são inevitáveis. Washington apoiará a candidatura do Brasil a membro permanente no Conselho de Segurança da ONU?

“Se você perguntar para mim, não”, diz ele. “Nós já temos dois adversários permanentes: Rússia e China. Não precisamos de um terceiro.”

Para finalizar, os Estados Unidos continuarão espionando o Brasil?

“Com certeza”, ele me diz. “É nossa responsabilidade para com a sociedade americana.”

Acho que Dona Dilma deveria trocar seu e-mail com frequência.


Nota do tradutor:
Para um resumo do Foro de São Paulo com vídeos de Lula, Chávez e Dirceu: Conspiração é o Foro que te pariu! - O mínimo que você precisa saber sobre o Foro de São Paulo ("Os cinco crimes do Foro" estão no décimo item);

Atas do Foro de São Paulo: http://www.midiasemmascara.org/arquivo/atas-do-foro-de-sao-paulo.html;

Best seller de Olavo de Carvalho, organizado por Felipe Moura Brasil, 'O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota'.

Ou então fique aí... esperando 20 anos a imprensa brasileira informar você das coisas.

Da coluna de Carlos Alberto Montaner, publicada no Miami Herald de 25 de setembro de 2013.

Tradução: Felipe Moura Brasil

O mundo segundo Mujica - MAC MARGOLIS


O Estado de S.Paulo -

Não foi o antecipado discurso de Barack Obama que comoveu o mundo na semana passada, na Assembleia-Geral da ONU. Nem tampouco o brado de Dilma Rousseff. As palavras que mais reverberam em Nova York, para depois acenderem as redes sociais na internet, foram as do presidente uruguaio, José Mujica.

Sua pauta pouco tinha a ver com os anseios da hora, como a guerra na Síria ou o escândalo da espionagem americana, que tanto indignou Brasília. Bisbilhotar o Uruguai? "Seria uma perda de tempo", diz. "Venho do Sul", abriu seu discurso. A referência foi ao seu país meridional, mas também remete ao posicionamento discreto que ocupa no enredo mundial, fora do radar e dos conflitos das grandes potências.

Assim, Mujica projetou sua pequena nação como uma espécie de reserva moral. Se hoje os países emergentes reclamam seu lugar ao sol, o Uruguai orgulha-se do seu paradeiro humilde, "esquina do Atlântico com o Prata", um portento só se for na agenda social.

Mujica esbanja o charme de um homem fora de seu tempo. A visão desse ex-guerrilheiro de 78 anos, que abriu mão da residência presidencial, que consome verduras cultivadas em sua própria horta e doa boa parte do salário para caridade, vem de mais longe. Uma visão dos anos 70.

Orador inspirado, Mujica desenhou na tribuna das nações um mundo melhor, sem o capitalismo selvagem e a cobiça. "Se aspirarmos a consumir como um americano médio, seriam imprescindíveis três planetas para podermos viver." E como salvar o planeta, indagou, se "em cada minuto gastamos US$ 2 milhões em ações militares?". Sua receita: "Mobilizar as grandes economias não para criar descartáveis com obsolescência calculada, mas bens úteis, sem frivolidades, para ajudar a levantar os pobres do mundo."

O evangelho segundo Mujica soa tão belo quanto distante da América Latina real, onde a maioria dos "excluídos" anseia participar do capitalismo. "A América Latina hoje quer mais, não menos", diz Bernardo Sorj, estudioso uruguaio. Ao mesmo tempo, seu discurso anticapitalista é atual. Seu libelo contra a cobiça e os excessos do vil metal tem ampla ressonância, especialmente no jogo eleitoral.

Da Cidade do México a Santiago, os partidos políticos desfilam seu carnaval de siglas, mas nenhum ousa assumir a identidade liberal. Em 1992, quando o historiador Francis Fukuyama decretou o "fim da história", estava se referindo ao fim do embate ideológico da Guerra Fria que rachava os países entre comunismo e capitalismo. Vitória para o consenso liberal, disse Fukuyama, pois as alternativas dirigistas ruíram com o Muro de Berlim.

Menos na America Latina. Por aqui, a ojeriza ao liberalismo é consenso continental. Claro, a venda dos elefantes estatais, o fim do monopólio na industria de petróleo e a abertura comercial impulsionaram o comércio e criaram empregos, mas não se fala nisso em voz alta, muito menos no horário eleitoral gratuito. Assumir a bandeira liberal na América Latina de hoje é como confessar pedofilia. A historia política na região acabou. Somos todos social-democratas.

Há várias explicações para o conformismo latino. A desigualdade social é tachada como mazela dos mercados. O colapso do capitalismo global, em 2008, não ajudou. Pior, em muitos países, a direita, afeita ao discurso liberal, se fez sócia dos militares, mesmo quando os ditadores optaram por turbinar o Estado.

Mas também tem a ver com a força inercial de um Estado balofo, com gula de impostos, que ocupa o espaço da iniciativa privada, premia amigos e controla sindicatos e empregos. Reféns do gigante, com Síndrome de Estocolmo, nos afeiçoamos à sua sombra. Uma utopia claustrofóbica dos anos 70.

A ciência, o bem e o mal - MARCELO GLEISER


FOLHA DE SP -
Cientistas podem ter liberdade total em suas atividades ou certos temas deveriam ser bloqueados?


Em 1818, com apenas 21 anos, Mary Shelley publicou o grande clássico da literatura gótica, "Frankenstein ou o Prometeu Moderno". O romance conta a história de um doutor genial e enlouquecido, que queria usar a ciência de ponta de sua época, a relação entre a eletricidade e a atividade muscular, para trazer mortos de volta à vida.

Duas décadas antes, Luigi Galvani havia demonstrado que a eletricidade produzia movimentos em músculos mortos, no caso em pernas de rãs. Se vida é movimento, e se eletricidade pode causá-lo, por que não juntar os dois e tentar a ressuscitação por meio da ciência e não da religião, transformando a implausibilidade do sobrenatural em um mero fato científico?

Todos sabem como termina a história, tragicamente. A "criatura" exige uma companheira de seu criador, espelhando Adão pedindo uma companheira a Deus. Horrorizado com sua própria criação, Victor Frankenstein recusou. Não queria iniciar uma raça de monstros, mais poderosos do que os humanos, que pudesse nos extinguir.

O romance examina a questão dos limites éticos da ciência: será que cientistas podem ter liberdade total em suas atividades? Ou será que existem certos temas que são tabu, que devem ser bloqueados, limitando as pesquisas dos cientistas? Em caso afirmativo, que limites são esses? Quem os determina?

Essas são questões centrais da relação entre a ética e a ciência. Existem inúmeras complicações: como definir quais assuntos não devem ser alvo de pesquisa? Dou um exemplo: será que devemos tratar a velhice como doença? Se sim, e se conseguíssemos uma "cura" ou, ao menos, um prolongamento substancial da longevidade, quem teria direito a tal? Se a "cura" fosse cara, apenas uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela. Nesse caso, criaríamos uma divisão artificial, na qual os que pudessem viveriam mais. E como lidar com a perda? Se uns vivem mais que outros, os que vivem mais veriam seus amigos e familiares perecerem. Será que isso é uma melhoria na qualidade de vida? Talvez, mas só se fosse igualmente distribuída pela população, e não apenas a parte dela.

Outro exemplo é a clonagem humana. Qual o propósito de tal feito? Se um casal não pode ter filhos, existem outros métodos bem mais razoáveis. Por outro lado, a clonagem pode estar relacionada com a questão da longevidade e, em princípio ao menos, até da imortalidade. Imagine que nosso corpo e nossa memória possam ser reproduzidos indefinidamente; com isso, poderíamos viver por um tempo indefinido. No momento, não sabemos se isso é possível, pois não temos ideia de como armazenar memórias e passá-las adiante. Mas a ciência cria caminhos inesperados, e dizer "nunca" é arriscado.

Toquei apenas em dois exemplos, mas o ponto é óbvio: existem áreas de atuação científica que estão diretamente relacionadas com escolhas éticas. O impulso inicial da maioria das pessoas é apoiar algum tipo de censura ou restrição, achando que esse tipo de ciência é feito a caixa de Pandora.

Mas essa atitude é ingênua. Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.

Vida após a morte - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP -

SÃO PAULO - Existe vida após a morte e ela influencia nossas ações de forma bastante profunda. Calma, espíritas, eu não me converti. Isso é só uma forma de descrever as ideias do filósofo Samuel Scheffler, que acaba de publicar "Death and the Afterlife", em que expõe provocantes experimentos mentais e tira conclusões que são em seguida comentadas por outros filósofos.

Num desses testes, você é informado de que viverá sua vida normalmente e morrerá de forma tranquila. Mas, 30 dias após seu passamento, um asteroide colidirá com a Terra destruindo todos os seus habitantes.

Acho que a maioria de nós concorda que esse é um cenário perturbador. Embora ele em nada altere a extensão de nossas vidas individuais, pode afetar decisivamente o modo como iremos vivê-las. Se você é um pesquisador de câncer ou um engenheiro que desenvolve técnicas para edificar usinas nucleares mais seguras, talvez desista desses projetos. O mesmo vale para romancistas e músicos tentando compor obras-primas e para ativistas políticos que buscam construir um futuro melhor.

O curioso é que essas pessoas dificilmente reagiriam da mesma forma se fossem só informadas do fim iminente de seus dias. A maioria dos que recebem diagnóstico de doença terminal não desiste de tudo. Mais, sabemos que a humanidade não é eterna e que em alguns milênios não haverá ninguém para contar ao vivo a história de nossa espécie. Isso, porém, não parece suficiente para nos roubar o sentido de propósito.

Para Scheffler, experimentos mentais como esse mostram que a existência de pessoas que ainda não nasceram e que jamais amaremos sob certos aspectos, notadamente no que diz respeito ao valor que atribuímos às coisas, significa mais para nós do que nossas próprias vidas. Segundo o autor, isso basta para relativizar pressuposições comuns sobre o egoísmo humano. É aí que o debate entre os filósofos fica interessante.

A NOVA ORDEM PETISTA - Maria Lucia Victor Barbosa

Maria Lucia Victor Barbosa
A recente vitória do PT, quando o STF livrou “mensaleiros” das penas já impostas sinalizando para outras mais atenuadas, demonstrou que a Nova Ordem Petista para a América Latina se fortaleceu e está sendo levada adiante a diretriz do Foro de São Paulo: transformar o Brasil, maior economia do continente, na União das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas.


Com o voto do ministro Celso de Mello que modificou suas anteriores explanações jurídicas e anuiu aos embargos infringentes, postergando para a eternidade o julgamento que parecia ter chegado ao fim depois de quase oito anos de tramitação, dissipou-se a esperança de um punhado de brasileiros. Esperança de que não seríamos mais o país de impunidade, que finalmente se realizaria a isonomia que no Direito significa que todos, sejam ricos ou pobres, são iguais perante a lei e que a proteção social deve vir da Justiça sem favorecimentos com base em diferenciações políticas, financeiras ou de quaisquer outras espécies.


Por outro lado, a sensação que a instância mais alta do Poder Judiciário se fortalecia agradava a minoria de cidadãos que vê com apreensão o domínio petista se estendendo a partir do Executivo.


Ledo engano. Favorecidos ficaram os corruptos, ladrões de nossos pesados impostos que os sustentam em cargos públicos. Retire-se o crime de quadrilha e o chefe desta e seus comparsas petistas terão suas penas reduzidas, podendo cumpri-las em regime semiaberto. Isto se não houver mais e mais embargos infringentes, até que os velhacos que promoveram o maior escândalo de corrupção do Brasil estejam totalmente livres e transformados em vítimas inocentes da imprensa, das elites e do tribunal de exceção, a merecer de novo o voto popular.


Outra consequência da decisão do STF ao acolher os embargos infringentes é o chamado efeito dominó, o que nos consagra definitivamente como o país da impunidade, refúgio ideal para bandidos do quilate de Cesare Battisti.


Conforme noticiado no jornal O Estado de S. Paulo (22/09/2013), tal decisão que empolga os advogados de defesa dos mensaleiros com a possibilidade de lançar mão de mais recursos para defender seus clientes, pode beneficiar réus de 306 ações que se arrastam na Corte, sem previsão de conclusão. Entre os que poderão ingressar com o recurso estão o deputado Paulo Maluf (cabo eleitoral do prefeito Haddad) e os senadores Fernando Collor e Jader Barbalho.


Aos que apelam ao direito de defesa dos réus como algo inerente aos direitos humanos é bom lembrar as palavras do ex-ministro do STF, Eros Grau. Disse ele em entrevista no jornal acima citado sobre os embargos infringentes:


“Admiti-los no STF levaria à instalação do moto perpétuo processual”. “Se cada quatro ou cinco votos forem fiéis, a cada julgamento sobrevirão novos embargos e, continuamente, outros mais”. “Sem fim”. “Os embargos de divergência têm sentido nos tribunais estaduais e regionais”. “Na esfera do STF não, pois ele não se curva, não se põe de joelhos para ser sobreposto a si mesmo”.


O STF se pôs de joelhos e pôs a Nação de joelhos diante do PT e do Foro de São Paulo, pois reforçou ainda mais o Executivo. Já o Legislativo é o que se conhece, facilmente comprável.


Em recente e magistral texto, baseado na mídia internacional, Francisco Vianna cita uma recente publicação do The Wall Street Journal, sobre os rumos do Brasil, que vale a pena repetir:


“Tais rumos são os que enveredam pelos escuros antros da corrupção sistêmica do Estado e de suas relações público-privadas, estimuladas por um sistema judicial cooptado, pelo Executivo que garante uma impunidade geral e irrestrita aos corruptos e corruptores”. “Também, por todas as medidas socialistas de desconstrução por intuscepção da democracia do mérito (a partir de dentro dela própria), através do favorecimento do crime organizado (privado e estatal), pela anulação do sistema legislativo mantido a peso de ouro e legislando em causa própria, com uma oposição de faz de conta, e por uma infraestrutura que não atende ao nível de produção do país”.


Depois de falar grosso na ONU afrontando os Estados Unidos, contraditoriamente a presidente Rousseff foi implorar ajuda da elite e do capitalismo norte-americano e internacional. O governo petista não percebeu ainda que os idiotas somos apenas nós, público interno, e que sua escolha é mais do que evidente. Não interessa a democracia, a liberdade, a prosperidade. A Nova Ordem Petista nos vincula à China, à Rússia, aos piores ditadores mundiais e às aberrações latino-americanas como Cuba, Venezuela e outros antros antiamericanos.


Como poder reforçado no Executivo o PT deve agradecer aos seis ministros que livraram seus asseclas das penas maiores. Principalmente, agradecer ao ministro Celso de Mello que reafirmou o já sabido: no Brasil a justiça não vale nada, vale ter dinheiro e ótimos advogados.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

Pelo Haroldo! - LUIS FERNANDO VERISSIMO


O ESTADÃO -

Homem e mulher na cama.

– Foi bom? – Foi. – Muito bom ou só bom?

– Francamente, eu...– Está bem, está bem. Me dá uma nota. De zero a 10, que nota você me dá?

– Sete. – Sete?!

–Você quer que eu minta, Haroldo? Estou sendo franca. Você me pediu uma...

– Peraí. Que foi que você disse?

– Eu disse que estava sendo franca.

–Não, antes. Você disse: “Você quer que eu minta, Haroldo”.

– É. – O meu nome não é Haroldo!

–Não é? – Grande. Você me confundiu com outro. –Se você não é o Haroldo, então quem é?

– E eu vou dizer? Com nota sete, eu vou dizer quem eu sou?

– Mas...–Vamos de novo. Apaga a luz. Pelo Haroldo!

Disfarça, Disfarça

Dois homens tramando um assalto.

– Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara de chumbo. Pra arejá.

– Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá.

– Tá com a máquina aí? – Tá na mão.

Aparece um guarda.

– Ih, sujou. Disfarça, disfarça... O guarda se aproxima deles.

– Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pela fenomenologia de Feurbach.

– Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século dezoito...

O guarda se afasta. – O berro, tá recheado? – Tá. – Então vamlá!

Para o maridinho

– Meu bem...Você está deslumbrante!

– Tudo para você, querido.

– Esse penteado...

– Fui a cabelereiro e pedi um corte novo para o meu maridinho me achar desejável. Fui ao maquiador e pedi que me deixasse sexy para atrair meu maridinho. Comprei esta camisola provocante para enlouquecer você.

– E conseguiu, meu amor. Você está...

– Não me toca senão estraga tudo!

Cada coisa

Rubenval tinha um lema: confidência em salão de beleza é sagrado. Segredos ditos a um cabeleireiro eram mais invioláveis do que os segredos do confessionário. Os ouvidos de um padre eram apenas os receptores de Deus, para quem os fiéis se confessavam diretamente. Trair uma confidência de confessionário seria como grampear o telefone de Deus. Rubenval não sabia exatamente com que entidade superior a pessoa falava quando falava com seu cabeleireiro, só sabia que merecia o mesmo respeito. E olha que ele ouvia cada coisa...

– Que coisas, Ru? Conta. – Jamais!

Mas Rubenval começou a ficar nervoso depois que seu salão virou, como ele diz, unisexi. Rubenval não sabia o que era confidência escandalosa até começar a fazer cabelo de homem também. Eram inimagináveis, as coisas que ouvia fazendo “boufands” em políticos e mechas em líderes empresariais. Os homens, muito mais do que as mulheres, pareciam perder toda a discrição depois de um xampu. Rubenval não se sente a vontade, com tanta informação acumulada e está até com um problema na pele, de tanta tensão.

– O que eles dizem, Ru? Dá uma amostra.

– O quê? Eu, derrubar a República?

humor








Punir é crime? - FERREIRA GULLAR



FOLHA DE SP -
Para nossos juízes, punir é coisa retrógrada, resquício de um tempo que a modernidade superou


Evitei me manifestar de imediato sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a pertinência dos embargos infringentes.

Evitei, primeiramente, porque, naquele momento, todo mundo tratou de dar sua opinião, fosse contra ou a favor daquela decisão. Como não sou jurista nem pretendo ser mais lúcido que os demais, preferi ler as entrevistas e artigos então publicados, para melhor avaliar não só o acerto da decisão adotada pelo STF, como as possíveis consequências que ela inevitavelmente provocaria no juízo da opinião pública em face de tão importante julgamento.

Passada a onda, a sensação que me ficou foi a mesma que, de maneira geral, a nossa Justiça provoca nos cidadãos: a de que este é o país da impunidade. Trata-se de uma sensação hoje tão disseminada na opinião pública que se tornou lugar-comum. Apesar disso, diante desse novo fato que chocou a nação, me pergunto: de onde vem isso? O que conduz a Justiça brasileira a inviabilizar as punições?

Não pretendo ter a última palavra nessa questão, mas a impressão que tenho é de que, para nossos juízes, punir é coisa retrógrada, resquício de um tempo que a modernidade superou. Em suma, punir é atraso --e o Brasil, como se sabe, é um país avançado, moderninho.

Não foi por outro motivo, creio, que certa vez um advogado me disse o seguinte: quando a sociedade condena alguém, quase sempre quer se vingar dele. Essa visão aqui evocada levou um célebre advogado, dos mais prestigiados do país, a propor o fim das prisões.

Pensei que ele estivesse maluco mas, ao falar do assunto com um outro causídico, ouvi dele, para minha surpresa, que aquela era uma questão a ser considerada seriamente. Só falta meter na cadeia os homens de bem e entregar a chave a Fernandinho Beira-Mar.

Seja como for, a verdade é que há alguma coisa errada conosco. Punir não é vingança, mas a medida necessária para fazer valer as normas sociais. Comparei, certa vez, o ato de punir às decisões tomadas por um juiz de futebol. O jogo de futebol, como todo jogo, só existe se se obedecem as normas que o regem: gol com a mão não vale, chutar o adversário é falta e falta na área é pênalti. Se o juiz ignora essas regras e não pune quem as transgride, torna a partida inviável e será certamente vaiado pela torcida adversária. Pois bem, o convívio social, como o jogo de futebol, exige a obediência às regras da sociedade.

Quem rouba, mata ou trafica, por exemplo, está fora das regras, isto é, fora da lei --e por isso tem que ser punido. Punir é condição essencial para tornar viável a vida em sociedade. Se quem viola as normas sociais não é punido, os demais se sentem à vontade para também violar aquelas normas.

É o que, até certo ponto, já está acontecendo no Brasil, particularmente nos diferentes setores da máquina pública, tanto no plano federal, como estadual e municipal. E aí há os que praticam peculato como os que entopem os diferentes setores do governo com a nomeação de parentes e aderentes, sem falar no dinheiro que desviam para financiar o partido e, consequentemente, sua futura campanha eleitoral.

Às vezes os escândalos vêm à tona, a imprensa denuncia as falcatruas, processos são abertos, mas só para constar, porque não dão em nada, já que, neste país avançado, punir é atraso.

Mas um ânimo novo ganhamos todos com o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Durante meses, todos assistimos pela televisão à exposição dos crimes praticados contra a democracia brasileira e, finalmente, à condenação dos réus. Enfim, ia se fazer justiça.

Mera ilusão. Logo em seguida, passou-se a falar nos embargos declaratórios e nos embargos infringentes. Veja bem, durante a vida inteira ouvi dizer que das decisões do Supremo não cabem recursos.

Ainda bem, pensava eu, pelo menos há um momento em que a condenação é irreversível. Sucede, porém, que com a validação dos embargos infringentes, isso acabou. Nem mesmo as decisões da Suprema Corte, agora, são para valer. Os beneficiados com os tais embargos, que no dia daquela decisão eram 12, já se anuncia que serão 84. Isso, por enquanto.

Esqueça tudo isso - J.R. GUZZO




REVISTA EXAME

Ante a decisão do Supremo de rever sentenças do mensalão, a atitude mais sensata para quem vive no Brasil é cuidar da vida e ficar longe de litígios com o poder público, pois é inútil esperar que o Estado seja lógico

Esqueça o ex-ministro José Dirceu. Esqueça os deputados José Genoino, João Paulo Cunha e Valdemar Costa Neto. Esqueça os 12 réus do mensalão que estavam condenados em definitivo pelo Supremo tribunal Federal (STF) e que não estão mais. Esqueça que as sentenças do STF. pelo senso comum mais elementar, são definitivas, já que não existe nenhuma outra corte de Justiça acima dele; no Brasil não é assim que as coisas funcionam, e o tribunal supremo, quando lhe dá na telha, pode decidir que não é supremo e julgar de novo o que já tinha julgado. Esqueça os 15 minutos de fama conquistados pelos "embargos infringentes", coisa da qual ninguém tinha ouvido falar até hoje fora do mundo jurídico e que ultimamente era assunto debatido em balcão de padaria. Esqueça, sobretudo, esses momentos constrangedores para a história brasileira durante os quais a grande, imensa questão nacional era: José Dirceu vai dormir na cadeia ou vai dormir em casa? Esqueça-se tudo o que a antiga musa canta, pois um valor mais alto se alevanta. Esse valor estabelece que a atitude mais sensata para quem vive neste Brasil de 2013 é cuidar da própria vida e ficar o mais longe possível de qualquer litígio que possa ter algo a ver com o poder público - pois tornou-se perfeitamente inútil, hoje cm dia. contar com a esperança de que o Estado brasileiro se comporte dentro das regi as da lógica. Conseguimos virar um país imprevisível.

Bota imprevisível nisso, aliás. Como prever que a cama onde o ex-ministro Dirceu deve dormir a cada noite pudesse, um dia, tornar-se um supremo debate para o pais? Francamente, não dá. Causa mais espanto, ainda, a nova fronteira que divide esquerda e direita no Brasil: a esquerda é a favor dos "embargos infringentes". a direita é contra. O que diriam Marx e Lenin de um negócio desses? Pelo que está escrito, e portanto deveria valer, os 12 réus condenados a penas de prisão fechada pela mais alta corte de Justiça de nossa terra, numa ação penal por corrupção que chegou ao fim, teriam de ir para a prisão, não é mesmo? Teriam, mas agora não vão mais. Quer dizer, então, que ficaram livres de uma vez? Também não. Os "embargos" que lhes foram concedidos estipulam que vão ser julgados de novo - pelas mesmas acusações pelas quais o tribunal já os condenou, por considerar que sua culpa ficou provada, num processo que começou oito anos atrás e continua em aberto. Nada melhor, para revelar como funciona a cabeça de quem fez essa salada, que a pergunta do Ministro Ricardo Lewandowski durante os últimos debates no STF a um colega que achava que essa história toda já foi longe demais e precisa acabar um dia: '"Qual é a pressa?"

Lewandowski é o capitão do time da esquerda, e o presidente do STF, Joaquim Barbosa, o capitão do time da direita. nesse jogo que acabou empatado em 5 a 5 e teve de ser decidido pelo voto do ministro Celso de Mello - um monstro da direita pelas indignadas condenações que vinha fazendo ao longo do processo, agora transformado em herói da esquerda por desempatar a partida em favor dos réus. Mello precisou de 2 horas inteiras para dizer "sim" ao pedido de desfazer o que já estava feito, no patuá incompreensível que o "egrégio sodalício" considera prova de seu saber jurídico, mas na verdade serve apenas para ocultar a escassez, de sua atividade mental. ("Egrégio sodalício" é como os ministros chamam o STF.) Com isso. socou pelo menos mais um ano de duração no processo - e como a presidente Dilma Rousseff, nesse meio-tempo, fez duas novas contratações para o time da esquerda com a indicação dos ministros Teori Zavascki e Paulo Barroso, é muito plausível que, no fim de todas as contas, José Dirceu etc. durmam na cama que preferirem - e, principalmente, que acabem passando o dia inteiro onde quiserem.

Talvez., pensando bem. não faça diferença nenhuma. Dirceu, ou qualquer dos outros, vai ser presidente da República? Não vai. Já está de bom tamanho no Brasil que temos ai.

Reynaldo-BH: Pílulas do doutor cubano



REYNALDO ROCHA
1) Dá para desculpar quem entrou no PT há 10 anos. Mas, e hoje? Alguém poderá alegar mais tarde que estava enganado?
2) Antes de exigir da NSA que pare de espionar Dilma, daria para pedir à CEF que pare de espionar caseiros?
3) O foguete do Cristo Redentor caindo na capa da revista The Economist explica a subida dos que ganham mais?
4) Alguém já imaginou alguma ligação entre o número de analfabetos crescendo no Brasil e a celebração da ignorância amparada por Bolsas – Família, Sofá, etc?
5) Quantos votos serão necessários para que Celso de Mello seja execrado pelo PT?
6) As entidades de defesa dos negros do Brasil (a maioria vivendo de dinheiro público) informam: Joaquim Barbosa não é negro. Começou a desbotar em 2012 e hoje é considerado cinza intenso. Está explicado o silêncio?
7) Antonio Patriota ─ seguindo a lógica do Brasil ─ sofre de amnésia. Na sabatina do Senado, esqueceu-se da Bolívia. Ou teria sido um truque para preservar a sanidade mental?
8) Cada qual escolhe o conselheiro que mais admira. Henrique Alves parece que só ouve o Bode Henriquim… Fica tudo explicado. Até a existência na Câmara dos Deputados de mensaleiros Henriquim é mesmo o bode expiatório… Brasil, país da piada pronta (apud José Simão).
9) Restringiram a saída de presos das cadeias. Uma compensação por deixarem os congressistas soltos?
10) Dilma demorou três anos para aprender a usar o Twitter. Vai passar 4 anos tentando entender o que é governar um país. E não vai conseguir.
11) Ciro Gomes, irmão de Cid da Sogra, chama Eduardo Campos de canalha. Impressionante como os iguais se reconhecem. A sorte do Ceará é os Gomes são somente dois…
12) Uma dúvida: Zé Dirceu voltou a namorar a Rose? Está tão calado como Lula por ter pedido a prenda de volta?
13) E a fixação de Zé Dirceu com secretárias? Apareceu mais uma, agora no Senado de Renan. Mais uma paga com nosso dinheiro. Quem vai herdar a prenda?
14) Novo partido na praça (a R$ 3,75 o voto): PROS. Quando vai ser criado o CONTRAS?
15) E a REDE?  Um partido que não consegue nem obter o registro certamente terá dificuldades para conseguir até os votos dos próprios candidatos.
16) Evo Morales, a lhama andina, quer tirar a ONU de New York. Precisa combinar com Dilma, que tirou férias na cidade e atrasou o voo de volta em 5 horas para passear num museu. Esses bolivarianos precisam se entender ou consultar algum passaralho venezuelano. Maduro diz que ele sabe.
17) Por que todo filho de stalinista prefere ir à Disney em vez de cortar cana em Cuba e comprar charutos no mercado negro?
18) Os médicos de Cuba entendem perfeitamente a língua portuguesa. Estudaram por mais de um ano o que Dilma fala. Estão no mesmo nível dos lulopetitas. Eles não dizem coisa com coisa e quem os ouve tem a mesma expressão de quem escuta um discurso da gerentona. Um caso clássico de nada sobre coisa alguma.

Ligação com o PT garante privilégios no Minha Casa Minha Vida

Entidades ligadas ao PT encabeçam a lista das beneficiadas pelo Minha Casa Minha Vida e critérios políticos são explorados por suas lideranças

A denúncia saiu há pouco em matéria do Estadão. Entidades ligadas ao PT encabeçam a lista das beneficiadas pelo Minha Casa Minha Vida e critérios políticos são explorados por suas lideranças:
Líderes comunitários filiados ao PT usam critérios políticos para gerir a maior parte dos R$ 238,2 milhões repassados pelo programa Minha Casa Minha Vida Entidades para a construção de casas populares na capital. Onze das 12 entidades que tiveram projetos aprovados pelo Ministério das Cidades são dirigidas por filiados ao partido. Suas associações privilegiam quem participa de atos e manifestações de sem-teto ao distribuir moradias, em vez de priorizar a renda na escolha. Entre gestores dos recursos, há funcionários da gestão de Fernando Haddad (PT), candidatos a cargos públicos pela sigla e até uma militante morta há dois anos.
(grifos nossos)
Mas não só a colaboração política é explorada. A mão é metida no bolso daqueles que buscam um lar em São Paulo:
Para receber o imóvel, os associados ainda precisam seguir regras adicionais às estabelecidas pelo programa federal, que prevê renda familiar máxima de R$ 1,6 mil, e prioridade a moradores de áreas de risco ou com deficiência física. A primeira exigência das entidades é o pagamento de mensalidade, além de taxa de adesão, que funciona como uma matrícula. Para entrar nos grupos, o passe vale até R$ 50.
(grifos nossos)
Isso, obviamente, é ilegal:
Quem paga em dia e frequenta reuniões, assembleias e os eventos agendados pelas entidades soma pontos e sai na frente. O sistema, no entanto, fere o princípio da isonomia, segundo o advogado Márcio Cammarosano, professor de Direito Público da PUC-SP. “Na minha avaliação, esse modelo de pontos ainda me parece inconstitucional, além de escandaloso e absolutamente descabido. Ele exclui as pessoas mais humildes, que não têm condições de pagar qualquer taxa ou mesmo de frequentar atos públicos”, afirma.
(grifos nossos)
O cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas, faz um paralelo entre o que ocorre sob os cuidados do PT e o coronelismo tão combatido pelo partido num passado cada vez mais distante:
“O governo deve imediatamente intervir nesse processo e rediscutir as regras. Isso remete ao coronelismo. Além disso, a busca pela casa própria não pode ser um jogo, onde quem tem mais pontos ganha.
(grifos nossos)
Essa notícia parece esclarecer o motivo de o PT assistir tão passivamente a uma onda de invasões de espaços públicos na administração Haddad, onda esta denunciada pela Folha semanas atrás.

 

A sala de espera do analista - MARTHA MEDEIROS



ZERO HORA -

Sempre que saio da minha consulta no analista, há uma senhora na sala de espera aguardando sua vez. Antes, eu cruzava por ela e fazia um aceno educado com a cabeça. Com o tempo, passei a sorrir e dizer tudo bem?. Em breve, me sentirei tão à vontade que perguntarei : E aí, qual é a sua encrenca? Dificuldade de desapegar, síndrome do pânico, bipolaridade?

E tudo terminará num bistrô, entre boas risadas.

Obviamente, meu comportamento demonstra um desajuste. Não é por acaso que preciso frequentar um profissional que aperte meus parafusos frouxos.

Já quando sou eu que estou na sala de espera aguardando, a situação se inverte. O paciente anterior sai e nem olha para os lados. Cruza por mim como se eu fosse uma cadeira vazia. Nem uma espichada de olhos, nem um esgar, nem um grunhido. Não existo. Ele passa reto. Sou uma cadeira.

Eu poderia ficar com a autoestima abalada, ele não sabe o risco que está causando. Ou talvez saiba, mas não se importa com o que sinto. Será que ele não se importa com o que sinto? Acho que estou desenvolvendo um complexo de inferioridade. Mais essa agora. Desse jeito, minha alta não virá nunca.

Sempre que entro em uma pequena sala de espera, qualquer que seja, cumprimento quem ali está. Não saio distribuindo beijinhos, mas demonstro educadamente que percebi a presença de outros no recinto. Logo, é natural que eu faça o mesmo numa sala de espera que frequento toda semana à mesma hora, e onde eventualmente vejo as mesmas pessoas saindo ou entrando. Compartilhamos uma rotina, ora.

Só que não é simples assim. Ninguém fica com vergonha de ir ao dermatologista, ao oftalmo ou ao otorrino, mas consultar um analista ainda é algo extremamente íntimo. Os pacientes sentem-se constrangidos ao serem vistos num ambiente onde costumam confessar seus traumas e fraquezas.

Talvez não acreditem na eficiência do revestimento acústico das paredes, desconfiam de que aquela criatura ali na sala de espera escutou os detalhes de suas compulsões sexuais e de suas neuroses cabeludas. Era para ter ficado tudo em segredo, era para ter sido um momento privado, inviolável, confidencial – e é! – porém, em poucos minutos, aquele estranho sentará na mesma poltrona (ou deitará no mesmo divã) e privará dos cuidados do mesmo profissional, imediatamente depois de termos estado ali, e a sensação é de promiscuidade.

Queremos acreditar que o terapeuta é só nosso.

Mas não é: o paciente sentado na sala de espera revela que somos apenas mais um, que nossos problemas não são o centro da atenção de quem nos analisa e de que é provável que as paranoias dele sejam mais interessantes do que nossos questionamentos banais. Intolerável. Melhor mesmo fazer de conta que ali fora está apenas mais uma cadeira vazia.

Dilma torra R$ 22 mil por dia em suíte da Tiffany em Nova York

Dilma torra R$ 22 mil por dia em suíte da Tiffany em Nova York

O valor equivale a 32,5 salários mínimos por dia, ou quase 700 Bolsas-Família. A presidente já achou suítes presidenciais gratuitas "acanhadas".

 por Flávio Morgenstern

Ostentação deveria ser crime punido no Código Penal? Essa idéia já foi proposta pelo blogueiro progressista Leonardo Sakamoto, que acredita que o crime é culpa da vítima, e não do criminoso. O mesmo pensamento de quem acha que um estupro é culpa do tamanho da saia da mulher estuprada.
Será que ele vai propor encaixar em algum crime os gastos da presidente petista Dilma Rousseff em Nova York? Talvez no mesmo dia em que reclamar do racismo do blog da Dilma contra Joaquim Barbosa. (caso reincidente, diga-se).
A minha, a sua, a nossa presidente Dilma Rousseff fez uma viagem de uma semana a Nova York, para reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde discursou. Dilma se hospedou no luxuosíssimo hotel St. Regis, na suíte assinada pela joalheria Tiffany and Co., conforme informa o site Glamurama (nome digno). A suíte é equipada com três quartos, lustres de cristal na sala e equipe de mordomos que falam português (o inglês tá meio capenga, né, presidenta?).
A brincadeira sai pela bagatela de pouco mais de US$ 10 mil, ultrapassando os R$ 22 mil reais. Por dia, durante uma semana. Nada mal para uma presidente que “tirou 13 mil famílias da miséria” lhes dando R$ 2 reais por mês. 0.00909090909% do que está gastando por dia em Nova York. Aquilo que foi festejado no R7 com manchetes como “Governo Lula conquista os ricos para tirar 24 milhões da miséria”.
É uma repetição do que a não-católica Dilma (discípula da pouco conhecida “Nossa Senhora de Maneira Geral”) fez em Roma para ver o papa (ou seja, torrar dinheiro do brasileiro, inclusive do brasileiro que não gosta dela, apenas e tão somente para tentar se reeleger perante seu eleitorado católico).
Na ocasião, Dilma malgastou R$ 5.039,00, ou 7,5 salários mínimos, na “Grand Luxe Suite” do hotel Westin Excelsior, ao invés de se hospedar na luxuosa embaixada brasileira. O jornal espanhol ABC, acostumado com a pouca austeridade do rei Juan Carlos no trato com o dinheiro dos espanhóis (aquele que foi caçar elefantes em Botsuana enquanto o país quebrava), se assustou com o quanto Dilma gasta dinheiro do brasileiro à toa.
Mas isso são tempos passados. Agora, em NY, os gastos de Dilma sobem para modestos 32,5 salários mínimos por dia. O dinheiro total pagaria quase 700 Bolsas-Famílias (mas pobre lá vai ler jornal? que comam brioches). É um pouquinho a mais do que se costuma gastar numa lua-de-mel.
Aliás, estranha-se a comitiva que Dilma sempre leva em viagens ligadas apenas a aparições de chefes de governo. Por exemplo, por que levar Aloízio Mercadante, ministro da Educação, para essas viagens luxuosas? Enquanto o ENEM entra na última fase (aquela prova em que o PT sempre fez burrada, todo ano), o ministro da Educação está em NY com a presidente Dilma com seus ostensivos gastos.

Mas dá pra piorar.

Dilma já considerou que uma suíte presidencial de 81 m² é “acanhada”, preferindo, ao invés de aceitar a suíte com varanda paga pelo governo sul-africano, gastar US$ 94,1 mil via Itamaraty para pagar uma suíte melhorzinha no Hilton. Dilma pode livremente pegar o dinheiro do brasileiro, que qualquer esquerdista sabe que brota em árvore, e o povo e a “classe média” não precisam trabalhar para que ele passe a existir, e torrar no  luxo burguês que quiser, sem medo de Marilena Chaui ou Leonardo Sakamoto darem um pio.
Dessa vez, Dilma também queria a suíte presidencial, bem mais cara. Mas o quarto já estava ocupado.
Sua resposta anterior a tantos gastos foi um alívio para o povo e o jornalismo brasileiro, tão investigativo, pentelho e golpista com a nossa presidente: passou a tratar tais gastos como sigilo. De fato, informações muito importantes para a segurança do país. Ou ao menos para a reeleição de uma das piores presidentes que o Brasil já teve (e a concorrência nesse quesito é acirradíssima).
Apenas relembrando só o histórico ultra-recente de torrefação de dinheiro do povo, Dilma já evaporou US$ 121,3 mil só em hospedagem e diárias de servidores em Atenas. Para o jantar de trabalho da presidente e comitiva em Granada, a embaixada pediu € 4.000.
Ninguém foi para a rua ou fez protestos contra isso. Nenhuma reclamação dos que vivem apontando o dedo contra “os ricos” e “a classe média”, e culpando a violência brasileira de 50 mil homicídios por ano na “desigualdade social”. Silêncio total. E obediente.
Isso se dá na mesma semana em que as contas mostram que o Estado tomou à força do brasileiro, só em 2013 (que ainda não acabou), apenas R$ 3 bilhões por dia em impostos. Notícia que passa como nota de rodapé em qualquer jornal, para depois a militância petista disfarçada de jornalismo dizer que o PT e a presidente fez muito mais pelo país do que qualquer um de seus opositores.
O que você faria com R$ 3 bilhões por dia para 190 milhões de pessoas? Talvez um tiquinho mais do que deixar que os pobres reutilizem seringas descartáveis na rede pública enquanto discursa vendendo a esparrela de que “o SUS está à beira da perfeição” (“dá até vontade de ficar doente para ser tratado aqui!”) para entupir o país de médicos cubanos. Isso é um exemplo aleatório. Daria pra fazer um pouquinho mais? Pergunte a qualquer pivete que jogue Sim City.
O que é toda a corrupção de um país corrupto perto do que fazem os presidentes do PT legalmente?
Mas, ah, se fosse um tucano, hein?


CELSO ARNALDO: O duelo virtual, mas pessoal, entre Dilma Bolada e Dilma Rousseff reacende a polêmica: existe uma Dilma oficial?



CELSO ARNALDO ARAÚJO
─ Oi, internautas.
A saudação comicamente pueril, que encabeça qualquer lista dos assombros produzidos por Dilma desde que ela foi obrigada a falar em público, era um aviso: a mineira-gaúcha que fizera fama exclusivamente por seu gênio irascível no subsolo do governo, e fora guindada à condição de candidata à Presidência da República por vontade pessoal de Lula, encontrava-se na era paleolítica do mundo digital.

O “oi, internautas” foi sua resposta sincera, bastante e definitiva, no nível de sua desenvoltura, ao pedido de Marcelo Branco, então guru virtual da candidata-surpresa do PT, para que mandasse uma mensagem aos que a seguiam nas redes.
Mas, pouco a pouco, à medida que ela ia expondo seus pensamentos sobre saúde, educação, agricultura, condição feminina, sempre com uma inclemente pobreza de raciocínio, esse irremediável deserto de ideias foi se alastrando para todos os temas do mundo real.
Os palanques da campanha e, logo em seguida, os do Brasil Maravilha de Dilma/Lula ganharam a presença empolgada da pior oradora de todos os tempos, incluindo as cavernas ainda silenciosas e os milênios por vir. Mas a tentativa inicial de expressar rudimentos de ideias em 140 toques foi sumariamente abandonada em 13 de dezembro de 2010 ─ quando o Twitter oficial da então presidente eleita Dilma Rousseff calou-se prudentemente.
Esta semana, Dilma retornou, triunfalmente, ao estrelato virtual. A campanha de 2014 já começou.
Esta semana, aliás, ela foi do topo do mundo ─ o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em plena cidade-ícone dos Estados Unidos, onde eriçou o topete para passar outro pito em Obama pelo Spygate ─ aos píncaros da insignificância, recebendo no Palácio do Planalto, para marcar o renascimento de seu perfil oficial no Twitter, o criador do personagem virtual Dilma Bolada, que faz gracinhas domesticadas em perfis com a foto da presidenta. Sátira? Não, exatamente. A tentativa de humor disfarça, ou melhor, não disfarça, o proselitismo escancarado:

No Twitter:
– Sou linda, sou diva, sou Presidenta. SOU DILMA!!! Bjs

No Face:
- Em primeiro lugar, boa noite! Em segundo Marina, em terceiro Aécio, em quarto o Campos tudo ladeira abaixo…Uma coisa é fato: não adianta rogar praga, colocar meu nome na encruzilhada, fazer vodu porque o que o povo guardou pra gente, ninguém tira!

Bem, a estadista que em nome da liberdade cibernética do mundo peita Obama em sua própria casa, a ponto de o presidente americano ter se ausentado, inusitadamente, da abertura da Assembleia da ONU, acolheu no Palácio dois dias depois, com carinho de avó e a leveza descolada de uma fã de Justin Bieber, o quase imberbe e inofensivo Jeferson Monteiro ─ alter ego de Dilma Bolada.
Não, ele não esteve nas ruas em junho. Apesar da aparente causticidade de seus ditos em nome de Dilma, nunca joga uma bola pelas costas. Mas o pessoal da Secretaria da Comunicação fica mesmo diabólico em época de campanha: com esse encontro, numa só jogada, a estadista da ONU demonstrou modernidade, bom humor, desprendimento. Oi, internautas.
O duelo de teclados entre os dois perfis de Dilma ─ a oficial Rousseff e a fake Bolada ─ foi reproduzido, sem qualquer reparo, pela grande mídia. Os blogs financiados foram à cloud. Pois as duas Dilmas, cada qual em seu notebook, mas lado a lado, certamente num dia de pouco movimento na casa, travaram um dos grandes diálogos da história republicana, sem retoques:
Dilma Oficial:
─ Bom dia linda maravilhosa, sempre acompanhei vc. Mas não me dê bom dia. Mas me dê bons resultados.

Dilma Bolada:
─ Bom dia pra mim mesma linda, maravilhosa, sempre eu, @dilmabr, Finalmente o pessoal e profissional se cruzando…

Dilma Oficial (com um toque de Guimarães Rosa soprado pela assessoria)
─ Vocêzinha eu acho que por boniteza, eu por precisão. Lanço hoje o novo @portalbrasil . São + informações,serviços & participação.

Vocêzinha? Huumm.. Portal? Sim, vamos ao que interessa que é ensaio de campanha: além do renascimento do Twitter, nessa pré-estreia de gala com o duo Dilmas, há que cumprir a pauta dos marqueteiros ─ o lançamento do novo Portal interativo e…
Dilma Bolada:
─ Agora é hora de sambar e falar do #MaisMédicos, o programa maravilhoso que tinha que ter até no hospital do Cesar de “Viver A Vida”…

Dilma Oficial:
─ Respeito muito os médicos brasileiros, mas traremos médicos de onde pudermos. Importante é atender melhor a população. Isso é o + médicos

Bem, o resto é o resto ─ incluindo um pito na The Economist pela capa do looping descendente do avião Brasil em torno do Cristo Redentor.
Parece óbvio que Jeferson saiu do Palácio enlevado com o upgrade de seu personagem ─ ele é o caso clássico do imitador que homenageia o ídolo ao longo de toda uma carreira e, um dia, tem a honra de dividir o palco com ele. Em sua primeira tuitada fora do cenário oficial, ele retomou, no Facebook, a linha da sátira a favor, em nome de Dilma Bolada:
─ Gente, o Jeferson Monteiro já foi. Ele até que é gente boa mas despachei logo porque tenho mais o que fazer. Agora ninguém me segura com o twitter lá o outro cá, o Face aqui é o do Planalto também, e o insta @dilmabolada e @palaciodoplanalto. Sambei!
Se cuida Obama!!!
ÊTA PRESIDENTA CONECTADA!!!

Os três anos que separam o último tweet da primeira fase do Dilma Oficial desse renovado “o”” da presidente aos internautas, no diálogo non sense com Dilma Bolada, foram deixando no caminho evidências cabais de que a Dilma Oficial, a que ora ocupa a Presidência e caminha para a reeleição, é a verdadeira Dilma Bolada: uma criação ficcional, um falso perfil, que tomou corpo e forma reais. Por isso, não é surpresa que Dilma Bolada, através da figura deslumbrada de seu oportunista criador, tenha sido admitido no Palácio do Planalto.
Dilma Rousseff, a Oficial, chegou lá três anos antes.

Quanto a Jeferson, o futuro do falso outsider brincalhão está garantido ─ agora, com a melhor madrinha, ele é Oficial.

Mortes nada naturais - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP -

Estudo da ONG Saúde e Sustentabilidade estima que a poluição do ar tenha contribuído para a morte precoce de 17.443 pessoas no Estado de São Paulo em 2011.

Esse número representa, de acordo com os autores do trabalho, mais que o dobro dos óbitos provocados por acidentes de trânsito (7.867) no mesmo período.

A comparação direta é algo problemática. As vítimas preferenciais da poluição são pessoas com a saúde fragilizada ou já acometidas por doenças respiratórias e cardiovasculares, que muito possivelmente teriam morte precoce mesmo se vivessem em áreas mais salubres.

Nada disso invalida, no entanto, um aspecto crucial da pesquisa: a poluição produz uma série de graves efeitos adversos que só agora começam a ser contabilizados.

Os autores do estudo estimam que, apenas na região metropolitana de São Paulo, o custo financeiro da má qualidade do ar fique entre algumas centenas de milhões e 1 bilhão de dólares por ano, dependendo da métrica utilizada.

Numa mensuração mais abstrata, que divide por todos o fardo dos infortúnios associados à poluição, cada paulistano perde 1,31 dia por ano para a sujeira no ar.

Economistas dão a esse tipo de problema o asséptico nome de externalidade, que ocorre quando o custo (ou benefício) de uma determinada atividade afeta terceiros. E o exemplo clássico de externalidade negativa é a poluição do ar.

O sujeito que a produz obtém algum benefício privatizado, como as mercadorias de sua fábrica ou o deslocamento em seu veículo particular, enquanto as consequências danosas são repartidas por toda a sociedade.

O tema levanta questões éticas e políticas. As respostas quase sempre passam pela regulação estatal, que pode se dar por proibições legais e imposição de padrões mínimos, ou, como prefere o mercado, estímulos e taxações.

A magnitude do problema, hoje provocado sobretudo por veículos, recomenda ação em todos os níveis. É preciso tanto insistir em medidas como a inspeção veicular e a fiscalização da qualidade dos combustíveis quanto favorecer a utilização do transporte coletivo e implantar alguma forma de pedágio urbano.

‘Siga o cheiro do dinheiro’, de Carlos Brickmann



Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Há algo em comum entre os 32 partidos políticos do país. Não, não é o nome Partido: o Solidariedade, de Paulinho, não se chama “partido”. E a Rede, de Marina Silva, se vier a ser registrada também não terá este nome. O que têm em comum é que todos podem aliar-se em eleições estaduais, combater-se em eleições federais, ou vice-versa, unir-se em torno de um candidato, opor-se a ele. E ninguém vai estranhar o ziguezague: aqui, acredita-se, partido é assim mesmo.
Se um partido pode tudo, sem qualquer preocupação com programas de Governo ou com alguma ideologia, por que tantos políticos se preocupam em criar outros partidos? Para que formar 32 partidos? Para que servem? Que é que são?
São minas de ouro ─ com a vantagem de não exigir investimento para extraí-lo. Há montanhas de dinheiro público à disposição de seus dirigentes. O Fundo Partidário distribuiu no ano passado R$ 286,2 milhões. A propaganda política chamada de gratuita custa ao Tesouro perto de R$ 900 milhões em ano eleitoral (só é gratuita para o partido, porque a conta vem para nós). Os dois partidos novos, PROS e Solidariedade, mal se formaram e já levam R$ 30 milhões anuais do Fundo Partidário. No Brasil, partido não é um instrumento para chegar ao poder. No Brasil, partido normalmente é um instrumento para chegar ao dinheiro.
Sigam o caminho do dinheiro, dizia aos repórteres que desvendavam o escândalo Watergate sua principal fonte, apelidado de Garganta Profunda. Quer saber por que surgem tantos partidos? Siga o dinheiro. Há gente com bolsos profundos.
Além da imaginação
Mas é pura ingenuidade acreditar que com este dinheiro os partidos ficam saciados. Há ainda os cargos públicos com nomeações sem concurso, prêmio extra pelo apoio eleitoral; há o aluguel do horário gratuito, nem sempre oferecido gratuitamente pelos partidos menores aos aliados maiores. E há certas transferências da organização para os organizadores que, quando descobertas, se transformam em escândalo. 
Mas como querer que os beneméritos organizadores, que dedicam a vida ao partido e à democracia, paguem suas contas pessoais no fim do mês?
Os insaciáveis
Com tudo isso, ainda há quem queira que as campanhas sejam financiadas por dinheiro público. Como vimos, já são. O que querem é mais dinheiro público.

Os 60 anos da Petrobrás - ADRIANO PIRES


O ESTADÃO -

No dia 3 de outubro a Petrobrás completa 60 anos. No seu jubileu de diamante, dois fatos chamam a atenção. Durante os 45 anos em que exerceu o monopólio e nos últimos 15 anos, quando passou a conviver com o mercado aberto, a estatal nunca foi tão maltratada pelo governo, seu acionista majoritário. O segundo fato é a notável capacidade que a estatal adquiriu ao longo dos anos de desenvolver tecnologias de exploração em águas profundas, o que a fez se tornar e continuar a ser líder mundial.

Desde o início do governo PT, a Petrobrás tem sido usada e abusada pelo seu acionista majoritário com objetivos políticos, não permitindo decisões baseadas na racionalidade empresarial, o que tem causado imensos prejuízos aos acionistas minoritários, em particular aos trabalhadores que aplicaram seu FGTS na compra de ações da empresa. Exemplos não faltam. O governo obriga a empresa a manter os preços domésticos defasados em relação ao mercado internacional, com o objetivo de controlar a inflação e incentivar a atividade econômica. Desde 2003 a defasagem dos preços da gasolina e do diesel promoveu perdas de mais de R$ 40 bilhões. Em 2013 a estatal tem perdido algo em torno de R$ 1 bilhão mensal só com a importação de gasolina e diesel. Paralelamente, o crescimento da demanda incentivado pelo preço artificialmente baixo levou a empresa a importar grandes volumes de gasolina e diesel. Entre o 1.º trimestre de 2010 e o 2.º trimestre de 2013, a área de abastecimento da Petrobrás já acumula prejuízo de cerca de R$ 36 bilhões, e as importações de gasolina cresceram 395%. Por causa disso, a empresa tem tido dificuldade para cumprir seus cronogramas de investimento. O resultado tem sido o atraso e a revisão de vários projetos e a queda na produção da empresa, que em 2013 deve ser de 2%, voltando aos níveis observados em 2009. Três anos perdidos.

Outro caso emblemático é a construção da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, refletindo problemas relativos à gestão de projetos de construção de refinarias pela Petrobrás. Ao longo da construção, o custo previsto do projeto se multiplicou por dez, de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões, e a sócia venezuelana PDVSA até agora não deu o ar da sua graça. Isso sem falar na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, por um preço ainda não explicado de forma transparente.

Como resultado de todos esses desmandos, a lucratividade da empresa desabou, levando ao aumento do seu endividamento. Apesar de em 2010 ter realizado a maior capitalização da história, que gerou a injeção de R$ 45 bilhões em seu caixa, a empresa está hoje perigosamente perto dos níveis que fariam com que perdesse seu status de investment grade. O seu endividamento cresceu 210% após a capitalização e suas relações dívida líquida/Ebtida e dívida líquida/capital líquido se encontram em 2,9x e 34%, respectivamente, mesmo com a empresa se utilizando de "contabilidade criativa", que reduziu 70% do impacto da desvalorização cambial sobre a sua dívida. Agora a saída encontrada é o plano de desinvestimento, pelo qual a empresa está vendendo ativos como metade dos campos de petróleo que possuía na África. O próximo passo poderá ser a promoção de uma nova capitalização após as eleições de outubro de 2014, o que provocará uma diluição maior dos minoritários, aprofundando o movimento de estatização da empresa. Tudo isso compromete o futuro da Petrobrás.

Nos próximos aniversários, é preciso que comemoremos a volta da Petrobrás ao caminho da excelência e da lucratividade e, para que isso aconteça, o acionista majoritário deve deixar de ser inimigo e passar a ter um novo relacionamento com a empresa. Esse novo relacionamento tem de estar baseado no respeito pelo acionista minoritário, no retorno do planejamento de longo prazo e no abandono do atual intervencionismo de curtíssimo prazo, que vem causando enormes prejuízos à empresa e a toda a sociedade brasileira. Só assim a Petrobrás poderá manter-se na vanguarda tecnológica, beneficiando as gerações futuras de brasileiros.

Aparelhamento em curso - EDITORIAL GAZETA DO POVO PR


GAZETA DO POVO PR -
O novo presidente do Cade omitiu, em seu currículo, o fato de ter trabalhado para o político que iniciou as denúncias que agora o órgão antitruste terá de julgar


O PSDB formalizou um convite para que o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Marques de Carvalho, explique na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado omissões no currículo apresentado quando de sua nomeação para o posto que ocupa agora. O partido ainda apresentou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que Carvalho seja investigado pelo mesmo motivo. Os parlamentares tucanos apontam sinais de que uma prática relativamente comum no petismo, o aparelhamento da máquina de Estado pelos militantes do partido, estaria se repetindo, dessa vez no órgão que, entre outras atribuições, avalia grandes fusões e aquisições, e fiscaliza denúncias de práticas econômicas que violam a livre concorrência.

Carvalho foi indicado por Dilma Rousseff para substituir Fernando Furlan; seu nome foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e a nomeação ocorreu em maio. Mas o currículo de Carvalho tinha sido enviado pela Casa Civil para apreciação da Presidência em maio do ano passado, com uma lacuna importante: o tempo em que trabalhou como chefe de gabinete do deputado estadual paulista Simão Pedro, do PT, entre 2003 e 2004. Foi justamente esse parlamentar, que hoje é secretário do prefeito paulistano, Fernando Haddad, que denunciou, em 2010, um escândalo de formação de cartel nas licitações dos metrôs de São Paulo e Brasília. A empresa alemã Siemens assinou um acordo de leniência com o Cade para detalhar o funcionamento do esquema ao órgão antitruste, que àquela altura já tinha Carvalho na presidência.

O novo presidente do Cade, confrontado com a omissão em seu currículo, minimizou o episódio, dizendo que “provavelmente foi um lapso”. O caso do cartel metroviário é extremamente grave e precisa ser investigado com toda a seriedade; se as irregularidades forem comprovadas, é preciso punir os responsáveis. Mas não há como não notar uma série de coincidências envolvendo o caso. Afinal, um militante petista – a assessoria do Cade informou que Carvalho tinha se desfiliado do partido havia muitos anos, mas seu nome aparece na lista enviada pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral em 19 de abril, e que pode se consultada no site do TSE; sua situação de filiação é descrita como “regular” –, vinculado a um político que denunciou um escândalo envolvendo partido adversário, é nomeado para a presidência do órgão que julgará essa mesma denúncia, às vésperas de uma corrida eleitoral em que uma das maiores ambições do PT é retirar o PSDB do governo paulista. Não há dúvidas de que o episódio servirá como munição na campanha de 2014.

A confusão entre partido e Estado, e o consequente loteamento desse aparelho de Estado com militantes petistas, em alguns casos, vêm custando muito caro; basta observar o que ocorreu com a Petrobras, cuja gestão desastrosa vem demolindo o valor de mercado da estatal. O Cade tem uma função valiosa no aprimoramento da concorrência econômica no país, e mais recentemente ganhou novos poderes, pela Lei 12.529/2011. É um órgão que não pode, de maneira alguma, ser colocado a serviço de interesses partidários. Do contrário, criará distorções que também punirão o consumidor brasileiro.


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