CORREIO BRAZILIENSE -
Os petistas fizeram seus cálculos e descobriram que a tendência de apoio do PMDB aos seus candidatos é mínima
Desconfiados das reais
intenções do PT em vários estados, os peemedebistas preparam carreira
solo nos grandes colégios eleitorais do país. São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e
por ai vai. Assim, o maior aliado do governo Dilma Rousseff começa a
fechar uma espécie de "rota de fuga", para poder buscar outro caminho,
caso algo dê errado logo ali na frente.
Embora os peemedebistas
reclamem do PT, a verdade é que o mapa de prováveis alianças para 2014
indica que os petistas estão muito mais dispostos a apoiar o PMDB do que
o inverso. Há boa vontade em apoiar um nome do PMDB em pelo menos seis
estados: Pará, Rondônia, Alagoas, Sergipe, Amazonas e Amapá.
No caso desse último,
entretanto, ainda depende do rumo que tomará o governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, uma vez que o governador do Amapá, Camilo Capiberibe, é
do PSB e o vice é do PT. Eduardo Campos é visto hoje, entre os
políticos, como a peça mais importante que falta para clarear o quadro
dos estados, nessa corrida tão antecipada.
Enquanto isso, no PT...
Os petistas fizeram seus
cálculos e descobriram que a tendência de apoio do PMDB aos seus
candidatos é mínima. Existe, hoje, apenas no Piauí e no Distrito
Federal, onde o vice de Agnelo Queiroz é o peemedebista Tadeu
Filippelli. Em conversas reservadas, há quem diga que Filippelli poderia
até lançar-se em uma candidatura alternativa, de forma a não ficar tão
destoante da maior parte do partido, país afora. Mas a cúpula nacional
do PMDB trata essa hipótese como "intriga sem fundamento", uma vez que a
ordem em Brasília é repetir o desenho da aliança nacional.
Diante desse quadro de
pouco apoio nos estados, o presidente do PT, Rui Falcão, tem dito aos
peemedebistas que, se eles quiserem suporte no Rio de Janeiro, por
exemplo, deveriam arrumar um jeito de ajudar a reeleição de Tarso Genro,
no Rio Grande do Sul. O PMDB, todavia, tem candidato próprio lá.
Por falar em "intrigas"...
O presidente do PMDB,
senador Valdir Raupp, de Rondônia, faz questão de alertar que essa
situação de candidaturas próprias do seu partido não representa riscos
para o cenário nacional. Ele tem dito que o vice-presidente da
República, Michel Temer, conseguiu construir um leque de apoios desses
palanques à chapa Dilma-Michel. "Está melhor do que foi na última
eleição", assegura.
O problema é que, entre
as garantias do presidente em exercício do PMDB e o calor da campanha, a
distância é grande. Essa estratégia peemedebista indica, para muitos
políticos, a tal "rota de fuga" referida acima. O partido, aliás, sempre
foi craque nessa construção. Sempre tem um pedaço enorme em uma banda e
grupos menores que abrem trilhas para outras candidaturas.
Para completar, tem
sempre uma terceira turma peemedebista disposta a criar fatos e
situações que deixem qualquer governo dependente da boa vontade do
partido. Vide o pedido de CPI da Petrobras, já referido aqui na coluna
em outras oportunidades, e o elenco de matérias que o governo não quer
nem ouvir falar - PEC 300 (dos policiais), fator previdenciário,
orçamento impositivo e outras "coisinhas" mais.
E no PSB...
O jogo fica cada vez
mais nebuloso. A última forma foi um freio na troca de partido por parte
do vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto. Além de Carlos Lupi
pedir a ele que não saísse do PDT, o PSB ainda pesa prós e contras dessa
filiação. Tudo porque, à primeira vista, poderia parecer que Eduardo
Campos desistiu de ter o PDT na sua chapa. Nem o governador pernambucano
deseja mostrar suas cartas agora e nem os pedetistas estão interessados
em fechar desde já. Como esse baile ainda está no começo, a ordem de
cada um é valorizar o passe.
E tem mais!
O gingar das medidas
provisórias no Congresso indicam que o governo passa agora a depender de
"gambiarras", como a inclusão da medida provisória da energia elétrica
em outras correlatas que tramitam na Casa. Afinal, não está descartado
que outros textos terminem sem prazo para votação no Senado, como
ocorreu com a MP que trata da redução dos valores da conta de luz. Sendo
assim, ou Dilma acerta logo o passo na Câmara, ou a legislação
brasileira ficará cada vez mais confusa, com leis misturando alhos e
bugalhos. Essa, entretanto, é outra história.