Jornalista Andrade Junior

FLOR “A MAIS BONITA”

NOS JARDINS DA CIDADE.

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CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASILIA

CATEDRAL METROPOLITANA NAS CORES VERDE E AMARELO.

NA HORA DO ALMOÇO VALE TUDO

FOTO QUE CAPTUREI DO SABIÁ QUASE PEGANDO UMA ABELHA.

PALÁCIO DO ITAMARATY

FOTO NOTURNA FEITA COM AUXILIO DE UM FILTRO ESTRELA PARA O EFEITO.

POR DO SOL JUNTO AO LAGO SUL

É SEMPRE UM SHOW O POR DO SOL ÀS MARGENS DO LAGO SUL EM BRASÍLIA.

domingo, 31 de março de 2013

Uma escola sem receita

Uma escola sem receita - ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA

O GLOBO -

O aluno que inseriu na redação do Enem a receita do miojo deixou um recado claro: a receita de escola desandou.

No passado a escola era um espaço físico, dedicado à aquisição de conhecimentos certificáveis, que só os professores detinham. O professor era um profissional supostamente capaz de saber o quê e como ensinar. Os ritmos escolares balizavam o tempo desse aprendizado que se sucedia ao longo de anos. Todas essas premissas estão postas em questão.

Enquanto a escola pública tenta compensar suas imensas deficiências construindo prédios, aumentando matrículas e o número de professores em sala de aula, condição sine qua non de qualquer progresso, o que se passa dentro dos muros da escola entre alunos e professores é desolador. O episódio da receita do miojo, temperada com pitadas de deboche e altas doses de descrença, é testemunha desse descalabro.

Uma mudança de era deu lugar a um abismo geracional que separa professores e alunos, minando as relações de admiração e respeito que, no passado, estimulavam o desejo de aprender. Os professores estão hoje a cavaleiro entre dois tempos; um passado em que conteúdos eram transmitidos de uma forma que hoje chamaríamos tradicional; um presente em que os alunos, digitais nativos habitam, fascinados, o espaço virtual como vida real e são habilíssimos em tecnologias que os professores mal dominam.

Quando todos os alunos freqüentarem as aulas, quando houver professores suficientes, recebendo um salário decente, ainda restará a incômoda questão do que lhes ensinar. Um livro de respeitáveis pesquisadores franceses ostenta o título inquietante: "Ainda é preciso aprender?"

A virtualidade é o meio ambiente de uma juventude portadora dessas próteses cerebrais que são os celulares, prolongamentos de seus corpos, onde trazem armazenada - Google dispensando o trabalho da memória - toda a informação do mundo. Fotografam tudo que se passa como que deixando provas tangíveis do que é vivido em tempo real, marcando o instante, sem apelo à abstração da memória, seus caprichos e brumas. Como tudo é registrado sem esforço, é o próprio esforço que se torna um comportamento raro e desvalorizado, o que representa um perigoso efeito colateral. Entre alunos e professores há distância e estranhamento. Por vezes, agressividade.

A pletora de informações que cada um acessa quando tira o celular do bolso não implica que os jovens tenham a mínima idéia do que fazer com elas ou, pior, que saibam a diferença entre informação e conhecimento. A aquisição de conhecimento depende do desenvolvimento de aptidões mentais e do domínio dos códigos culturais que permitem navegar com alguma coerência em um oceano de informações desgarradas. As informações disponíveis na internet são um tesouro literalmente incomensurável. Problemática é a exígua capacidade de processá-las e lhes dar algum sentido.

Assim como a palavra ganha seu sentido no texto e o texto ganha sentido em um contexto, a informação pede para se inserir em um patrimônio cultural que caberia à escola transmitir. A contextualização é condição da função cognitiva ao mesmo título que a consciência de ter aprendido, tão cara ao grande Jean Piaget.

É a transmissão do patrimônio cultural e de valores que dão à juventude o sentido de pertencimento à aventura humana e estabelecem os vínculos de continuidade entre as gerações que se sucedem. Tarefa essencial em tempos moldados e irrigados pela tecnologia que permite a cada um construir um mundo próprio o que pode ser uma rica experiência se conectada a um pertencimento mais amplo - mas pode ser também o deslizamento para uma forma velada de antissociedade, um aglomerado de indivíduos autorreferentes cuja comunicação não passa por uma experiência ou memória comum e se tece apenas com os laços esgarçáveis da banalidade.

O desafio da educação é a formação de indivíduos aptos a pensar pela própria cabeça, capazes de transformar informações em conhecimentos, abertos à inovação e experimentação, afeitos à argumentação e escolha. O que Edgar Morin chama "uma cabeça bem feita"!

A vida em tempos de internet exige da escola uma metadisciplina, o aprender a aprender. Quem serão os professores dessa escola aberta ao desconhecido, sob forma de pesquisa, e ao inesperado, sob forma de criação?

Não há receita pronta de escola e sim ingredientes a combinar: a aquisição de conteúdos específicos com o aprendizado de competências transversais que permitam aos jovens dar sentido a si mesmos e a um mundo em que terão vida longa e as certezas curta vida.

CONTRARREVOLUÇÃO DE 31 DE MARÇO DE 1964 - 49 ANOS DEPOIS

CONTRARREVOLUÇÃO DE 31 DE MARÇO DE 1964 - 49 ANOS DEPOIS 
Por Aluisio Madruga de Moura e Souza
A Nação Brasileira Precisa Despertar! Este artigo é dedicado àqueles que não viveram antes e por esta razão desconhecem as causas que deram origem a Contrarrevolução de 1964. “Naquela época a nossa mídia era dotada de um alto grau de independência e de nacionalismo e o seu patriotismo era genuíno e consciente. Hoje, vendida e venal” (Jornal Inconfidência).Qual a razão do Partido dos Trabalhadores está agitando uma Nação que foi pacificada pela Lei de Anistia? Trata-se de irresponsabilidade, revanchismo, ou de  uma quarta tentativa de implantação do comunismo entre nós?Desde que o comunismo passou a influir na política brasileira a partir de 1922, com o objetivo de implantar a ditadura do proletariado em nossa Pátria, foram três as tentativas de tomada do poder: - em 1935 por intermédio da Intentona Comunista; em 1964 com os comunistas alinhando-se a uma parcela da burguesia; e, posteriormente, por meio da violência revolucionária, quando a tônica foi o emprego da luta armada com atentados seletivos ou não, seqüestros de diplomatas estrangeiros, assaltos a bancos, a hospitais,  roubos de carros, sequestros  de aviões e, por fim, para sobreviverem, até ônibus foram assaltados. Para tanto, mataram trabalhadores e outros cidadãos, sem piedade, durante sua ações e em muitos casos também assassinaram reféns e justiçaram companheiros por ousarem discordar, em algum momento, do grupo. Os exemplos são vários e conhecidos. Só os ignoram os interessados em nega-los.  

  O governo Contrarrevolucionário, buscando pacificar a Nação lhes outorgou em 1979 uma Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, portanto muito além do que reivindicavam.  Mas os comunistas desconhecem o que seja viver em paz e o que seja respeitar o direito do contraditório e, embora preguem a democracia, desconhecem o real significado da palavra. Aliás, como desconhecem quase tudo o que alardeiam.  Tendo o PT – partido que abriga quase a totalidade das organizações de esquerda existentes no Brasil e que se  dizia à prova da corrupção  e que no partido não deixava ninguém roubar - alcançando o governo por meio de um processo eleitoral legítimo, em muito pouco tempo, deu início a nova tentativa de implantação de uma ditadura de esquerda, agora por ação direta do ex-Ministro Chefe da Casa Civil que passou por intermédio da corrupção a comprar a consciência de várias autoridades nos diversos setores da vida pública e privada do nosso país. Os órgãos de imprensa escrita, falada e televisada,  a partir do  mês de maio de 2005, confirmam esta assertiva. E a busca desta compra de consciência tinha e continua tendo um único objetivo: fortalecer o PT e o governo  para que este possa, a sua maneira, implantar o partido único entre nós.
 E que maneira é esta? Entorpecendo o povo brasileiro com o canto das sereias e, em particular, os menos favorecidos dando-lhes o vale-alimentação, vale-escola e outros favores, ou seja, oferecendo aos pobres o peixe sem ensinar-lhes a pescar. Por outro lado, uma grande parte das autoridades constituídas e outros setores das elites brasileiras estão corrompidos e fingem estar sofrendo de amnésia por também terem sido compradas pelo vale-esquecimento recheados de favores para si e seus dependentes.  
E assim, o Partido dos Trabalhadores vem destruindo o que ainda resta de altivez na nação brasileira e em seus filhos. Na contra-mão de tudo o que sempre  pregaram e/ou condenaram somos obrigados a conviver com a tragédia nacional da criminalidade e insegurança, da deseducação e da falta de estrutura do Sistema de Saúde entre tantos, e, em breve, muito breve, da fome – de todos bebendo da mesma água no mesmo poço. Então, do caos se erguerá a nova ordem imposta pelo “pt” que será único. Aleluia! 
 E a oposição está e permanecerá muda, insana. Até  quando? Mas afinal, que oposição? Quem é esta oposição que não mostra a cara? Será que existe uma? Ou será que ela está escondida? Está escondida sim! Encobre o rosto, podendo ter o pescoço puxado a qualquer momento sempre que o “governo”, ou melhor, os “interessados” precisarem, pois  a grande maioria também está com as mãos sujas.  A que ponto chegamos! 
E o “pt” que “sempre” foi tão avesso ao “pacto da mediocridade”, ao “populismo”, ao “maniqueísmo”, ao “toma-lá-dá-cá”. Bem, tudo isto é História! Palavreado! Decoreba!     
Os militares, dentre os quais me incluo, sempre entenderam a importância do respeito ao princípio da hierarquia e aprenderam que o comandante ou chefe é responsável por tudo que acontece ou deixe de acontecer sob seu comando. Aprenderam muito mais e, principalmente, que cabe ao comandante ou chefe defender seus subordinados e os interesses da unidade ou grande unidade que comanda. Este, o motivo da atual decepção de muitos militares e, também de civis, ao verem o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra sendo processado injustamente por um grupo de comprovados ex-terroristas, por desempenhar missão constitucional imposta pelos seus comandantes da época e o descaso total da Força, pelo menos até hoje, insistindo em lavar suas mãos. Ficaram decepcionados ao tomarem conhecimento pela imprensa da intenção do governo em repassar verba para uma ONG( órgão de fachada do PC do B), para que esta construa um memorial na cidade de Xambioá em homenagem aos guerrilheiros do Araguaia que pegaram em armas contra o regime estabelecido (e que ainda continua sendo o mesmo), com o dinheiro do contribuinte, enquanto a Força também lava suas mãos. Trata-se, esta e outras que estão ocorrendo,  sem sombra de dúvidas, de homenagens inoportunas e descabidas. Nos fazem lembrar “Sucupira”, espaço ficcional de obra de Dias Gomes. Lá tudo era verossímil, possível e compreensível. Ora, são pessoas que pegaram em armas por opção, mataram vários militares e civis que agiam no cumprimento do dever e hoje vivem se auto - endeusando com o apoio do governo e de uma parte da mídia infiltrada ou que se vende ao vil Metal.
 Então pergunta - se: que exemplo os Comandantes estão dando aos seus subordinados, senão o de que o militar não deve cumprir ordens superiores, mesmo que para defender sua pátria de agressões internas ou externas, porque estará correndo o risco de ser um possível e novo Coronel Ustra, entregue aos revanchistas por quem cabe por direito e obrigação defendê-lo? É o incentivo ao descumprimento de ordens superiores. É o incentivo ao crime militar. Que decepção! Ainda bem que os homens passam e o Exército Brasileiro vai permanecer, embora o atual governo esteja fazendo de tudo para transformá-lo em guarda nacional. Tudo isto é, no mínimo, paradoxal.    
Entendo que nós, verdadeiramente democratas, civis e militares patriotas, já não podemos continuar apenas trocando e-mail.Temos que comparecer diante de nossos representantes, estejam eles na Caserna, no Congresso, na Justiça e em outros setores e exigirmos posicionamentos claros e precisos. Não se trata de fazer nenhuma revolução. Trata-se, isto sim, de mostrarmos aos nossos representantes(militares e civis) que eles estão nos cargos para, por intermédio de palavras e ações, defenderem as Forças Armadas, defenderem o Congresso Nacional, a Justiça e a Nação, nunca interesses particulares como vem ocorrendo no atual momento político brasileiro. E vejam bem. Não confundamos patriotismo com militarismo ou com torcida da Seleção Brasileira em Copa do Mundo. Escrevo para aqueles que são patriotas em qualquer situação e a qualquer preço.  
 Em verdade, os terroristas e guerrilheiros de ontem estão criando uma nova Memória Nacional que está sendo apresentada  para os mais jovens e que talvez venha prevalecer em lugar da verdadeira que está praticamente esquecida.     
Ou vamos agir como cidadãos, ainda mais presentes, no que diz respeito às causas da democracia, diferentemente do que temos feito até agora, ou seremos queimados na fogueira  da nossa vergonhosa apatia e silêncio que só é quebrado por intermédio de e-mail. Está na hora de ultrapassarmos este estágio.     
Finalmente deixo algumas questões para reflexão: 
   - Quando alguém declara que não foi preciso estudar para tornar-se Presidente da República, que argumentos estamos utilizando hoje para  estimularmos nossos jovens a estudar?  
   - Se um militar é acusado, julgado, execrado por ter cumprido ordens superiores, cumprido com o seu dever, colocado a sua vida a serviço da Pátria, sem ser agora defendido por quem deveria fazê-lo,  como manter a ordem e a disciplina na tropa se necessário?
  - Se o militar sabe hoje, por exemplo superior, que estará sozinho se tiver que responder criminalmente por atos de serviço, no cumprimento do dever, quando necessário o que será que vai acontecer? Não temos dúvidas que tudo isto é um desestímulo ao cumprimento de ordens. É este o plano do governo? O caos? A falência total das instituições, a quebra da disciplina?   
 - Quando um ex-terrorista,  ex-assaltante político e portanto ex-criminoso  de ontem, por força de uma Anistia que lhe foi concedida  torna-se autoridade governamental e recebe majestosas quantias de indenização( dinheiro do contribuinte já tão esquecido e enfraquecido)  por alegar ter sofrido pretensa tortura, maus tratos e etc, pergunta-se:    
  - Quem o obrigou a ser terrorista? Quem obriga quem a ser marginal?  
                           - Em que lugar do planeta Terra se trata ex-terrorista a pão-de-ló, exceto atualmente  no Brasil?   
   - Se os terroristas de ontem tinham uma causa que julgavam justa, as Forças Armadas tinham uma que considera-se NOBRE, ou seja, a defesa, a qualquer preço, da Pátria, das Instituições, da Liberdade, da ordem. Seus representantes não estavam lá por opção; estavam cumprindo seu dever, oferecendo-se em sacrifício para que a ORDEM vigente fosse preservada.    
Já refletiram sobre o fato de que a moda está pegando?   
 Neste momento, criminosos que estão enjaulados nas Penitenciárias de Segurança Máxima não são inimigos ideológicos, mas são inimigos, sociais e públicos da Nação. Se, de repente, os “ventos” mudarem poderão virar heróis, ministros, mártires e milionários porque, certamente, o Estado pagar-lhes-á polpudas indenizações por suas “perdas”.   
 Qual é a diferença?   
Quais os valores que às famílias dos militares, dos policiais militares,  policiais civis e simplesmente civis mortos  em atentados ideológicos realizados por estes que hoje se dizem inocentes receberam de indenizações até hoje do Estado? Esta é uma pergunta que não quer calar. Que Estado é este?  
A CONTRARREVOLUÇÃO DE 1964, jamais será esquecida pois como declarou o Presidente Castello Branco em seu discurso de 21/04/1964, ela não se fêz para manter privilégios de quem quer que seja, mas para em nome do povo, e em seu favor, democratizar os benefícios do desenvolvimento e da civilização.

Porque a intervenção militar foi necessária.

Porque a intervenção militar foi necessária.
31 de Março de 1964 – A contra-revolução democrática
Por Alessandro Barreta Garcia
Nada mais falso do que afirmar que a esquerda brasileira lutou por democracia. Nunca lutaram, e continuam não lutando. Vamos aos fatos. As características do comunismo mundial são muito claras, Brown (2012) as apresenta da seguinte forma, elas são; políticas, econômicas e hoje, especialmente ideológicas. Na política destacam-se o monopólio dos ministérios, polícia e forças armadas ou todas as instituições, a serem controladas pelo partido. Havendo também, o chamado centralismo, onde se discutia o que deveria ser feito e a partir dessa discussão chegava-se a uma conformidade, dessa, a disciplina e a sujeição às ordens por todo partido era uma condição inquestionável (principio do totalitarismo).
Na econômica desenvolvia-se uma oposição a economia de mercado, com exceções na agricultura e em algumas atividades econômicas. A grande predominância do mercado não agrícola era especificamente estatal, portanto uma economia de comando, ou seja, de cima para baixo, e não do mercado consumidor e fornecedor para a produção.

A categoria ideológica era fundamental para alimentar o sonho comunista, sempre baseado na crença, inspiração e na motivação. Deste sonho utópico as desgraças iam ocorrendo, e o povo sempre com aquela velha convicção de que tudo um dia iria melhorar acreditava piamente neste nefasto regime. Tentando sempre justificar a realidade contraditória de paraíso, com um ideário ainda a ser completado, o objetivo nunca era efetivamente alcançado. O abandono destas convicções era irremediavelmente uma tragédia para a continuidade do sonho inalcançável do comunismo. Em síntese, uma consciência internacional alimentando ideologicamente o partido era fator indispensável para nutrir as massas ignorantes e úteis ao partido.
 
Na luta de classes ocorrida em toda a história, burguesia e proletariado sintetizam a luta em nosso tempo. Para por fim a burguesia, o proletário teria de pegar em armas, essas produzidas pelos próprios burgueses, e usá-las conta eles. Por meio da violência revolucionária, o proletariado é a antítese do burguês no qual é a tese.  Como síntese, o comunismo teria de ocorrer sem estado, classes, trabalho alienado e propriedade. Antes disso, se faz necessário a ditadura do proletariado.
 
Nesse sentido Paim (2005):
Lenine lembra e enfatiza que Marx, reiteradamente, atribuiu à violência o papel de parteira da história, como escreve, citando Engels, "ela é a parteira de qualquer sociedade velha que transporta uma nova sociedade nas entranhas; ela é o instrumento em virtude do qual o movimento social domina e estilhaça as formas políticas petrificadas e mortas." (PAIM, 2005, p.65).
 
Isto, posto, o totalitarismo do proletariado comunista é notadamente violento, antidemocrático e contrário a qualquer lei dos direitos humanos. Para os comunistas não existe a possibilidade de substituir a burguesia pelo proletariado sem eliminar a primeira. A luta de classes, portanto eliminaria totalmente a classe oponente, e qualquer oposição era sinônima de correção por meio do terror. Minha pergunta é. Era isso que o Brasil queria? A resposta é não.
 
Para Bueno (2010), a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, mobilização em favor da democracia e da contra-revolução militar. A marcha para impedir o comunismo no Brasil foi impressionantemente maior que os movimentos sindicais. Uma mobilização de 500 mil pessoas. Todos pela contra-revolução democrática. No dia 2 de abril de 1964, 1 milhão de pessoas saldava o regime militar. Era “A marcha da vitória”.
 
Por que a intervenção militar foi necessária?
 
Segundo Gorender (2003) no inicio dos anos 60 as reformas de base esboçavam o prenúncio de uma pré-revolução da esquerda. Nessa época, precisamente em 1962, Amazonas, Grabois e Pomar articulam o que para eles seria o verdadeiro partido comunista, o PC do B (Partido Comunista do Brasil).  Separando-se do PCB (Partido Comunista Brasileiro) anteriormente chamado de PCB (Partido Comunista do Brasil), o PC do B surgia como o verdadeiro partido dos proletariados. Sua tarefa seria impor imediatamente o anti-imperialismo, alinhando-se ao partido comunista da China, Grabois enaltecia Mao Tse-tung.
 
Para Rollemberg (2001):
 
Cuba apoiou concretamente os brasileiros em três momentos diferentes. O primeiro, como disse, foi anterior ao golpe civil-militar. Nesse momento, o contato do governo cubano era com as Ligas Camponesas. Após a instauração do novo regime e, desarticulada as Ligas, o apoio cubano foi dado ao grupo liderado por Leonel Brizola, composto de outras lideranças dos movimentos sociais do período pré- 1964, tendo como base os sargentos e marinheiros expulsos das Forças Armadas. A partir de 1967, desmobilizadas as tentativas de implantação da guerrilha ligadas a este grupo, Carlos Marighella, presente na Conferência da OLAS, surgiu, para os cubanos, como o grande nome da revolução no Brasil. Daí até o início dos 1970, Cuba treinou guerrilheiros de organizações de vanguarda que seguram o caminho da luta armada, principalmente, da ALN, da VRP e do MR-8 (ROLLEMBERG, 2001, p. 19-20)[1].
 
            Em busca de uma reforma agrária, em oposição à industrialização e predomínio do estado no curso do desenvolvimento econômico brasileiro, nos anos de 1955 já era possível observar o desenvolvimento das Ligas Camponesas.  Francisco Julião foi o idealizador da época. Dessa forma: “Seu lema era levar “justiça ao campo” através da reforma agrária, “na lei ou na marra”, o que implicava em invasões de propriedades rurais, criando um clima de terror em parte da elite brasileira” (PRIORE e VENANCIO, 2010, p.273). Nesse clima de terror pelo qual antecedia a contra-revolução de 1964, o Brasil se encontrava com o perigo de uma revolução do proletariado, esta que certamente tomaria o caminho das revoluções típicas da mentalidade comunista internacional. O Brasil com os militares afastava-se do terror da URSS, China e Cuba, só para citar alguns.
 
            Parabéns guerreiros. Uma singela homenagem àqueles que foram os verdadeiros guardiões de nossa democracia, bem como do estado de direito, este pelo qual gozamos por enquanto. Salve 31 de março de 1964, uma data de comemoração e de reflexão a caminho da eterna anulação do comunismo. O regime do ódio, das mortes e do terror.
 
 
REFERÊNCIAS
BROWN, A. Ascensão e queda do comunismo. Tradução de Bruno Casotti. – 2ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2012.
BUENO, E. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010.
GORENDER, J. Combate nas trevas. A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 5a edição. São Paulo, Ática, 1998.
PAIM, A. Avaliação do marxismo e descendência. Lisboa, 2005. http://www.institutodehumanidades.com.br/arquivos/avaliacao_do_marxismo%20_1_.pdf
PRIORE, M, VENANCIO, R. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.
ROLLEMBERG, D. O apoio de Cuba à luta armada no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 2001.
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[1] ALN (refere-se à Ação Libertadora Nacional), VRP (Vanguarda Popular Revolucionária) e MR-8 (Movimento Revolucionário – 8 de Outubro).
 

Porque houve 1964

A pesquisa da jornalista Cristiane Costa apresenta uma visão das ações de João Goulart colhida dos jornais a demonstrar o anseio da Nação para colocar um freio na célere caminhada para a ruptura institucional. A verdade que o governo atual tenta distorcer através de coordenada campanha nacional, a criar comissões para perseguir quem livrou o país do comunismo com o Movimento de 31 de março que teve total apoio da sociedade.

No Correio da Manhã/Rio, do dia 31, ao expressar condoído: “O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!”.  No dia seguinte em uníssono com os brasileiros, “FORA!”, “Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!”. 

O Jornal do Brasil proclama: “Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade… Legalidade que o caudilho não quis preservar... A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas... Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.”.

“... legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.” (Estado de S. Paulo).  “Multidões em júbilo na Praça da Liberdade... em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia...  para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas... uma das maiores massas humanas já vistas na cidade.” (O Estado de Minas).
 
O Dia/Rio: “A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas...”; a Tribuna da Imprensa/Rio: “Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr. João Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas.”.
 
“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”… “atendendo aos anseios nacionais de paz, tranquilidade e progresso… as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal”. (O Globo/Rio).
 
Correio da Manhã: “Lacerda anuncia volta do país à democracia.” O Povo, de Fortaleza: “A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz... assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. “Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos... souberam unir-se todos os patriotas...  para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem... a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a âncora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições... diante da Nação horrorizada.” (O Globo). “Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos”… “Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.” (Estado de Minas).
 
“A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista” (O Globo). “Milhares de pessoas compareceram... o ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. (Correio Braziliense). “Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento”  (A Razão, Santa Maria/ RS).
 
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações... Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações...”. (Jornal do Brasil, 31/03/1973).
 
Julgamento da Revolução, O Globo, 7/10/1984: “Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.”.
 
A subversão está no Partido Comunista de Luiz Carlos Prestes, mentor da Intentona de 1935 que se instala no governo Goulart para derrubá-lo. O resumo acima demonstra o insucesso de mais essa tentativa, repetida na luta armada do terrorismo e guerrilha nas décadas de 60/70. Os nomes das facções arrancam as máscaras de integrantes do governo e da comissão meia-verdade quando defendem os terroristas e as “puras intenções democráticas” que os motivaram para a luta armada: Partido Comunista Revolucionário; Vanguarda Popular Revolucionária; Ação Popular Marxista Leninista; Fração Bolchevique Trotskista; Marx, Mao, Marighela, Guevara (M3G); Partido Operário Revolucionário Trotskista...   
 

Manifesto da Academia Brasileira de Defesa,

Manifesto da Academia Brasileira de Defesa,
Manifesto da Academia Brasileira de Defesa, em comemoração da data nacional de 31 de Março de 1964.
Presidente   
ACADEMIA BRASILEIRA DE DEFESA 
Pro Patria  
Prof.ª Dr.ª Aileda de Mattos Oliveira -Alte.-Esq. Alfredo Karam -Cel. Aer. Antônio Celente Videira - Prof. Antoniolavo Brion -Jorn. Aristóteles Drummond  - Gen.-Ex. Carlos Alberto Pinto Silva - Prof. Dr. Denis Lerrer Rosenfield - Dr. Emílio A. Souza Aguiar Nina Ribeiro – Gen Div. Francisco Batista Torres de Melo - Prof. Dr. Francisco Martins de Souza - Cel. Ex. Gelio Augusto Barbosa Fregapani - Dr. Gustavo Miguez de Mello-  Dr. Herman Glanz - Maj.-Brig. Hugo de Oliveira Piva - Vice-Alte. Ibsen de Gusmão Câmara - Ten.-Brig. Ivan Moacyr da Frota - Prof. Dr. Ives Gandra da Silva Martins - Dep. Fed. Jair Messias Bolsonaro - Prof. Dr. João Ricardo Carneiro Moderno - Sen. José Bernardo Cabral - Dr. Luciano Saldanha Coelho - Cel.-Av.Luís Mauro Ferreira Gomes - Gen.-Ex. Luiz Cesário da Silveira Filho - Gen.-Ex. Luiz Gonzaga Schroeder Lessa - Econ. Marcos Coimbra - Emb. Marcos Henrique Camillo Côrtes - Prof.ª Dr.ª Maria Helena de Amorim Wesley -Prof.ª Dr.ª Mina Seinfeld de Caracushansky - Ten.-Brig. Octávio Júlio Moreira Lima ✝ - Vice-Alte. Othon Luiz Pereira da Silva  - Dr. Paulo Antônio Uebel - Gen.-Ex. Paulo Cesar de Castro - Ten.-Brig. Reginaldo dos Santos - Gen.-Ex. Rubens Bayma Denys - Desemb. Semy Glanz- Ten. R/2 Sérgio Pinto Monteiro-  Vice.-Alte. Sérgio Tasso Vasquez de Aquino - Maj.-   Brig.  Umberto de Campos Carvalho Netto –    
 31 DE MARÇO DE 1964    
VAMOS COMEMORAR, SIM! 
NÓS E O POVO BRASILEIRO!  


   Vamos comemorar, sempre, esta data    histórica para o Brasil, por todos os benefícios que ela nos proporcionou:     
 •  A libertação de uma  ideologia política totalitária,sectária e pagã;  
•  A fantástica média de 7,5% da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (a maior da História);   
•  A redução da corrupção pública a níveis desprezíveis; 
•  As grandes obras de infra-estrutura:   o  As hidroelétricas de Itaipu e de Sobradinho;    o  A Siderúrgica Açominas e a Ferrovia do Aço;    o  A Ponte Presidente Costa e Silva  (Rio-Niterói);      os  Metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro;   
 - modernização das Telecomunicações;   
 -   Os portos de Suape e de Paranaguá;
 - A rodovia transazmazonica
  _A implantação estratégica dos  Pelotões de     Fronteira na Região Amazônica;
 - A instalação e o desenvolvimento das Indústrias de Material Bélico e  Aeroespacial,  tais  como    ENGESA e EMBRAER;      
- A criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e do Banco Nacional da Habitação;      
  A radical Reforma da Educação;     o  A implantação do Projeto Rondon;     
  A unificação dos Institutos de Previdência,  e  tantas outras obras importantes.    
  Não é por outra razão  que  os brasileiros consideram as  suas Forças Armadas as instituições de maior credibilidade do País.   
VAMOS LAMENTAR, SIM! NÓS E O POVO BRASILEIRO!    
Vamos lamentar os desmandos havidos depois de encerrado o ciclo iniciado em 1964, entre outros:    
. A comprovação da  corrupção generalizada  de membros do governo anterior, punidos pelo Supremo Tribunal Federal, no triste processo dos “mensaleiros”;
 •  A demissão de inúmeros Ministros do atual governo, acusados de corrupção;      
•  A reinvenção do racismo e a oficialização do preconceito racial;   
•  A  “falência ”  da Petrobras, a  mentira do Pré- Sal  e a submissa  entrega da refinaria na Bolívia ;   
•  A degradação  do Parque Industrial e a volta à posição de exportador  de “commodities”;  
  •  O desmonte da Indústria Bélica e o conseqüente retorno à condição de simples impor-tador de equipamentos militares;   
•  O ressurgimento dos apagões, com a de terioração  do Sistema Nacional de Energia Elétrica;     
•  O aviltamento  do  Ensino Público, como  pretexto  para instituição de  cotas raciais, inconstitucionais, além de imorais;    
•  A decadência do Serviço de Saúde Pública, obrigando (os que podem) à contratação de dispendiosos planos de saúde;   
•  O fracasso da obra de transposição do Rio São Francisco;     •  A injustificável  incompetência administrativa,  que  retarda  a conclusão da  Hidrelé-trica de Belo Monte;    
•  A satanização das Forças Armadas e a manutenção de níveis ultrajantes de remune-ração da tropa como Programas de Governo, mais uma vez explicitadas com a criação da chamada  Comissão Nacional da Verdade  e com a recente concessão dos  ínfimos valores de reajuste dos soldos, a fim de enfraquecê-las e dissuadi-las de adotar qualquer reação aos absurdos que têm sido perpetrados contra o Povo Brasileiro;  
•  Dispêndio de  grandes somas do dinheiro público  para sustentar e estimular a indolência de milhões de brasileiros por meio da concessão de humilhantes “bolsas-esmola”, com o objetivo de comprar a adesão de grande parcela do eleitorado nacional, garantindo, assim, o sucesso em suas eleições fraudulentas.        
Este é, infelizmente, o quadro atual da condição do Brasil, que “festeja”, neste ano, a portentosa          marca de 0,5% de crescimento do PIB nacional e o 38º lugar no mundo, ostentando, ainda,  os últi-mos lugares do crescimento do PIB nos países sul-americanos. Tal situação os remete aos idos de 1960, quando o descalabro, a incopetência e a corrupção governamentais, inspirados por ideologias alheias às nossas tradições levaram o povo brasileiro ás ruas em busca do amparo das Forças Armadas para reconduzir aos trilhos da decência e da responsabilidade pública.
- POR TUDO ISSO, E POR MUITAS OUTRAS RAZÕES MAIS, O POVO BRASILEIRO   
  - PRECISA LEMBRAR E COMEMORAR, SEMPRE, COM SAUDADE E ESPERANÇA, O DIA  - 31 DE MARÇO DE 1964.   
-É assim, pois, que louvamos este quadragésimo nono aniversário do movimento redentor que    -salvou o Brasil da escravidão de um governo extremado e das arbitrariedades totalitárias de um partido  -único, poupando, certamente,  da morte nos paredões, milhares, talvez milhões, de cidadãos brasileiros. 
-VIVA O MOVIMENTO VITORIOSO DE 31 DE MARÇO DE 1964!  
  Rio de janeiro, 31 de março de 2013  
Ivan Frota
Presidente

Sobre dores e alegrias

Sobre dores e alegrias - IVES GANDRA MARTINS FILHO

CORREIO BRAZILIENSE -
Num domingo de Páscoa, passado o sofrimento da Paixão de Cristo, recordado nas cerimônias da semana santa, o contraste entre a dor do início e a alegria do final é matéria de reflexão, pois o alternar de dias "fas" e "nefas", alguns de angústia profunda e outros de euforia contagiante, parece ser característico da condição humana. O romance de G. K.Chesterton (1874-1936) O homem que foi quinta-feira, de 1908, pode servir de fio condutor para essa reflexão, na linha do estudo feito sobre a obra por Ian Boyd (Revista Communio, junho 2009).

Gabriel Syme, o personagem central, alista-se no serviço secreto de combate ao anarquismo, infiltrando-se na principal organização anarquista mundial, comandada por conselho também secreto, formado por pessoas que levam o nome dos 7 dias da semana, cabendo-lhe a quinta-feira.

Ao passar pelas aventuras mais inverossímeis, as perseguições mais
estressantes e sofrimentos atrozes, revolta-se contra quem comanda as duas organizações. Após um dos membros do conselho perguntar ao misterioso Domingo, com a simplicidade de um menino, "por que fui tão maltratado", Syme também questiona o chefe: "E o senhor? Já sofreu alguma vez?"

Em todo o livro, a única citação bíblica é dada nesse momento pelo Domingo: "Ouviu-se uma voz distante recitar um lugar-comum ouvido antes nalguma parte: Podes beber na mesma taça em que eu bebo?"

Syme acaba por intuir a explicação de todos esses sofrimentos e angústias, de todas as suas aventuras, ao fim das quais não sabia de que lado realmente estava. E brada no conselho dos dias: "Mas escutem! Vou lhes dizer qual é o segredo do mundo. É que, do mundo, só conhecemos as costas. Tudo é visto por trás, e isso é brutal... Não veem que tudo está voltado de costas e esconde o rosto? Se pudéssemos dar a volta e ficar de frente..."

Chesterton nos quer dizer, não só nesse romance metafórico, mas em toda a extensa obra da qual Ortodoxia, publicado no mesmo ano de 1908, é a joia suprema, que a vida só se compreende numa perspectiva criacionista, de um Deus que fez tudo benfeito, mas deu liberdade às criaturas racionais como única forma de saber se O amavam. E o mau uso da liberdade levou à desordem universal, de cujos efeitos todos nós padecemos.

No capítulo "A moral do país das fadas", de Ortodoxia, Chesterton enuncia seu "princípio da felicidade condicional": tudo nos é permitido, desde que aceitemos a única coisa que nos é vedada. O mistério das limitações morais não é maior do que o mistério da própria Criação, fantástica e estonteante em suas maravilhas. Nesse sentido, imagina um diálogo surrealista entre Cinderela e a fada madrinha:

Por que tenho que voltar à meia-noite?, questiona-se Cinderela, como petulante adolescente.

Então me responda primeiro porque podes ficar lá até a meia-noite?

 Se a dádiva da carruagem, vestidos, cavalos e cocheiros é fantástica e não questionada, a condição para recebê-los não será menos incompreensível. Mas existe. E, se a condição é quebrada, o mundo vira de pernas para o ar...

Só um Deus para consertar tudo isso, vindo participar das vicissitudes humanas, sofrendo mais do que todos e resgatando o que havia se perdido. É o Domingo, Senhor que promove o bem e permite o mal para dele tirar um bem maior. Em geral, os romances e novelas mais cativantes são os mais dramáticos.

Chesterton dirá que, se a vida é um pesadelo (A nigthmare é o subtítulo do The man who was Thursday), é um pesadelo agradável. Quaisquer que sejam os sofrimentos, eles são incidentais. É o otimismo visceral de quem vê o mundo em perspectiva cristã, no qual se abraça a cruz de cada dia com bom humor à prova de bomba.

Assim, se do mundo só conhecemos as costas, pois a face de Deus nos está oculta, podemos clamar: "Senhor, quero ver o teu rosto", mas não sem antes responder que "podemos" e queremos acompanhá-lo ao beber o cálice da dor. Voltamos, desse modo, à paradoxal alegria chestertoniana, que nos faz recuperar, purificadas, todas as coisas, tendo começado por correicionar a nós mesmos.

O assunto do dia

O assunto do dia - DANUZA LEÃO

FOLHA DE SP -
Assim é essa PEC; imperfeita, e dando pânico de contratar uma nova funcionária


Quem sempre teve uma relação correta com sua empregada está tranquilo. Afinal, férias, 13º, INSS, são coisas que nem precisariam de lei para existir, e além de serem justas, fazem com que as relações entre empregada/empregador sejam amenas e pacíficas, o que torna a vida melhor para todos.

Mas nenhuma lei é perfeita, vide a proibição de dirigir depois de beber; se é possível se recusar a fazer o teste, que lei é essa?

Uma das coisas mal resolvidas é a carga horária. A ideia é que sejam até 44 horas semanais, praticamente nove horas de trabalho de segunda a sexta, o que é demais para qualquer mortal, já que esse trabalho é, na maior parte das vezes, físico, e descansar uma hora, no meio do expediente, como, onde? Na sala, vendo TV?

Por outro lado, não há quem precise de uma doméstica tantas horas seguidas, a não ser uma família com pai, mãe e quatro filhos, em que ninguém arruma sua cama, as roupas são largadas pelo chão, cada um almoça e janta na hora que quer, e aí nem as nove horas diárias vão ser suficientes. Já pensou, explicar aos adolescentes -e seus amigos, já que eles só andam em turma- que não dá para pedir vários lanchinhos várias vezes por dia?

Por tudo isso e mais alguma coisa, acho que esqueceram de falar, nessa nova lei, da remuneração por hora de trabalho. Afinal, o horário de uma diarista varia: existem as que trabalham duas horas, três, quatro ou cinco -e outras, nove.

Os que moram em apartamentos grandes vão precisar de uma empregada em tempo integral e vão pagar por isso; mas para quem vive num quarto e sala, duas horas de trabalho, duas vezes por semana, são mais do que suficientes.

É claro que o preço para duas horas não é o mesmo que para nove, e quem tem um emprego de duas horas, duas vezes por semana, pode perfeitamente ter mais dois ou três (empregos).

E mais: se o empregador tiver que pagar auxílio-creche, auxílio-colégio, salário família e estabilidade em caso de gravidez, então só sendo milionário para poder ter uma empregada. Aliás, só pra saber: se for estipulado o preço da hora de trabalho, o preço vai ser o mesmo para quem mora em Caxias e o quem tem uma cobertura com piscina na Delfim Moreira? Só pra saber.

Tenho passado as noites em claro, apavorada, já que sou totalmente dependente de uma ajuda doméstica. Já tive vários tipos de vida, desde morar em apartamento grande e ter três empregadas, a um pequeno conjugado onde alguém vinha uma vez por semana dar aquele toque de talento que Deus não me deu.

Que felicidade, entrar numa casa, seja ela imensa ou mínima, e sentir que por ali passou uma abençoada mão de fada. Eu troco essa ajuda por qualquer vestido, qualquer carro, qualquer viagem, qualquer joia, porque para mim esse é o maior dos luxos: uma casa bem arrumada e cheirosa.

E espero que as novas leis me permitam, sempre, pagar o que merece a dona desse talento, que para mim vale ouro. Mas a partir de agora vou prestar atenção e contratar mães de filhos já crescidos, até porque em qualquer lugar do mundo a obrigação de dar creche e colégio é do governo.

Assim é essa PEC; imperfeita, e dando pânico de contratar uma nova funcionária. E se não der certo? Demitir vai sair tão caro que trabalhar como arrumadeira será praticamente ter estabilidade no emprego, como os funcionários públicos; e demissão, praticamente, só por justa causa.

Aliás, o que é que caracteriza a justa causa? As empregadoras não sabem, mas pergunte a qualquer candidata a um emprego doméstico; todas elas sabem, na ponta da língua, o que não podem fazer, para não correrem o risco de uma justa causa.

É curioso o mundo moderno: um marido pode ser dispensado por incompatibilidade de gênios, e uma empregada doméstica não.

Por que o homem é galinha?

Por que o homem é galinha? - WALCYR CARRASCO

REVISTA ÉPOCA
 O homem quer é um harém. Sua educação segue o modelo apache - quanto mais escalpos, melhor
Tenho um amigo que foi casado por quatro anos. É ator, embora não famoso. Aprontava. Nas viagens de um espetáculo em que atuava, fazia a festa com as colegas de elenco. O casamento entrou em crise. A mulher quis ter um filho. Ele se recusou, sob o argumento de que o momento não era apropriado. Pretendia investir na carreira de ator, entrar para a televisão. Ela se separou. Voltou a se relacionar com um antigo namorado. Em dois meses, estava grávida. O garoto já nasceu, e seu novo casamento continua sólido. Meu amigo se lamenta até hoje. Sente-se traído: - Como ela pôde gostar de outro tão depressa? Pura frustração. Sabe perfeitamente que o culpado foi ele. Primeiro, por sair com outras em todas as oportunidades. Segundo, por se negar a ter um filho em função de seus objetivos pessoais, sem oferecer espaço para um projeto em comum do casal. Sofre até hoje, mas não mudou de atitude. Nem quer mais um relacionamento, só transas eventuais. Se a garota telefona nos dias seguintes, não dá conversa. Faz de tudo para não se envolver.
Meu amigo segue o padrão de comportamento masculino tradicional. Espera-se que um homem conquiste muitas mulheres. É um modelo pré-histórico, quando o troglodita simplesmente arrebatava a fêmea. Ou, como aconteceu em várias civilizações, quando os sultões montavam haréns. As coitadas passavam o tempo brigando e tratavam de ficar belas para atrair a atenção do poderoso. Montar um harém, eis o desejo masculino. A figura do marinheiro que tinha uma mulher em cada porto ainda preenche a imaginação. Ou melhor, a lendária figura de Don Juan, para quem toda mulher é objeto de desfrute.
A educação de um garoto segue o modelo apache: quantos mais escalpos, melhor. O menino é ensinado a conquistar, sem dar atenção aos sentimentos alheios. Isso é tão forte na formação de um homem que, muitas vezes, o padrão permanece, mesmo que o sujeito tenha orientação sexual diferente. Amigos gays já me contaram, triunfantes, suas relações rápidas em saunas e baladas. Em 1998, o cantor George Michael, no auge do sucesso, foi preso por atentado ao pudor num banheiro público. Existe lugar menos romântico que um banheiro público? lésbicas procuram um relacionamento estável. Segundo uma piada, duas lésbicas se conhecem numa noite e, no dia seguinte, uma leva a mala para a casa da outra. E dois gays... que dia seguinte? Sei que os heterossexuais se assustarão com a comparação.
Mas é o que digo: homens são incentivados a ser galinhas. Boa parte segue essa trilha ao longo da vida. Muitos se sentem mais satisfeitos em fazer alarde de sua última conquista tomando cerveja com a turma do que com qualquer outra coisa. É uma reunião de pavões abrindo as caudas, em que cada um fala da mulher com quem saiu.
- Tive de usar a maior lábia, mas rolou.
- No início ela era difícil, mas sou bom nesse negócio. Adoram se fazer de difíceis:
- Ela tá pegando no meu pé, mas não tou a fim.
- Não gosto de mulher que corre atrás.
Muitos se orgulham de não assumir compromissos:
- Quero minha liberdade.
- Não gosto de cobrança.
Como se fosse possível ter um relacionamento em que um faz o que quer, sem que a outra metade tenha direito de reclamar.
Galinhas, tenho uma má notícia! A mulher está dando a contrapartida. Mulher galinha sempre existiu, é claro. Mas era malvista. As amigas falavam mal. Muitas preferiam nem se relacionar com alguma conhecida que adotasse esse comportamento. Hoje não. Já conheci duas garotas que vão a baladas para "pegar" algum homem. Se interessadas, dão em cima. Conquistam. Até fiquei chocado, quando soube que uma delas às vezes sai com um, vai para o motel. Depois, volta para a balada e agarra outro. Não, não é profissional do sexo. Sente-se tranquila em contar para as amigas.
- Peguei aquele lá.
Não quer saber de compromisso - como muitas de suas amigas. Nem pensa em ter filhos tão cedo. Se o rapaz liga no dia seguinte, diz que está ocupada. Estar junto se torna algo ainda mais eventual.
Sempre achei que o homem galinha trata a mulher com falta de dignidade. O surgimento da mulher que vai à luta consolida a liberação feminina. Na minha opinião, está longe de ser um avanço. Fugir de relacionamentos não torna a pessoa excessivamente superficial? A emoção pra valer, o coração que bate mais forte, cadê?
Amar, dividir a vida, ainda é o melhor que pode acontecer com uma pessoa.

Eles querem mais

Eles querem mais - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA

CORREIO BRAZILIENSE -
Tenho certa dificuldade de acreditar em Lula, desde que ele disse em cadeia nacional de televisão que o PT devia desculpas ao país pela lambança do mensalão - e o partido nunca a pediu. Mais tarde, já livre de um possível impeachment, ele mudou de ideia. Negou que houvesse desvio de dinheiro público para distribuir a parlamentares da base aliada e passou a advogar a tese de que tudo não passava de caixa dois. E não foi só.
Lula também mudou de opinião - que não era nada boa - sobre Sarney, Collor, Maluf. E aquela radical transformação ética que prometia para a política, antes de chegar ao Planalto, também foi pro saco. Ou pior: saiu às avessas. Nunca antes na história deste país, um homofóbico comandou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e condenados por corrupção deram as cartas na Comissão de Constituição e Justiça. E tudo com a bênção petista.

Esta semana, falando a empresários - que já não o temem, agora o financiam -, o ex-presidente veio com esta: defendeu que o financiamento privado de campanhas eleitorais se torne crime inafiançável. Em seguida: tchan, tchan, tchan, tchan! Ele apontou de onde sairia a bufunfa: dos cofres públicos, claro. Ou seja: em vez de servir para melhorar o ensino e a saúde, por exemplo, o dinheiro dos impostos, que tão sofridamente pagamos, serão usados para financiar o show de cinismo em que se transformaram as campanhas, sobretudo o horário eleitoral. É isto: a gente será compulsoriamente obrigada a pagar para ouvir marionetes de marqueteiros nos fazerem promessas que quase nunca são cumpridas.

Por isso, defendo, o único financiamento permitido seria o de pessoas físicas. E com limite de valor. O voto em parlamentares, claro, seria distrital - no máximo, distrital misto. Nesse caso, eu, você e qualquer outro cidadão só faríamos doação para a campanha de candidatos conhecidos pela comunidade e em que acreditássemos. Imagine quantos desses que estão aí no Congresso fariam você pôr a mão no bolso para ajudar a elegê-los outra vez! Sou intransigentemente contra o financiamento de campanha eleitoral com dinheiro público e também com o de empresas privadas.

Ora, de uma forma ou de outra, a grana acaba mesmo é saindo do nosso bolso, via superfaturamento de obras ou outras maracutaias mil em licitações com o Estado. Por isso, eu iria além na proposta de Lula: que essas duas modalidades de doação a políticos e também o assalto ao erário sejam transformados em crimes inafiançáveis e punidos com rigor. No mais leve dos delitos, o bandido seria condenado a devolver os recursos afanados e a cumprir uma pena de, no mínimo, 10 anos em regime fechado.

A tragédia da incompetência

A tragédia da incompetência
Ruth de Aquino
Ruth de Aquino é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br
Não importa mais o total de mortos na “tragédia” da serra do Rio de Janeiro. Não é insensibilidade. Numa semana de histórias lacrimejantes, de perdas e heróis, não basta lamentar o destino de milhares de famílias à beira de abismos. Não posso comemorar que milhões ou bilhões serão gastos para recuperar encostas e reassentar desabrigados. Engrossar correntes de solidariedade não resolve. Porque não acredito mais. A sociedade não acredita mais. 

 No bolso de quem vão parar as verbas liberadas após enchentes, diante do rosto compungido das autoridades? O prefeito de Teresópolis foi cassado por desvio. Quantos outros não roubaram dos que nada têm, dos que perderam tudo? Eu queria ver o governador do Rio de Janeiro e os prefeitos do Rio, de Petrópolis, Teresópolis e Friburgo submetidos a multa e julgamento. Por omissão e negligência criminosas. Não há prestação de contas detalhada, não há transparência no gasto das verbas de emergência. Não há pressa. Uma hora a casa cai. 
O que aconteceu na serra fluminense é um escândalo muito maior que o da boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, embora o número de mortos seja inferior. Na hora do aguaceiro, não há portas de saída para quem vive em barraco em área de risco, não há bombeiro que dê jeito. Há sorte ou azar. Os sinalizadores da natureza matam crianças, velhos, fortes, fracos. O fogo da boate Kiss provocou maior repercussão pelo inusitado e por suas centenas de vítimas jovens de classe média e alta. As enchentes do verão são tão previsíveis que provocaram calos em nossa consciência. 
Somos obrigados a ouvir a presidente Dilma Rousseff dizer, em Roma, que não houve falha no sistema de prevenção instalado em 2011 em Petrópolis? Isso é pecado, presidente. Somos obrigados a ouvir Dilma se indignar e pedir “medidas drásticas” para remoções em locais de risco? Quem é a responsável máxima pela política de habitação no Brasil? Quem tenta mudar, na planilha, nosso índice de desenvolvimento humano?
O que aconteceu na serra fluminense é um escândalo muito maior que o da boate Kiss, em Santa Maria
Se os governos disserem que essa é uma herança maldita, terão razão. Só que o governo do Rio de Janeiro está em seu segundo mandato. O governador Sérgio Cabral já enlameou os sapatos em tragédias suficientes para saber que não fez tudo o que deveria ter feito. Que chame os prefeitos à responsabilidade, que os critique quando desviarem dinheiro e estragarem doações, que lute por uma mudança em nossas leis ambientais surrealistas. 
Na raiz dos desabamentos em áreas de risco, há dados que contribuem para o 85º lugar do Brasil no IDH mundial. Um é o deficit habitacional de mais de 5 milhões de casas. Outro é a pobreza. O terceiro é a ignorância, a falta de educação. É só juntar os três com a incompetência do Estado e chegamos à fórmula da “tragédia recorrente”.
>> A desintegração nacional
lFamílias constroem em áreas de risco, não querem sair de áreas de risco e voltam a morar em áreas de risco. Ou porque não têm para onde ir ou porque o prédio construído para elas, no projeto Minha Casa Minha Vida, está com rachaduras, ameaçado de cair (é o cúmulo...). Ou porque são ignorantes e vivem em vulnerabilidade permanente. Para essas famílias, a vida em si já é um risco – ou uma bênção temporária. Se não morrer de enchente, morrerá na fila do transplante, atropelado na estrada ou de tiro, tuberculose ou diabetes.

>> A omissão que mata
A legislação ambiental não é rigorosa com os pobres. Por isso, é uma legislação assassina. Mas é kafkiana para a classe média que não paga propina e age de acordo com a lei. Um amigo arquiteto queria construir uma casa de 58 metros quadrados num lotea-mento edificado em Teresópolis, depois de pagar por 20 anos impostos para a prefeitura. Como o terreno estava a 10 quilômetros da fronteira do Parque Nacional, começou o imbróglio. A prefeitura jogou o caso para a Secretaria de Meio Ambiente, a secretaria jogou o caso para o Inea, do Estado, que mandou chamar uma engenheira florestal para catalogar com fichinhas as árvores. O mato rasteiro foi cortado à frente para a engenheira poder entrar. O arquiteto e professor foi processado por crime ambiental pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). No formulário que preencheu, uma pergunta esclarecedora: precisará do terreno para sua subsistência?

Hoje é assim no Brasil, pela lei. Se a família é sem-terra, não tem onde morar, ergue um barraco onde quiser, embaixo de pedra, na beira do precipício, em cima do rio. Desmata, põe em perigo a si mesma e aos vizinhos. É só construir um cômodo durante a noite e botar uma criança ali dentro. Na manhã seguinte, o Estado não poderá mais tirá-la dali. No próximo verão, pai, mãe e filhos podem morrer nas chuvas anunciadas pelo sistema de prevenção elogiado por Dilma. E o teatro recomeça.

Bem longe do Brasilzão

Bem longe do Brasilzão - J. R. GUZZO

REVISTA EXAME

É uma ironia que a presidente Dilma Rousseff esteja falando do Ministério dos Transportes agora. Nas conversas sobre a reforma ministerial, a última coisa em que os políticos estão pensando é em melhorar os transportes

OS BRASILEIROS TIVERAM OPORTUNIDADE DE VIVER NESTES ÚLTIMOS DIAS um dos grandes momentos de uma disciplina que poderia muito bem entrar nos currículos das nossas faculdades de economia e administração. Título: "O Brasil segundo o governo e o Brasil que existe para quem vive no mundo das realidades". No Brasil oficial, a presidente Dilma Rousseff, o copresidente Lula e a tropa toda que prospera em volta deles estavam envolvidos na tarefa, altamente estratégica, de mexer daqui para lá nos ministérios. Seus labores, nessa questão, parecem incluir a criação de mais um - isso mesmo, mais um - ministério, o que nos leva a um total de 39, pelas últimas contas, e reforça a perspectiva de atingir o sonho dourado de Dilma e da companheirada: 50 ministérios ao todo, ainda em nosso tempo. No Brasil das realidades, enquanto isso, o maior comprador de soja da China, o grupo Sunrise, anunciou o cancelamento da compra de 2 milhões de toneladas de soja brasileira (valor: 1,1 bilhão de dólares) porque dos 12 navios que deveriam entregar a soja em janeiro e fevereiro só dois chegaram à China até agora. E, em português claro, o que se chama de quebra de contrato - e, por causa disso, a Sunrise pretende cancelar o negócio inteiro.

É exatamente esse o Brasil que existe para os brasileiros. O motivo do desastre com a soja é o mesmo que estava aí dez anos atrás, quando Lula e Dilma descobriram o Brasil pela segunda vez - pura, simples e grosseira incompetência na ação do governo na área de transportes. A presidente, há algum tempo, desafiou tudo e todos: "Não herdamos nada", disse ela. Parece que também não vão legar coisa nenhuma.

Em matéria de transporte, é certo que não fizeram nada de útil se nosso ritmo de entrega de grãos está na base de dois navios atracados no porto de chegada, ante 12 que foram contratados. O Brasil de verdade não consegue, simplesmente, levar a soja colhida até os portos - principalmente o de Santos, o maior de todos eles. Há imensas quantidades de soja perdidas em Mato Grosso, pois não se sabe como tirá-las de lá. Os caminhões levam nove dias para percorrer uma distância de 2 200 quilômetros, e não há a alternativa de utilizar linhas ferroviárias - invento que está para completar 200 anos de existência, mas não foi bem entendido até hoje pelos governos brasileiros. Os caminhões que conseguem chegar ao destino formam filas apavorantes, pois a capacidade de escoamento dos portos é uma piada. A possibilidade de armazenar a soja é outra: para 180 milhões de toneladas de grãos colhidas, a capacidade atual dos silos brasileiros não chega a 150 milhões.

E uma notável ironia que justo neste momento a presidente da República esteja falando muito a respeito do Ministério dos Transportes, dentro das conversas sobre "reforma" ministerial - mas a última coisa em que ela, Lula e os políticos à sua volta estão pensando é em melhorar o que quer que seja nos transportes brasileiros. Nem sabem (e não querem ficar sabendo) que há filas de caminhões nos portos, que mais de 1 bilhão de dólares foi jogado fora nas operações de exportação de soja para a China ou que há grãos apodrecendo no pé nas áreas produtoras. Seu único e exclusivo interesse é decidir quem vai para o emprego de ministro; o tema "transporte", para todos eles, começa e acaba aí. O resto do mundo em que vivem não é melhor. O deputado Valdemar Costa Neto, atualmente condenado a sete anos e dez meses de cadeia por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, terá voz na "reforma" de Dilma, na sua condição de grão-comendador do PR? O ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, demitido por suspeitas de ladroagem, parece que está mandando de novo no pedaço. Anuncia-se a criação do Ministério das Pequenas Empresas, a última coisa neste mundo que pode servir a uma pequena empresa - seu problema não é a falta de um ministério, e sim o excesso de fiscais de todos os tipos que a extorquem dia após dia.

Este, sim, é o nosso Brasilzão.

Aprovação a Dilma mostraque o Brasil "encherga" bem

Aprovação a Dilma mostraque o Brasil "encherga" bem - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA
Moradias do programa Minha Casa Minha Vida oferecem como bônus minhas goteiras, minhas rachaduras na parede
Há uma grita injustificada no caso das provas semianalfabetas do Enem. Não dá para entender tanta indignação. Há anos o governo popular vem preparando o Brasil para a grande revolução educacional, pela qual a norma culta se norteará pelo português falado nas assembléias do PT. Como se sabe, depois de uma blitz progressista da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, livros didáticos passaram a ensinar que é certo escrever "nós pega o peixe", entre outras formulações revolucionárias. Alguns especialistas teriam argumentado que o certo seria "nós rouba o peixe", mas isso já é discussão interna deles.
Numa das redações que levaram nota máxima no Enem, o candidato escreveu "enchergar" - com "ch" em vez de "x". Não há reparo a fazer, está perfeito o critério. Depois de três anos deixando o Enem à mercê dos picaretas, pois estava muito ocupado com sua agenda eleitoreira, Haddad elegeu-se prefeito. Um fenômeno desses jamais aconteceria num país que enxerga - só num país que "encherga". Está corretíssima, portanto, a observação por parte do estudante da nova norma culta.
Os que vêem algum erro nisso não sabem acompanhar as velozes mudanças da língua, comandadas pela nova elite. O relato de Dilma Rousseff sobre seu encontro com o papa Francisco também mereceria nota máxima no Enem. Contou a presidente: "Ele estava me "dizeno" que espera uma presença grande dos jovens (na Jornada da Juventude), na medida em que ele é o primeiro papa, ele é várias coisas primeiro". Os corretores progressistas do Enem só dariam nota 1.000 a uma construção dessas porque não existe 1.001.
O novo recorde de aprovação que acaba de ser batido pelo governo e pela "presidenta" só comporta duas explicações possíveis: ou o Brasil está "enchergando" bem, ou o Brasil está "enchergano" bem. Qualquer das duas hipóteses, porém, garante imunidade total à "presidenta" (que também é várias coisas primeira). Ela pode passear de helicóptero sobre as enchentes de Petrópolis e depois pousar, como uma enviada do Vaticano, para rezar pelas vítimas. Os desabrigados de dois anos atrás na mesma região continuam sem as casas prometidas pelo governo popular. Há famílias morando em estábulos. Alguns quilômetros serra abaixo, casas oferecidas pelo governo popular para removidos de áreas de risco foram inundadas pelas últimas chuvas. Moradias do programa Minha Casa Minha Vida oferecem como bônus minhas goteiras, minhas rachaduras na parede.
O povo deve estar "enchergano" tudo isso, porque acolhe o helicóptero de Dilma como um disco voador em missão turística e reza com ela na igreja local, pedindo proteção a não se sabe quem.
A aprovação popular ao estilo governamental de Dilma é comovente. Quem distribui as verbas federais contra enchentes é o ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho - aquele que mandava cerca de 80% do dinheiro para Pernambuco, por acaso seu domicílio eleitoral. As enxurradas podem levar casas e povoados inteiros, mas nada arranca Bezerra do cargo. A cada nova intempérie, é ele quem surge para rechear os comícios chorosos de Dilma com cifras voadoras, que servem basicamente para drenar as manchetes. Ainda de Roma, a chefa suprema da nação declarara que tomará "medidas drásticas" para remover os teimosos que insistem em morar em áreas de risco. O Brasil merece isso tudo.
A população culta também está "enchergano" bem. Todos chocadíssimos, batendo panela contra o pastor acusado de homofobia - nomeado para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Quem manda na Câmara? Quem fica caçando votos dos evangélicos, distribuindo vantagens a seus líderes, como o famigerado Ministério da Pesca? "Nós pega o peixe e entrega ao pastor", reza a norma culta do governo popular. Quanto maior o rebanho, melhor a boquinha. Comissão de Direitos Humanos é troco.
Evidentemente, uma redação do Enem que enxergasse, com "x", que o Brasil e suas instituições estão emprenhados de ignorância pela indústria do populismo levaria nota zero. A revolução petista não tolera esses arroubos elitistas. Prefere receita de miojo.

Conheça o Mundo com o Presidente



Rose foi a única inscrita no Programa Conheça o Mundo com o Presidente


Entre dezembro de 2005 e novembro de 2010, Rosemary Noronha participou de 34 viagens oficiais que lhe permitiram não fazer nada, além de alegrar o presidente da República,  em 24 países distribuídos por três continentes. Durante o dia, Lula fazia discursos. Rose fazia compras ou se juntava aos ouvintes do Exterminador do Plural. A dupla só se juntava à noite. É certo que não misturavam assuntos públicos com prazeres privados, mas ninguém sabe o que conversavam. O que todo mundo sabe é o que faziam.
Confira o roteiro do Programa Conheça o Mundo com o Presidente.
2005
Dezembro – Cúpula do Mercosul, Montevidéu (Uruguai).
2006 Julho – Cúpula do Mercosul, Córdoba (Argentina).
2007 Junho – Cimeira União Europeia-Brasil, Lisboa (Portugal) Julho – Conferência Internacional de Biocombustíveis, Bruxelas (Bélgica) Novembro – Cúpula Ibero-Americana, Santiago (Chile) Dezembro – Posse da presidente Cristina Kirchner, Buenos Aires (Argentina); Visita de trabalho, Caracas (Venezuela); Declaração sobre o Corredor Bioceânico, La Paz (Bolívia); Cúpula do Mercosul, Montevidéu (Uruguai).
2008 Abril – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Acra (Gana) Maio – Cúpula da Alc-UE (Conferência de Ciência e Tecnologia), Lima (Peru) Julho – Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Lisboa (Portugal) Outubro – Visita oficial, Madri (Espanha); Cúpula Ibero-americana, São Salvador (El Salvador); Visita oficial, Havana (Cuba).
2009 Março – Cúpula América do Sul-Países Árabes, Doha (Qatar); Encontro bilateral, Paris (França) Abril – Cúpula do G-20, Londres (Inglaterra) Maio – Posse presidencial de Maurício Funes, São Salvador (El Salvador); Encontro bilateral, na Guatemala; Encontro bilateral, San José (Costa Rica) Agosto – Cúpula do Mercosul, Assunção (Paraguai) Novembro – Encontro bilateral, Caracas (Venezuela) Dezembro – Visita de Estado, Kiev (Ucrânia); Cúpula Ibero-americana, Estoril (Portugal); Visita de Estado, Berlim (Alemanha); Encontro empresarial, Hamburgo (Alemanha).
2010 Março – Cúpula da América Latina e Caribe sobre Integração e Desenvolvimento e Cúpula G-Rio, Cancún (México); Visita oficial, em Havana (Cuba); Visita oficial, São Salvador (El Salvador) Maio – Visita oficial, Moscou (Rússia); Cimeira Brasil-Portugal, Lisboa (Portugal) Novembro – Encontro bilateral, Maputo (Moçambique); Cúpula do G-20, Seul (Coreia do Sul)

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